A combinação de baixas produtividades devido ao clima adverso e preços pouco atrativos resultou em uma temporada desafiadora para soja, milho e trigo
Campos Novos sediou o segundo painel do Projeto Campo Futuro 2024 em Santa Catarina, nessa quarta-feira (12), para o levantamento dos custos de produção de grãos (soja, milho 1ª safra e trigo). A iniciativa foi da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com o apoio do Sistema Faesc/Senar e dos Sindicatos Rurais.
O evento, realizado de forma híbrida (presencial e on-line), reuniu produtores rurais, técnicos da CNA e do Sistema Faesc/Senar, dirigentes dos Sindicatos Rurais, representantes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP) e das cadeias produtivas envolvidas.
Na abertura, o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Campos Novos, Luiz Sérgio Gris Filho, ressaltou a importância do projeto para a geração de informações estratégicas do setor rural. Destacou que nos últimos anos a iniciativa tem sido essencial para a compreensão dos custos que mais impactam os resultados financeiros dos produtores, facilitando a tomada de decisões e o gerenciamento dos negócios.
De acordo com o assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, a safra 2023/24 em Campos Novos foi marcada por um achatamento significativo das margens dos produtores rurais. “A combinação de baixas produtividades devido ao clima adverso e preços pouco atrativos resultou em uma temporada desafiadora para soja, milho e trigo”.
No caso da soja, segundo Pereira, as produtividades ficaram bem abaixo do esperado, com médias que não ultrapassaram as 60 sacas por hectare. O milho também apresentou quebra, com rendimentos na casa das 130 sacas/ha, 20 sacas/ha a menos que na temporada anterior. Já o trigo, também sofreu com produtividades reduzidas, girando em torno de 35 sacas/ha, redução de 42%.
O assessor técnico afirmou que além das baixas produtividades, os preços das commodities agrícolas sofreram uma queda acentuada. Os preços médios para a soja, de acordo com o levantamento, caíram 12%, para o milho 5% e para o trigo, a queda foi de 48%. “A combinação desses fatores resultou em margens achatadas, pressionando ainda mais os agricultores que já enfrentam desafios climáticos e econômicos das safras anteriores. Essa conjuntura adversa exigirá dos produtores uma gestão ainda mais eficiente e a busca por alternativas que possam mitigar os impactos negativos dessa safra”, avaliou Pereira.
O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, ressaltou que o Campo Futuro vem cumprindo muito bem seu papel de gerar dados precisos e de qualidade sobre os custos de produção das principais atividades agropecuárias em Santa Catarina e em todo o país. “Dessa forma, o produtor tem maior controle sobre as despesas e os investimentos e nós temos condições de trabalhar políticas públicas que beneficiem a agropecuária”.
Além dos painéis realizados, nesta semana, em Xanxerê e Campos Novos estão programados até agosto painéis do Campo Futuro nos seguintes municípios: Araranguá (arroz), Seara (suinocultura - integração UPD e suinocultura - integração UT); Chapecó, Canoinhas e Itapiranga (frango de corte) e São Joaquim (maçã).
SOBRE O CAMPO FUTURO
Com base nos dados levantados e do acompanhamento mensal de custos, a CNA tem atuado junto ao poder público para propor medidas com o objetivo de evitar elevação de custos, melhorar as ferramentas de seguro e ampliar o acesso ao crédito, entre outras.
Os levantamentos de custos de 31 atividades agropecuárias ocorrerão até agosto em todo o país, por meio de painéis que serão realizados em 20 estados e 119 municípios, em parceria com as federações estaduais, produtores, Sindicatos Rurais, universidades e centros de pesquisa.