Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
É Feminismo o movimento ético-político-antropológico, que tem por meta os direitos de igualdade entre homens e mulheres, os direitos equânimes de voto, de autonomia do corpo através dos métodos de contracepção, o direito ao tratamento igual nos ambientes de trabalho sem discriminação de salários ou cargos. Incluindo assuntos como: Assédios. Licença maternidade. Abortos.
Acompanho opiniões recentes de mulheres que em seus relatos são dissidentes ou que simplesmente rejeitam o feminismo sem saber exatamente do que a expressão se trata.
De fato, muitas porque acreditam que a própria expressão parece rotular uma condição da mulher, e isso fica um tanto quanto confuso quando parece existir uma imposição do tipo: de que lado você está?
E assim as respostas surgem: “sou mulher e isso basta, não vejo a necessidade de escolher um lado.”. Ou: “ não sei se sou ou não feminista.”
É o ponto onde surge a lacuna.
Não é responsabilidade de o movimento modelar a identidade ou a personalidade da mulher, porque isso seria apenas uma questão de estudo de gênero e vai ao contraponto do ideal do feminismo. Vai à ambiguidade.
E é a palavra Gênero que aparece como divisa daquilo que se refere a uma identidade de categoria; gênero musical, gênero gramatical. Gênero.
Por uma distância de divisas e não por acaso no dicionário a palavra gênero encontrasse antes da palavra sexo.
Entendo que para muitos a palavra gênero é desvinculada das divisões que refletem as categorias do sexo masculino e feminino.
Não por acaso no dicionário a palavra feminismo vem antes da palavra mulher.
Não por acaso a palavra amor vem antes da palavra sexo. E assim poderíamos brincar com eufemismos: “quero fazer amor contigo”, quando na real queríamos dizer: “quero fazer sexo contigo”. Entrelinhas: o amor é uma ânsia pela propriedade incondicional da pessoa desejada, o apoderar-se do corpo. Ou seria apenas eufemismo? Seria apenas o sexo, então?
É natural algumas mulheres não terem uma posição assertiva sobre o feminismo, quando o sentimento é que o movimento isolou a mulher numa categoria outra. Uma espécie de canibalismo, mulheres devorando outras mulheres. A calúnia do próprio sexo. Símbolo de sedução e ao mesmo tempo de impotência. Dominatrix e oprimida. O sexo mutilado.
Ou quando o fato de ser mulher tornou-se uma volúpia do inferno. Que ser mulher tornou-se algo como se fosse duro de suportar, algo cheio de desatinos e assombros. Ou ainda, que para ser mulher é preciso ser bem-sucedida na carreira, na cama, e nas suas emoções; e ainda ter resposta para tudo.
Quase como uma forma sutil ou de um eufemismo, o feminismo sob uma aparência inofensiva de um esquema equânime entre os sexos, parece exercer uma opressão sobre o próprio sexo. Sendo que não é o sexo que aliena, mas a alienação dos sexos.