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Henrique Fendrich

rikerichgmail.com

Henrique Fendrich (Crônica de São Bento)

Jornalista são-bentense residindo em Brasília/DF


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O frio do sul

Segunda, 23 de julho de 2012

Estou no meio do Brasil. E não apenas no mapa: estou rodeado de gente de todos os cantos do Brasil. Isso vem a calhar comigo – sou um homem de dimensões continentais, a quem o separatismo realmente não atrai. É verdade que, em três anos, eu quase nunca trombei com um catarinense em Brasília. Com alguns paranaenses sim, e com muitos gaúchos – dois deles trabalham comigo. Mas a maior parte das pessoas por aqui é composta de goianos, mineiros, cariocas e nordestinos dos mais variados, todos eles pessoas que nunca viajaram para o sul. Mas que, mesmo assim, tem lá a sua imagem sobre o que é morar na região, e sobre quem são as pessoas que habitam lá.

A primeira coisa que se lembram sobre o sul é que faz frio - muito frio. Com chances reais de neve. Verdade seja dita: eu não faço o menor esforço para que pensem o contrário. Se vejo alguém reclamando de um dia mais frio em Brasília, logo solto uma gargalhada de escárnio: ele não sabe o que é frio. Falo sobre temperaturas perto de zero, sobre a necessidade de usar duas calças, duas meias e tantas blusas que a pessoa fica parecendo um robô - mal conseguindo se locomover.

E dessa forma eu contribuo para que, no inconsciente de Brasília, o sul seja um lugar muito parecido com o Pólo Norte. Mas um Pólo Norte alemão. Essa é outra coisa que sempre lembram: no sul não moram brasileiros, mas europeus. Gente que vive em cidades bonitinhas, com arquitetura típica, e extremamente organizadas em termos urbanos (costumam se lembrar de Curitiba). E repletas de mulheres loiras de olhos azuis. E então alguns decidem vir conhecer.

 

As pessoas do frio

Conhecem e normalmente se espantam pelo frio - não esse da temperatura, já conhecido, e inclusive desejado, ao menos por eles. Falo do frio das pessoas, que, ao que parece, apenas reflete a temperatura em que vivem. Na mesma época em que me mudei de Curitiba para Brasília, tive uma amiga que fez o caminho inverso, indo de Brasília para Curitiba. Creio que o nosso choque foi o mesmo. Ela, uma moça simpática, sentia-se (deve se sentir ainda) aflita diante de tantas pessoas fechadas, com quem não conseguia ter o mesmo nível de intimidade que em Brasília. Eu, por outro lado, vivia muito seguro no meu próprio mundinho, até me ver jogado na extroversão de uma cidade que nada tem de fria ou europeia.

E acho que é esse contraste que dá ao sul a imagem de uma região pouca hospitaleira e receptiva para os turistas. Foi isso que revelou uma pesquisa do Sebrae sobre o perfil do turista brasileiro. Segundo moradores dos outros cantos do país, o homem do sul não é lá muito simpático na hora de atender um turista. Não demonstra muita alegria.  Creio que essa impressão não deve ser vista como ofensa. Pelo que conheço do sul e dos cariocas e nordestinos que moram em Brasília, a conclusão mais lógica do mundo é de que acharão os sulistas pouco receptivos. Imagino que o próprio homem do sul poderia destacar no nordeste características opostas às suas - além de apontar defeitos que não os seus. São essas diferenças que nos dão alguma unidade. 

Em todo caso, não nos esqueçamos da hospitalidade - porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.



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