Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
O mundo contemporâneo flerta com questões que beiram o caos. Não somente a desordem, mas, a incerteza, a insustentabilidade, a falsidade, o sofrimento. Lógico que podemos negar tudo isso e dizer que é apenas o ponto de vista melancólico ou como alguns preferem dizer, pessimista. Lógico que, também não posso negar as coisas belas, pois, se assim fizesse, automaticamente estaria negando a possibilidade de ver o mundo a partir da realidade, e não somente de um ideal.
Há sujeiras, podridão, há a beleza da natureza, a seres humanos bons. Há utopias de que tudo é permitido. Que tudo é proibido.
E algumas vezes nos questionamos, e pensamos...
“Pensamos às vezes que não restou um só dragão. Não há mais bravo cavaleiro, nem uma única princesa a planar por florestas secretas, encantando cervos e borboletas com seu sorriso.
Pensamos às vezes que a nossa era está além das fronteiras, além das aventuras. Que o destino já passou do horizonte, as sombras reluzentes já desfilaram há muito tempo e se foram para sempre.
É um prazer estar enganado. Princesas e cavaleiros, encantamentos e dragões, mistérios e aventuras... não apenas existem aqui e agora, mas também continuam a ser tudo o que já existiu nesse mundo!
Em nosso século, mudaram de roupagem, como não podia deixar de ser. Os dragões ostentam hoje a vestimenta do governo, o terno do fracasso e a túnica do desastre. Os demônios da sociedade guincham, turbilhonam sobre nós, se nos atrevermos a virar à direita em esquinas em que nos mandam virar à esquerda. As aparências se tornam tão insidiosas que princesas e cavaleiros podem se esconder uns dos outros, podem se esconder até de si mesmos.
Contudo, os mestres da realidade ainda nos encontram em sonhos para dizer que nunca perdemos o escudo de que precisamos contra os dragões, que uma descarga de fogo azul nos envolve agora, a fim de que possamos mudar o mundo como desejarmos. A intuição sussurra a verdade: não somos poeira, somos magia!”
(Richard Bach)