Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Penso... Será que é tão diferente essa palavra da do: Imaginar.
Talvez o futuro seja algo assim, apenas uma questão semântica, a dualidade probabilidade versus possibilidade, perceber versus sentir.
Ou não será nada disso? O futuro seria algo sem cortes ou dualidades. O homem no mundo e do mundo.
O futuro, de toda sorte, é algo que um dia ficará em um passado. E ao nos darmos conta disso, de que existimos, sabemos que o outro também existe... Existiu.
Muito além da preteridade das coisas como algo que um dia poderia entender de modo aniquilado, está apenas a sua desmantelação. Não extinguido por completo. Há uma camuflagem de desintegração no presente, aquilo que estaria falsamente escondido e ludibriante.
Meu corpo quer me enganar, como se eu não soubesse o sentido da verdade. Atento-me nele como um lugar de origem, como um espaço de expressão, assim ressaltado por Fritz Perls, Ralph Hefferline e Paul Goodman: “cada corpo busca uma solução a partir do que dispõem como recurso social ou pelos hábitos herdados”.
Meu corpo é a totalidade das coisas, atemporal, o possível e o provável, o perceber e o sentir, lúdico, ludibriado, emputecido, amoroso. Nada mais valioso que a troca das experiências. Uma experimentação. Um experimentar.
Como poderia alguém não se sentar frente à t.v em um dia de domingo de manhã em meio ao sabor de pães sovados e esfregados com facas e requeijão, acompanhados por esfumaçantes cafés com leite, aguardando as luzes de largada se acenderam e sendo deixado a ouvir o barulho dos motores enquanto Piquet, Prost, Senna fazem curvas a 280km/h. Compreende, de alguma forma, e com igual semelhança ao ler Jon Cleary em o “O Capacete Verde”.
Ou ouvir Polly enquanto beija a sua primeira namorada e por ela um dia jura amor eterno sem ao menos saber da finitude do para sempre e do amor, quando mais tarde, em meados dos anos 90, Kurt se suicida com um tiro na cabeça, e você, muito anos depois de tudo isso ainda consegue se impressionar com aqueles brados e as suas músicas, de alguém que já se foi há tempos, mas, que continua tão presente, camuflado, desintegrado falsamente escondido, ludibriando aquilo que se entende por inquietação da existência humana.