As condições sociais e econômicas são fatores determinantes. Investimentos em saúde ajudariam a reduzir o índice
A gestação e o nascimento de um bebê são considerados por muitos a fase mais bonita e importante na vida de uma mulher. E para que ela possa ser vivenciada com tranquilidade e bem-estar e para que as mães possam acompanhar o crescimento dos filhos, são necessários alguns cuidados logo nos primeiros dias da gravidez. Isso ajuda a prevenir a mortalidade materna, que é o óbito de mulheres durante a gestação, o parto e até 42 dias após o parto.
Ela está diretamente ligada às condições sociais e econômicas em que a mulher vive. "Quanto mais distante o acesso aos serviços de saúde, maior é o índice", revela a ginecologista e obstetra Marluce da Costa Mello. "Se houvesse mais investimentos em ações de saúde, orientação, planejamento familiar, um lugar assegurado para o nascimento do bebê, de preferência em hospitais com maternidade, o incentivo ao parto normal e se as gestantes tivessem pelo menos seis consultas de pré-natal, 90% da mortalidade materna poderiam ser evitadas", salienta Marluce. "É preciso investir na atenção primária e em um pré-natal eficaz", completa.
Ela lembra, entretanto, que nos últimos anos o poder público no Brasil iniciou um movimento em prol da saúde da mulher. Mas em algumas regiões do Brasil as condições de saúde ainda são precárias. As principais causas da mortalidade materna são a hipertensão, as hemorragias, as infecções em decorrência do aborto e a eclampsia (convulsões em decorrência do aumento da pressão arterial). Há ainda as causas indiretas, que são as doenças cardíacas e as doenças vasculares.
OBJETIVOS DO MILÊNIO
O índice de mortalidade materna no Brasil é alto. O último levantamento, feito há cerca de 10 anos, mostrou que é de 75 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. Para mudar essa realidade, no ano 2000, líderes mundiais de 191 Estados-membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de alcançar oito objetivos de desenvolvimento do milênio. Entre eles, está o de melhorar a saúde da gestante para reduzir o índice para 40 mulheres em cada 100 mil nascidos vivos até 2015 em países em desenvolvimento, que é o caso do Brasil.