Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Muitos diriam: “Cara estranho!”. Poderia ser, porém, Mauro Alexandre era um observador cauteloso às minúcias do dia a dia.
Por hábito do senso comum, o pai do Mauro falou há tempos que havia um ruído estranho no carro: “... acho que tem um grilo no motor...”. E na volta para a casa depois de um dia inteiro dedicado ao seu trabalho, o pai encontrou o motor do Opala ano 77 desmontado em mil pedaços pela garagem. Coincidência ou não, sorridente, Mauro entregou para seu paizão o grilo esverdeado que encontrou próximo ao Giclê.
Mauro só tinha quatro anos e compreendeu naquele mesmo dia o que era um radiador fervendo quando viu o pai se avermelhar de raiva; aprendeu também os conceitos de motor “batendo” e quebra de “cabeçote”.
Com as peças que sobraram do motor do Opala, Mauro fabricou seu primeiro carrinho de rolamento impulsionado por quase duzentos cavalos de força. Mais tarde introduziria o motor 6 cilindros na cadeira de rodas do avô, tudo para que o velhinho pudesse se locomover mais rapidamente até a banca mais próxima do jogo do bicho.
Na adolescência, enquanto os outros garotos estavam interessados em observar as marcas que o biquíni deixava nas costas, seios e nas nádegas das meninas quando estas ficavam estiradas sob o Sol, Mauro observava a marca esbranquiçada do relógio em seu pulso. Mauro inventou naqueles dias de verão o primeiro relógio portátil com indicadores de intensidade dos raios solares UVA, UVB, UVC. O relógio foi um sucesso e permitiu que Mauro recebesse uma boa quantia em dinheiro pela venda da patente. Também permitiu que Mauro conhecesse a sua primeira namorada e assim foi também que seu dinheiro evaporou.
Porém, Mauro não se ressentiu, e como era um exímio observador, entendeu que não importava o tamanho do bíceps ou quantos centímetros de peitoral os homens tinham, porque as mulheres tinham interesse em outra parte da anatomia de um homem mais do que em outras, em questão: a bunda!
Isso era comprovado cientificamente. Mas por quê? Qual a relação entre os macacos de bunda vermelha e os homens? Ser um bundão teria lá as suas vantagens para conquistar as mulheres?
Enquanto estudava tal ocorrência, Mauro Alexandre resolveu fazer uma tatuagem de um pé de maconha no próprio pé. Aquilo acabou se tornando o símbolo da legalização entre os militantes da causa. Já a polícia quis arrancar a tatuagem como alguém que quer cortar o mal pela raiz. Mauro precisou desenvolver uma cueca reforçada feita a partir das fibras de coco e do pau-brasil, para se proteger enquanto ficaria detido nas três semanas seguintes. Precisou consequentemente pagar propinas aos guardas para que o liberassem com maior antecedência. E ao retirar da carteira algumas notas de Reais (R$), um dos guardas disse: “É mesmo um bundão!”.
Estava aí a tese que faltava.
Não era exatamente a bunda, mas o volume que a carteira dava aos bolsos das calças masculinas. Era uma questão inconsciente - o próprio Sigmund Freud entendia que havia uma proximidade entre o dinheiro e as fezes. Mas são coisas que nem Freud sabia explicar direito.
Contudo, Mauro fez seu experimento para observar com um olhar clínico esse fenômeno. Enchendo a carteira com algumas notas de dinheiro, saiu pelas ruas com a calça avolumada na parte de trás e pressentiu que o processo daria resultado, logo sentiu um passar de mão em suas nádegas... Alegrou-se e rapidamente se entristeceu, pois havia sido furtado... Por um homem.
Mauro Alexandre atualmente está desenvolvendo um desodorante “Transpirante” com essência de sovaco, que além de deixar a pessoa cheirosa, ainda emagrece na transpiração. Os primeiros testes foram um sucesso.
E Mauro está com uma nova namorada.