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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Tragédia nos trilhos

Terça, 02 de abril de 2013


Na próxima segunda-feira, um sugestivo 1º de abril, a estação de ferro completa 100 anos em São Bento do Sul. Já escrevi anteriormente que, infelizmente, não há o que comemorar: o estado das nossas estações é, antes de tudo, motivo de vergonha. Por isso, a data passará batida e ninguém irá celebrar dignamente essa importante efeméride para o desenvolvimento da cidade. Já que é assim, falemos então de tragédias. Toda estrada de ferro, afinal, sempre teve as suas. Mas houve uma em especial na história de São Bento que impressiona.

Pouco antes das 8:00 do dia 5 de agosto de 1938, uma sexta-feira, um trem de carga ficou sem lenha entre as estações de Rio Natal e Rio Vermelho, mais precisamente no Km 120 da estrada de ferro. Sem pressão, a máquina parou. O maquinista mandou então dois dos seus homens até a estação de Rio Vermelho, para providenciar que de lá fosse enviada uma locomotiva carregada de lenha para prestar o socorro. Chegando lá, descobriram que não havia locomotiva disponível no momento, e por isso o chefe da estação despachou oito homens, trabalhadores na manutenção da ferrovia, para irem em um vagonete manual, carregado com lenha. E então eles partiram até o lugar em que o trem de carga estava parado.

Só que, nesse meio tempo, o maquinista do trem de carga já havia soltado a locomotiva da composição e arranjado lenha do mato para pô-la em movimento. Com isso, conseguiu andar três quilômetros, quando parou novamente para conseguir mais lenha. E assim a locomotiva prosseguiu o seu caminho, ao mesmo tempo em que o vagonete com os trabalhadores vinha na direção contrária para prestar auxílio.

 

O acidente

No Km 129, em circunstâncias ainda não esclarecidas, aconteceu a tragédia: a locomotiva se chocou com o vagonete. Alguns homens conseguiram pular a tempo e saíram ilesos, mas três deles não conseguiram e tiveram morte instantânea. Eram eles: Silvestre Pankiewicz, 26 anos, casado, pai de um menino de 1 ano, morreu vítima de esmagamento do crânio com derrame de massa encefálica; Wladislau Pfleka, 34 anos, casado, pai de dois meninos e duas meninas, vítima de esmagamento de ambas as pernas, contusões generalizadas e ruptura de órgãos internos; e Antônio Stall, 38 anos, casado, pai de quatro filhos, incluindo um casal de gêmeos com 9 meses, vítima de ruptura de órgãos internos com hemorragia consecutiva e esmagamento de pernas e braços. Tal foi o resultado daquela infeliz manhã.

Essas informações constam no jornal são-bentense “Volkszeitung” de 13 de agosto de 1938, conforme tradução de Henry Henkels, e também nos registros de óbito do cartório. O maquinista foi preso preventivamente até o seu julgamento, mas não se sabe ainda que fim a história teve. Permanecem ainda muitas dúvidas sobre o ocorrido, pois é de se estranhar que, à luz do dia, e com a estrada de ferro deserta, os homens do vagonete não tenham ouvido a aproximação da locomotiva. São questões que apenas uma possível descoberta dos autos desse processo poderão esclarecer.

Em todo caso, fica aqui registrada este triste episódio envolvendo a centenária estrada de ferro em São Bento, que hoje tem sua história manchada pelo estado de suas estações.



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