Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
A frase acima deixaria muitos entusiasmados, caso fosse, exemplificando, pronunciada por um atleta, que por mérito venceu seus próprios desafios e alcançou o lugar dos campeões, ou, por algum líder governamental que fez muito além das propostas partidárias, e isso se reverteu em benefícios à sua população. Mas essa frase é um ledo engano.
“Melhor ir longe demais do que não ir longe o suficiente” foi repetida por Stalin em março de 1940, na ocasião da assinatura de um documento que, por sua ordem, determinava a morte de mais de 14 mil oficiais poloneses, na floresta de Katyn*. A frase original foi usada pela primeira vez por Nikolai Lejov, responsável pela execução de 110 mil poloneses civis, em 1937.
A frase começa a perder um pouco do sentido de benevolência, não acham?
Mas nem toda violência é característica exclusiva das grandes guerras, visto que fatos violentos nos cercam constantemente. Wellington M. de Oliveira, o atirador da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, deixa carta com teor fundamentalista-religioso. Anders Bejring Breivik mata 68 compatriotas na Noruega, neonazista e fundamentalista-étnico. Dzhokhar Tsarnaev e seu irmão que detonaram os explosivos na maratona de Boston.
A violência é uma sucessão de atos, conscientes ou não, que causam danos físicos, psíquicos, morais a outrem, que por sua natureza não permitem a evitação imediata de seus efeitos.
Porém, nem sempre a violência é pública tal como vemos nas manchetes dos jornais ou nos diversos meios de comunicação. Há, também, as violências menos explícitas, contudo, não menos danosas. Entre elas, a violência no seio da família, nas escolas, nos hospitais, na vida social em geral. Quando desqualificamos as diferenças, olhando apenas para nós mesmos e nunca para fora do alcance de nossos olhos ou, ao contrário disso, quando só vemos o outro.