Coisas que os homens fazem ou pensam ou dizem

Dois amigos que há tempos não se viam... Carlos Manuel e George. O primeiro dentista, o segundo corretor de imóveis.

― Não acredito! É você mesmo seu veado?

― Carlos? Há quanto tempo seu corno?

― Ah sua bichona, vem aqui e me dá um abraço!

Carlos Manuel e George trocaram carícias e pescotapas um no outro naquele reencontro, enquanto isso ...

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... Todos os dias, as 8:45, João, o motorista particular cedido pelo estado, espera o deputado Ivoney, mais conhecido com “Ivomoney”, de dentro do carro, e quando chega às nove da manhã, assim como o anuncio da mudança do locutor da rádio, João dá duas buzinadinhas de alerta. E todo o dia, da sacada, uma ruiva de avental com cabelos de tocha faz um sinal de que o deputado irá descer. João pensa, “Com todo esse dinheiro, e arranja uma empregada dessas... Gosto é gosto!” Enquanto espera o deputado...

No outro canto da cidade...

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... O Padre Cleber é chamado às pressas para atender uma ocorrência em domicílio. Uma espécie de possessão demoníaca afligia um pobre vivente. Padre Cleber ao se aproximar do leito do moribundo quase desistiu de ajudá-lo... Mas repensou, fazendo concessões: “Tirem essas vestimentas do coitado e a queimem em fogo bravio”. E uma camisa do Flamengo foi jogada as chamas. De nada tinha haver as vestes com o estado do possuído, porém, o padre Cleber era Vascaíno fanático e com certas coisas ele não brincava.

Enquanto isso...

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... Carlos Manuel e George relembravam de suas aventuras, decidiram, após o nono caneco de chope e de mais alguns abraços entusiasmados e de palavras carinhosas do tipo: “seu puto”, “seu gay”, que iriam até a zoninha tomar a saidera. Carlos Manuel na direção e George ao seu lado roncando e babando. Carlos Manuel que ainda morava na casa da mãe decidiu passar na residência para ver se estava tudo bem. Ao chegar à frente da casa, dona Lurdinha abre a porta e George acorda, dizendo: “C.... que p... mais feia!”

Enquanto isso...

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... Todos os dias às nove da manhã muda o locutor da rádio. Duas buzinadas. Alguns cachorros latem e vem aquela ruiva na sacada com um sinal de que o deputado irá descer. Todo o dia João pensa “com toda essa grana e uma empregada feia como essas?” Certo dia, já com o deputado dentro do carro a caminho da assembléia legislativa, João abaixa o volume do rádio e pergunta a Ivoney, mais conhecido como “Ivomoney”: “Senhor, não querendo ser indiscreto, mas se precisar de uma nova empregada eu conheço uma moça que mora lá perto de casa, ela é novinha, bonitinha... se o senhor quiser, posso recomendá-la...”

― Do que você está falando, João?

― É essa sua empregada, senhor!

― João, eu não tenho empregada, somos lá em casa apenas eu e minha esposa!

Às nove da manhã na manhã seguinte, muda o locutor da rádio, mudou também o motorista do deputado.

Enquanto isso...

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... “Sai desse corpo coisa rubro negro” dizia o padre Cleber. E o vivente se retorcia em espasmos e profanava palavras santas: “Robertoooo... Romáriooooo... Juninhoooo... Edmundoooo”. Padre Cleber ofendido com as injúrias pegou de sua pasta a Cruz das Cruzes, a Cruz de Malta. E a ergueu sobre seu corpo, ergueu-a alto dizendo mais uma vez: “sai desse corpo coisa rubro negro”. Ao tempo em que a cruz encostou sobre um fio desencapado de um bocal logo acima de sua cabeça. Padre Cleber ao levar o choque achou que a coisa estava saindo do corpo do moribundo e tentando entrar em seu próprio corpo, assim, em meios aos tremores disse: “volta para o corpo que te pertence coisa rubro negro”.