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Michell Foitte

michell_foittehotmail.com

Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta

CRP 12/07911


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Enquanto isso...

Quarta, 24 de setembro de 2014

Agenor era o tipo de marido que fazia de tudo por sua esposa, Ingrid. Lavava a louça, fazia a cama, cozinhava e às vezes remendava e costurava algumas roupas, embora, gostava mesmo era do crochê.

Agenor era praticamente um militar - cozinhava, lavava, passava - deixando logicamente de lado o crochê onde aprendeu nas aulas de PPT. Era subserviente, apesar de ser avesso a qualquer tipo de intervenção pelo uso da força.

Os amigos há tempo não viam o Agenor, o grande jogador de bocha com lances homéricos de efeito na pelota. Diziam os maledicentes, que desenvolveu certas habilidades quando seu neto passou uns dias em sua casa e Agenor se viciou no vídeo-game, mas isso eram somente boatos. A canhotinha do Agenor era algo de sobrenatural. Conseguia lançar a gorduchinha como num efeito bumerangue.

Há quanto tempo Agenor não nos presenteia com suas jogadas maravilhosas? - questionavam os amigos.

Enquanto isso... Em algum lugar nem tão distante assim...

 ***

Prometo companheiros e companheiras, amigos e amigas! - discursava veementemente o presidenciável.

Prometo lutar pelo direito de todos os cidadãos brasileiros à livre escolha, ao passe livre para o lado de lá.

Vou lutar pelo direito de todos nós, um dia, não mais pagarmos ao barqueiro o pedágio que ainda nos é cobrado.

Prometo companheiros e companheiras, amigos e amigas...

Chega dessa burocracia nefasta que arrasta multidões às filas do purgatório.

Passe livre já para o céu ou para o inferno!

Votem em mim.

 ***

Como Agenor sempre fazia de tudo pela Ingrid, numa sexta-feira qualquer, com um belo final de tarde primaveril, Agenor foi a pé até o mercado mais próximo para comprar o açúcar que faltava e que Ingrid solicitou com tanto carinho e delicadeza: Anda logo seu molenga! E assim o fez, caminhava aproveitando das delícias do poente.

Agenor aproveitou a brecha para conversar com as plantas, com ele mesmo, com seu eu interior. Fazia meses que Agenor não dava um “a” dentro de casa. Não que não gostasse de falar, mas, por que não gostava de interromper a sua esposa, Ingrid.

E naquele mesmo dia, de noite primaveril, os amigos ficaram sabendo do Agenor. Alguns choraram, outros sorriram, pois poderiam passar a pontuação que o Agenor tinha na bocha.

Fim trágico teve o Agenor. Atropelado por um cavalo do batalhão de choque da polícia militar. Agenor era quase militar em seus atos - cozinhava, lavava, passava - e a passagem para o lado de lá diziam novamente os maledicentes, não poderia ser mais honrosa.

Ingrid no velório serviu a contra gosto café sem açúcar aos que lá se encontravam... Tudo porque o Agenor jamais retornou com suas compras.



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