Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Ele estava lá
Nos momentos de sucesso, ele estava lá. Assim como nas ocasiões de fracassos.
Creio que nos instantes de menor importância, aqueles instantes rotineiros do dia a dia, na hora de assistir a TV, ao ler um livro, na roda de chimarrão, ao tomar o café da tarde, enfim, ele estava lá.
E como a vida é tecida no tear do tempo, posso afirmar que ele carregou as linhas mais coloridas por onde esteve. Perpetuando contentamentos e prolongando sorrisos sob a superfície da terra.
Ele completava uma família. Fosse como fosse, nas situações adversas ele estava lá, na prosperidade primaveril ou nas aflições geladas do inverno.
Ele era sincero em seus sentimentos.
Caso gostasse de alguém, ganhava a sua confiança, caso contrário às circunstâncias, era indiferente ou hostil.
Dizem que “o melhor espelho é um velho amigo”. Ele era sim essa magnífica projeção refletida da amizade, um grande amigo. Pois sabia de todos os piores defeitos que tínhamos e, mesmo assim, ele nunca deixou de nos gostar.
Nunca ouvi um conselho dele, penso, talvez, que ele nunca quis saber destas convenções estúpidas carregadas de artimanhas, ludibriadas por manipulações.
Ele sempre foi muito instintivo.
Jamais olhou para os outros por aquilo que possuíam, fosse roupa bacana, carros, pois sabia que dinheiro até poderia trazer dias alegres, mas não poderia criar a felicidade. Olhava para as pessoas sem o interesse de quem quer se aproveitar. Aproximava-se dos outros pelas virtudes que eram transmitidas.
Lealdade, amizade, beleza, são apenas algumas palavras que poderiam descrevê-lo.
Agora ele descansa sob a mesma terra em que um dia pisou. Sobre a terra em que um dia correu e brincou, sobre a terra em que um dia colheu as mais bonitas flores.
Sobre as folhas e flores que o cobrem, percebo que ele nunca precisou da ostentação vaidosa e plastificada, nunca precisou fazer uso de palavras que chicoteiam a alma para se impor.
Agora, sobre os seus restos sepultados, percebo que o ser humano seria perfeito caso fosse como ele.
À memória de Toy, um pequeno grande cão, nascido no ano de 1996 em São Bento do Sul e falecido em 2013 na mesma cidade.