Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
No dia a dia de um psicólogo clínico, passam por seu consultório, vários consulentes. Esse é mais um dos casos do psicólogo Fritz:
― Bom dia Sr. Fritz, como você está?
― Estou bem.
― Pois então Fritz. Pensei, pensei e pensei, foram tantas ideias que me passaram pela cabeça, tudo para ver se encontro uma solução para esse meu aperto financeiro, que acho que acabei não me decidindo por nenhuma delas ainda.
― É importante você poder falar sobre estas ideias, dessa maneira você pode senti-las e perceber se é realmente isso o que você quer.
― Vamos lá então...Primeiro eu pensei em criar uma espécie de Tele-Entrega para os idosos, entregaria qualquer coisa para eles. Isso surgiu quando percebi que minha avó ficou quase sem dormir e sem comer por causa de uma entrega dos correios que não chegava. Coitada dela! Parecia uma sentinela na janela, qualquer carro ou moto que passavam em frente à rua lá estava ela, como uma Ninja em posição de combate. Nada escapava de sua visão. No terceiro dia em que esperava pela dita encomenda, ela viu, pela fresta da janela, a vizinha sair de casa e gritou: “ Martha, se for para o centro da cidade passa na padaria e me traz uns pães, pode pegar um salame lá no Fendrich também, porque não posso sair de casa e já estou quase sem comida”.
Que doideira Fritz, não acha? Ver minha avó presa pelo lado de dentro? Mas acho que a encomenda já chegou, sei lá?
A outra ideia era criar um site com mensagens do Papai Noel. Com esse consumismo desenfreado seria difícil o velhinho responder todo mundo, não concorda? Até comecei a fazer um pré-teste, mas no final de uma semana as perguntas pareciam ser sempre as mesmas, por exemplo: “Senhor Papai Noel, gastei R$200 mangos em bobagens, desde cuecas perfumadas com estampa de oncinha, até depilador para os pelos da orelha, então favor me recompense no sorteio do Audi”. Outro falava assim: “ Bom velhinho, gastei 500 reais em compras diversas, 250 com o meu marido e mais 250 junto com o amante, tudo isso para eu ganhar os Hondas e meu marido achar que é ele quem traz sorte.”
Ou seja Fritz, as pessoas só estavam interessadas nos carros, e assim toda as minhas mensagens natalinas poderiam ser resumidas numa só resposta : “O Papai Noel pede desculpas por todos aqueles que estavam concorrendo aos carros na promoção compre-ganhe dos Shoppings, mas por descuido de um dos nossos funcionários, as Renas comeram os cupons do sorteio. Att. Ajudante do Papai Noel.”
A outra ideia que tive foi quando estava passando pelo centro da cidade, e olhei para o rio do Buschle, e vi as costas de um Bagre gigante boiando. Acho que nessa primavera com ar de inverno o peixão poderia estar se esquentando no sol. Mas parecia ser uma mutação aquele bicho, de tão grande que era. Na hora não tinha ninguém para mostrar aquilo, nem de celular eu estava para fotografar ou filmar aquele Godzilla do rio São Bento. Mas voltando a ideia que tive, eu pensei em capturá-lo para fazer botas e bolsas de couro, porém, acho que os ambientalistas iriam querer o meu couro se fizesse isso. Então penseiem uma ONGpara preservar aquilo que poderia ser um bagre pré-histórico, uma nova descoberta cintífica. A minha ONG se chamaria SBS-SBs (São Bento do Sul – Salve Bagres). Mas daí pensei que uma ONG poderia me comprometer, pois veja o que deu com o ex-ministro do esporte e ao Carlos Lupi, com esses esquemas de ONGs de fachada.
Sei lá Fritz, o que você acha?
― Uhm...Tele-Entrega, Papai Noel, Bagre Gigante...
― Tive uma ideia agora Fritz, Tele-Entrega de Papais Noel a domicílio. Para alegrar ou aterrorizar a criançada!
― E o Bagre?
― Restaurante de comida tipo Sashimi!!!!????
* Personagem fictício, criado pelo autor. Gênero: sátira.