Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Ela sempre estava lá. Ela era como uma voz que me chamava em meus sonhos. Como um lindo olhar apontado para as coisas que só ela é capaz de entender.
Quando eu estava acordado era ela que me fazia adormecer em seus braços receptivos e calorosos. Ela que é mais velha que eu e me levou por estradas e caminhos que sempre me mostravam alguma direção. Ela que sempre me conduziu por seus mistérios, por caminhadas que faziam me renovar. Ela que é a detentora das minhas memórias e das minhas mais doces lembranças.
Ela que é ganhadora das minhas perdas e de muitas de minhas lágrimas e dos meus sorrisos. Dos azuis céus de invernos da minha alma. Das nuvens rubras do meu coração às verdes árvores que me acobertam com suas sombras.
Ela sempre estava lá. Ela que pertence a cada estação que respiro seus ares e seus cheiros, quando beijo seu límpido azul lábio de frutas agridoces. E quando penso nela flutuo como a mais leve brisa da paixão.
Ela sempre estava lá... Quantas saudades.
A vida longe dela passa como anos intermináveis, como uma clareza obscura e uma limpeza empoeirada. É um gosto amargo a cada novo dia longe dela, e, mesmo assim, todas as noites eu durmo com ela e todos os dias eu acordo com ela, porque é só você que me leva a sentir coisas ilimitáveis, como ouvir a sua voz me chamando para perto do brilho dos seus olhos de lua e de seus braços envoltos em nevoas.
Ela que sempre estava lá.
A cada nova canção dedilhada em meu violão penso que a nossa distância é meramente um piscar de olhos entre dois seres que se entendem na imensidão das lágrimas. Então, eu sinto você rufar no meu peito pelo lugar onde eu pertenço. Quantas saudades de você.
Eu que nunca te reguei e que nunca sequer lhe trouxe um punhado de adubo, deito-me sob suas frondosas folhas e você ainda me dá de seus frutos e flores. Dá a minha vida, pois, sem você eu jamais existiria. Quanta gentileza sua, quanta amorosidade... Por isso, esses meus versos são todos para você.
Eu sei, eu deveria estar aí contigo, minha casa, meu lugar, onde eu sei que existo, meu lar, minha cidade, pois, você sempre esteve aí comigo, minha São Bento, minha na(morada).