Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
– Trepanação...
– O que foi querida?
– O que foi o quê?
– O que foi que você disse...
– Ah sim... Trepanação!
– E o que é que tem isso?
– Só achei que é uma palavra boa para se dizer no dia dos namorados.
– Mas ela não faz sentido algum para essa data. Seria melhor usá-la no Halloween.
– Mas convenhamos, ela não é uma palavra de qualquer dia. Não daria para ser usada no dia das mães, por exemplo. “Oi mamãe, hoje é seu dia e faremos uma trepanação logo após o almoço.” Não dá.
– Ainda acho que é uma palavra de Halloween.
– Mas ela tem uma sonoridade que remete a outras coisas, à sensualidade talvez...
– Halloween!
– Malevolente.
– Como assim?
– Malevolente seria uma palavra para Halloween.
– Mas querida...
– Você não quis a trepanação, fique então com a malevolente.
– Mas malevolente tem um jeitão de palavra preguiçosa. Combinaria mais com o carnaval, não acha?
– Malevolente e não se discute mais.
– Impetrar?
– O que é que tem o impetrar Marco Antônio?
– Não entendeu querida?
– Não!
– Logo após as flores eu poderia chegar e dizer: “Vamos impetrar muito no dia dos namorados...”
– Sei lá... Está mais para quando nos colocam uma sonda esofágica e o médico diz: “Encontrei essas impetrações aderidas às cavidades...”
– Poxa querida, está irredutível. Quem sabe “Ioruba”?
– Ioruba soa melhor com o dia dos namorados, Marco Antônio. Mas, não daria confusão?
– Confusão como?
– Na ioruba não é muita gente?
– Querida...
– Mas foi você que não quis a Trepanação para o dia dos namorados.
– Está bem... Quem sabe uma Xifoideada?
– Ai Marco... Já começou a melhorar...
– Vem prá cá querida, deixe-me pegar na tua Zabumba.
Marco Antônio e Ana Cristina curtiram um belo dia dos namorados entre o Pênfigo e a Fubecada. Se bem que às vezes tentam voltar a impetrar a trepanação.
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Nota:
O leitor Paulo Afonso Erzinger observou que no texto do dia 05/06/2015, a palavra “Barril” fora escrito “Barriu”. Sendo que, apesar de serem homófonas, possuem sentidos diferentes. A primeira como um tonel, a segunda como soltar barritos (e só se conjuga na terceira pessoa do plural).
Paulo,fico grato pela forma gentil de suas palavras em e-mail, por sua atenção e leitura ao Jornal Evolução.
Atenciosamente, Michell Foitte