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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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Os cantores de Bela Aliança

Segunda, 18 de março de 2013

 

Fico sabendo que a equipe do Globo Rural esteve em São Bento para fazer gravações com o coral da Sociedade de Cantores 25 de Julho. Gosto da notícia, e certamente porque tenho muita simpatia ao coral – embora eu sequer me lembre de ter visto alguma apresentação sua. Isso se deve à leitura de sua história, registrada por meu avô em um caderno, e escrita com base nas antigas atas da sociedade e depois em sua própria participação no coral, do qual foi regente por muito tempo.

Acho uma história muito bonita, e cheia de personagens marcantes que mereciam ser mais conhecidos. Veit Schwedler, por exemplo. Hoje há uma obscura rua com o seu nome, próxima à SC-301, mas quem foi ele afinal? Nascido em Dessendorf, na Boêmia, em 1858, Veit Schwedler imigrou ao Brasil em 1877. Quatro anos depois, esteve entre os fundadores da atual Sociedade de Cantores 25 de Julho. Após algum tempo, Schwedler assumiu a regência do coral. E o que as atas revelam a partir de então é a sua extrema dedicação ao canto coral na cidade.

Em meados da década de 1890, alguns membros do coral começaram a demonstrar um certo desinteresse, faltando frequentemente aos ensaios. Schwedler mandou uma circular, passando na casa de todos os integrantes, solicitando uma efetiva participação aos ensaios, e prevendo que quem faltasse 2 vezes ao mês, sem justificativa, teria seu nome riscado do coral. Nem isso adiantou, e algum tempo depois, desanimado, Schwedler renunciou ao cargo de regente. Mas voltou atrás, depois que Wilhelm John apresentou um projeto para conseguir novos quartetos, o que aumentaria a vontade de participar aos ensaios.

Mas os problemas continuaram nos anos seguintes. Em 1901, Schwedler se prontificou a permanecer no cargo apenas enquanto os membros mantivessem a palavra de vir pontualmente aos ensaios. Schwedler logo demonstraria o seu cansaço, atingido por problemas de saúde. Começou a treinar substitutos – primeiro Hugo Schwarz e depois Hugo Fischer. A saúde debilitada o obrigou a se afastar e tornar a assumir a regência várias vezes. Em 1911, quando a saúde de Schwedler não permitia sequer que saísse à noite, o regente voltou a instar os membros para que participassem dos ensaios, pois havia muitos programas para aquele ano. No mês seguinte foi obrigado a deixar a regência, e em julho faleceu, aos 53 anos.

Os sepultamentos de membros e figuras ilustres da cidade eram sempre acompanhados pelos cantos do coral. Já em 1897 existe o registro de ato semelhante, quando faleceu Henrique Hettwer. Era uma maneira de mostrar reconhecimento pelas pessoas e tornar a cerimônia mais bela. Cantava-se no velório e ao pé da sepultura. A tradição se manteve ao longo dos anos, e no período em que meu avô foi regente (1983-2000) registrou-se 51 sepultamentos acompanhados pelo coral.

É preciso falar ainda do Teatro. A história do Teatro de São Bento do Sul ainda não está escrita, e é justamente na Sociedade de Cantores que ela começa. Foram os seus membros que realizaram as primeiras peças teatrais na cidade. Trata-se, portanto, de uma importante instituição cultural em nossa cidade, que deve ter sua história mais conhecida e sua atuação mais valorizada. 



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