Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Manoel havia comprado as alianças e pediria Maria Fernanda em casamento enquanto fariam um passeio de balão. Organizou as taças e a champagne e também contratou um fotógrafo que ficaria disfarçado de co-piloto.
Maria Fernanda bem que estranhou quando o pseudo co-piloto começou a tremer quando o solo ficou para trás.
O fato de se pedir alguém em casamento nas altitudes é que limita as chances das pessoas saírem em fuga ― pensou Manuel ― a não ser que elas tivessem um paraquedas ou fossem suicidas.
Enfim, a pergunta:
― Maria Fernanda? ― disse Manoel, que fazia sinal para fotógrafo se levantar do fundo do cesto do balão.
― O quê? ― perguntava Maria Fernanda, surpresa com o fato de o “co-piloto” recusar a se levantar.
― Você aceita se casar comigo?
Manoel com os olhos em lágrimas e queixo tremendo não por causa do nervosismo, mas pelo frio que fazia lá em cima, sorriu e esperou por uma resposta enquanto um grupo de gaivotas sobrevoava o balão.
― Não! ― Falou Maria Fernanda, com uma voz quase fraternal.
A cara embasbacada de Manoel foi clicada pelo fotógrafo que permanecia sentado...
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Gertha é amiga de Gertrudes e Gertrudes e Gertha são amigas de Ingrid.
Gertha senta-se na parada do ônibus esperando as amigas que irão juntas ao baile da Melhor Idade.
Chega Gertrudes e diz: ―Bom dia!
Gertha responde: ―Bom dia!
E depois de alguns segundos se achega Ingrid que diz: ―Bom dia!
Gertha responde: ―Bom dia! Gertrudes responde: ―Bom dia!
Ambas estão aguardando a chegada do ônibus...
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... ― Como assim... não quer se casar comigo? ― perguntou Manoel, com as alianças nas mãos.
― Amor... ― disse Maria Fernanda. ― Não precisamos dessas convenções para gostar um do outro.
― Mas é que eu pensei... ― questionava Manoel.
Não deixando Manoel continuar, Maria Fernanda falou:
― Não precisamos disso para ser feliz.
E as alianças voavam para fora do balão num gesto de desprendimento de Maria Fernanda e mais um clique na cara de espanto do Manoel foi registrada. Uma das gaivotas abocanhou as alianças em pleno voo.
― Escolheremos a felicidade, meu amor, ao casamento! ― gritava, entusiasmada, Maria Fernanda...
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... Gertha dizia às amigas que estava se esquecendo de algumas coisas e por isso antes de sair de casa tomou o café da manhã pela segunda vez. Gertrudes concordou e se dizia sofrer do mesmo mal e que não lembrava se havia tomando banho – e por isso tomou um segundo por garantia. Ingrid disse “Bom dia!” novamente.
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Minutos depois Manoel aceitava a sua condição. Logicamente lembrou que não poderia sair do balão por não ter pára-quedas e por não ser suicida. Então, Maria e Manoel abriram as champagnes e brindaram juntos com o piloto e o pseudo co-piloto do balão, comemorando o não casamento, e assim, viveram felizes para sempre.
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Na volta para casa, Gertha, Gertrudes e Ingrid tentavam lembrar o nome do velhinho saradão que dançou com mais de cinquenta mulheres naquela tarde.
― Como era mesmo o nome dele, Gertrudes? ― perguntou Gertha.
―Sei lá... Acho que era Pedro... Paulo... Ptolomeu... Começava com “P”, não era Gertrudes?
― Não consigo lembrar... ― dizia Gertrudes ― Como era mesmo o nome dele Ingrid?
Então Ingrid respondeu: ―Bom dia!