O impasse nos EUA sobre a aprovação do aumento do teto da dívida pública não está tão distante do Brasil. O governo brasileiro não para de comprar títulos do Tesouro americano. No fim de maio, segundo relatório da instituição, o Brasil era o quarto país em valor investido em títulos da dívida pública americana - os Treasury Bonds (T-Bonds) e outros papéis.
Em um ano, o Brasil teve a segunda maior expansão de aplicações na dívida americana, entre os dez maiores credores dos EUA. Só perdeu para a China. O investimento em títulos do Tesouro americano saltou 30,90%, de US$161,5 bilhões em maio de 2010 para para US$211 bilhões no mesmo mês deste ano.
Só em maio, o Brasil incorporou US$4,5 bilhões nesse tipo de aplicação. Segundo analistas, a maioria desses papéis é do Banco Central (BC) brasileiro, que investe em T-Bonds boa parte das reservas oficiais, resultado da política de desvalorização do real ante o dólar. Os dólares comprados no mercado aberto pelo BC, para segurar a alta do real, são investidos em títulos americanos - esses ativos ainda são considerados seguros.
Mas essa situação começou a mudar em 16 de maio quando os EUA atingiram o limite legal de endividamento público, de US$14,3 trilhões. Caso esse teto não seja ampliado até 2 de agosto, pela primeira vez o país poderá deixar de honrar seus compromissos financeiros.
Ao fim de junho, o BC tinha 87,4% das reservas brasileiras investidas em títulos, o que corresponde a cerca de R$293,5 bilhões, embora o governo não especifique se em títulos americanos ou de outros países.
- Boa parte do investimento das reservas é feita em Treasuries por ainda ser um ativo seguro - diz o economista Flavio Samara, da LCA Consultores.
O risco de moratória levou as agências de classificação de risco, como Moody"s e Standard & Poor"s, cogitarem rebaixar a nota de crédito soberano dos EUA. A China, maior investidor em títulos do país, por sua vez, cobrou seriedade dos americanos.
Fonte: O Globo / Daniel Haidar