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Primeira dama: dimensão pública e importância protocolar

Segunda, 08 de agosto de 2011

Quem dorme com o eleito e tem a noite toda para, num leito conjugal, ficar trocando carícias e seduzindo o mandatário?

- - Por Pedro Skiba - -

A partir  do século XIX,  quando  foi citada pela primeira vez por um presidente norte-americano em uma  referência elogiosa à falecida esposa de seu antecessor, a expressão “primeira-dama” passou a ser usada como uma definição coloquial para as esposas de chefes de Estado. Mais tarde,  as esposas dos governadores e prefeitos passariam a receber o mesmo tratamento. Nos dias atuais, é perceptível a crescente relevância dos seus papéis nas estruturas sociais e políticas no âmbito desses poderes.

No decorrer da  vida política dos Estados Unidos, algumas referências enfatizam Lucy Haynes, mulher do presidente Rutherford B. Haynes, pelo seu trabalho nas áreas assistenciais do país (1877-1881). Eleanor Roosevelt (1933-1945) é tida como o ícone do "primeiro-damismo" norte-americano. Entre os seus feitos mais marcantes destaca-se a atuação frente à  Comissão de Direitos Civis na ONU, na qual exerceu grande influência para assinatura da Declaração Universal  dos Direitos Humanos, que  em 10 de dezembro próximo completará 60 anos. Mais recente, assistimos o engajamento político da senadora  Hillary Clinton, ex-pré-candidata democrata à presidência dos EUA, demonstrando  que o título de primeira-dama com certeza foi um trampolim eficiente para a sua  ascensão  pública. 

Não muito longe de nós, o exemplo de popularidade de Eva Perón (Evita) não tem precedente histórico. Depois de tantos anos falecida, continua viva no imaginário do povo argentino. Isabel Perón e Cristina Kirchner exemplificam as amplas possibilidades do título. Da condição de primeiras-damas  passaram  para a posição de chefes de Estado, o que nos leva à reflexão de que na liturgia do poder elas traçaram a sua própria trajetória em direção à Casa Rosada.

Na história da República Brasileira (1889-2008), a enciclopédia Wikipédia apresenta uma lista, do Marechal Deodoro da Fonseca ao presidente Lula, com suas respectivas esposas, na qual, excluindo o presidente Itamar Franco, que era divorciado, constam 34 primeiras-damas. Com certeza, cada uma teve, de acordo com seu perfil e contexto histórico da época, um papel importante na consolidação institucional e de representação diplomática do Brasil.

 

PAPEL HISTÓRICO

Em um país com as dimensões geográficas como o nosso, com vinte e seis Estados, um distrito federal e mais de cinco mil municípios,  primeiras-damas e  primeiros-cavalheiros (assim deve ser chamado o marido da chefe do Executivo, por mais estranho que pareça), vão deixando para trás o seu papel histórico de acompanhante nas cerimônias oficiais e em campanhas de caridade e passam a atuar mais efetivamente, influindo, inclusive, na construção da imagem e no conceito da administração dos maridos ou mulheres prefeitas e governadoras e  somando forças no intangível da vida pública nacional.

Estamos próximos de ano eleitoral, muitas candidatas certamente já fazem uma reflexão acerca dos seus futuros papéis e já têm propostas e metas de trabalho prontas. Outras reavaliam experiências e algumas certamente estão a se perguntar: "Existe um protocolo destinado a uma primeira-dama do Município?".

Existe, sim. E deve ser cumprido. A não observação ao protocolo de forma deliberada só é compreendida quando a autoridade promove gestos que denotem cordialidade e respeito ao outro, como aconteceu, por exemplo, com o Príncipe Naruhito. Herdeiro da monarquia mais antiga do mundo, em recente visita ao Brasil, quebrou várias vezes o rígido protocolo japonês, cumprimentando com um aperto de mão as autoridades - e, em outra ocasião, pessoas que se encontravam do lado de fora do cordão de isolamento no Parque de Ibirapuera em São Paulo. Vale ressaltar que este tipo de cumprimento só é permitido na cultura japonesa nas relações comerciais e no trato com estrangeiros.

