Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Diferente do amor que eu vivi em cada um deles várias vidas, e, de certa forma como já os conhecia nascendo em tantas estações passadas, em tantas primaveras idas, o que vivo agora é algo novo e original, a morte do amor.
A morte do amor é um tapete que apodrece dos galhos outonais e de todas as folhas que se desunem dos ramalhos. Báquicas folhagens que fenecem peroladas ao chão.
E diante de tantas estrelas, de tantas constelações sem poder vê-las, que vai se apagando os raios do dia diante de tantas coisas ainda para se fazer. Das feridas para cicatrizar, das cicatrizes para se regenerar, que o amor... Subitamente morreu.
Escorjava-se em lágrimas transformando-se em melodia dos ventos que sopram e uivam sem som. A gênese da dor. Ou será que o amor nasce num tempo inventado? Ou morre na ausência dos ventos da sua própria sorte?
Quem sabe?
Sinto que é a ausência do amor a presença da ausência.
E aos olhos da morte do amor que a poesia e as paixões são ingenuidades. Aos olhos da morte do amor, que esses olhos furtam nossos olhos e tudo o que enxergamos e sentimos e o que compreendemos ou desejamos, tudo morre.
E quando a morte do amor nos fala é como se estivéssemos conversando com quem ainda não nasceu. É o tempo que passa por nós diferentemente do tempo que passa pela vida. É a tristeza que nos revela um mundo sem o mundo mudar.
Lama, lama, Yama.
Sânie amor que tem duração efêmera. Assim como o dia em que as sombras acompanham as silenciosas asas do anoitecer.
Mas como explicar a morte do amor?
Talvez... É o morrer enquanto ainda se está vivo. Talvez seja a morte de algo que está dentro de nós como um abandono dos desejos que permanecem insatisfeitos... Disso que chamam de vida.