"Nossa perpetuação na terra está nas boas obres que fazemos, isso ficará para sempre. O amor tem reflexos infinitos.
A lei da hipocrisia e da discriminação
por Pedro Alberto Skiba - Alvi 36
A discriminação aqui na terrinha se faz até na bebida e no copo usado. Beber em locais públicos já teve até lei proibindo, mas que pelos constantes decretos liberando, acabou sendo revogada. Agora, apelos da elite tentam a reedição da lei discriminatória e que visa dar poder à Polícia Militar para agir "na questão dos moradores de rua que ficam importunando quem anda pela área central." (grifo meu) Leio na imprensa os argumentos dos que defendem a reedição da Lei: "Enquanto isso, só crescem as reclamações sobre o tema, especialmente porque muitos destes mendigos passam boa parte do dia embriagados, incomodando quem passa nas ruas"(gripo meu). Prossegue: "A Praça Jardim dos Imigrantes, um dos principais cartões postais da cidade e arredores estão se transformando em ponto de concentração, Ao invés de servirem de lugar agradável para as famílias e turistas, muita gente já começa a fugir para não serem abordadas por pessoas vindo pedir dinheiro e importunar".(grifo meu) Fácil de resolver. Será que uma Lei proibindo as pessoa de nascer pobre não seria mais simpática? Não vi nenhuma proposta para saber a origem destas pessoas. Qual o problema e causa que as tornaram moradores de rua? Porque são dependentes de bebidas alcoólicas e porque a cachaça ainda é o melhor e mais barato cobertor do qual dispõe? Me perdoem mais estamos cada dia mais desumanos, mais seletivos, mais hipócritas. Será que se fossem viciados em cocaína, whisky, vinhos importados estes moradores seriam considerados tão nocivos? Já ouvi muitos nativos com sobrenomes de origem se vangloriarem que aqui é a cidade que mais se bebe cerveja. Temos até festas que fazem apologia ao consumo da dita. Agora o que não toleramos são pobres moradores de rua afogando suas mágoas e aquecendo seus corpos na "marvada cachaça". Também li que o prefeito de Joinville que calado deve ser um poeta, deu seu pitaco quando aqui esteve. Esquecendo que cada um no seu quadrado. Teria dito que em Joinville havia problema com índios acampados na rodoviária, e para resolver a questão, como índios têm Legislação Federal, foram usados argumentos do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois as crianças estariam em situação de risco nestes locais e o Conselho Tutelar poderia agir. Resultado, saíram do local e de áreas de Joinville, que alguns ainda acham que é a terra dos Príncipes. Também outro exemplo, para mim péssimo. Em um terreno onde moradores de rua estavam se concentrando e montando acampamentos, como a área é da Prefeitura, o terreno foi cercado e nele criado um "parcão", ou seja um espaço com os tutores poder ir passear e brincar com seus cachorros. Melhor seria meu caro prefeito ter construído uma câmara de gás. O senhor não explicou como acabou com a dengue. Mas, é melhor e mais fácil vender o sofá. Como respondia o saudoso presidente Jânio Quadros quando perguntado porque bebia: "Bebo porque é liquido, se fosse sólido comê-lo-ia". Aqui a questão é bem diferente Para administradores públicos e para a elite dominante, os moradores de rua sempre foram vistos e tratados como um problema. Para diversos comerciantes e moradores de locais frequentados por eles, são um incômodo. Para grande parte das pessoas que circulam pelas ruas e calçadas, elas simplesmente não existem: são invisíveis. Para muitos (que não se deram ao trabalho de tentar compreender o que representam), seria melhor se não existissem. [...] Mas as pessoas em situação de rua existem, e para existir insistem em ocupar o lugar que lhes restou: as ruas e espaços dos grandes e médios centros urbanos. Os moradores de rua como querem alguns privilegiados não devem ser problema para ser tratado pela Polícia Militar. É uma questão de humanidade, de problema social, que precisa de acolhimento e tratamento. Policia deve ser para os bêbados que enchem a cara e saem nos seus carrões atropelando e matando inocentes e se livrando fazendo um pix para pagar fiança e responder em liberdade. Não vamos inverter a situação.