Em circunstâncias contrárias, pode ter consequências desastrosas. Protocolo é ordem. É hierarquia no âmbito de todos os poderes. Quando não se respeita as tradições e os costumes, entra-se em uma dinâmica que atenta contra princípios básicos de civilidade e fere-se valores consolidados.

Mesmo em contextos menos formais, como  nos municípios de menor porte, em que a interação com a coletividade faz parte do cotidiano, é preciso que a atenção seja plena a gestos e posturas. Não são poucas as situações em que a primeira-dama precisa lidar com as normas do protocolo e  as regras da etiqueta sem perder de vista  que  a ética, a discrição, a  simplicidade, a empatia são as suas melhores aliadas.

 

"ALWAYS PRESENT, NEVER THERE"

O falecido senhor Denis Thatcher, esposo de Margaret, a famosa  ex-primeira-ministra do Reino Unido, definiu sabiamente o papel do cônjuge de uma autoridade pública, afirmando que este(a) deve estar "always present, never there" (sempre presente, nunca visível).

É impossível, neste momento,  rever  esta recomendação sem lembrar da ex-primeira-dama dona Ruth Cardoso. Acadêmica, competente, de uma sobriedade inigualável, a "mãe da Comunidade Solidária", como a definiu o senador Cristovam Buarque, quando aparecia ao lado do presidente Fernando Henrique passava  a impressão de que ao mesmo tempo em que estava ali, tinha o seu espaço próprio, independente. Neste espaço, ela  transitava com uma elegância, verdadeiramente desobrigada, uma  característica de quem tem  a exata dimensão da impermanência de  funções  na vida pública e até da impermanência da própria vida. (O texto é da historiadora Edvalda Bonfim).

 

REFLEXÃO

Isto posto, vale refletirmos. Assim como o nome do candidato a vice não aparece na urna eletrônica e mesmo assim acabamos por elegendo junto com o cabeça de chapa, o mesmo acontece com a primeira-dama. Portanto, mais um componente importante que deveremos analisar nas próximas eleições. Além dos candidatos a prefeito e vice, quem será a possível primeira-dama? Aquela que, além de companheira, é a pessoa solidária, envolvida, que participa, que se dedica, que se doa e que poderá ter um papel determinante na gestão de seu marido. "Ah! Isto é besteira e não tem nada a ver", você poderá argumentar. Então acompanhe meu raciocínio. Normalmente dizem que quem banca a eleição de determinado candidato o faz porque depois terá influência nas suas decisões. São os famosos patrocinadores e financiadores de campanha, quase sempre com segundas, terceiras e até indecentes intenções. Então me responda: quem dorme com o eleito e tem a noite toda para, num leito conjugal, ficar trocando carícias e seduzindo o mandatário?

 

SERÁ QUE TERÁ ALGUÉM MAIS INFLUENTE?

Quem, senão a sua mulher, tem maior poder de influenciar suas decisões, ouvindo o que as amigas nas rodas de lanche comentam e depois sussurrando em seu ouvido? Duvido que ele não a escute e prefira ficar com a opinião dos puxa-sacos de corredor. Na hora de decisão sempre uma mosquinha estará zumbindo em seu ouvido. A cobrança, além da cama, será no café da manhã, no almoço e no jantar. Será que terá alguém mais influente? Portanto, é bom analisarmos o potencial da futura primeira-dama, pois dizem que atrás de um grande homem sempre existe uma mulher, embora eu ache que muitas estão à frente. Você pode achar que já estou querendo demais, pois tem gente que não sabe escolher o candidato e ainda quero, de lambuja, que você escolha a primeira-dama. Elas estão mandando, pois já temos a presidente e nada menos que oito ministras. Vale a pena escolher.



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