Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Quando passei o olho no título “50 Tons de Cinza”, de E.L. James, há algum tempo, logo me lembrei de São Bento do Sul, mais precisamente no inverno platô são-bentense.
Inverno que mescla um cinza níveo quando está um dia de céu de brigadeiro e do nada vem uma neblina e encobre toda a cidade. Às vezes é um cinza chumbo asfáltico, com nuvens que parecem estacionar sobre a urbe durante semanas, ou dos outros tons de cinza, cinza garoa, cinza sincelo, cinza foligem aderidas às folhas secas.
Porém, o Brasil não combina com a cor cinza gélida, principalmente quando temos um verão que atinge mais de 40°C. Uma floresta de uma imensidão esverdeada, rio Negro e Solimões que misturam suas cores, uma costa que agracia um sobejo atlântico azulado.
Amarelo... Isso! O meu Brasil é amarelo. Começa pelo sol, que parece serem dois sóis de tão quente que é esse país tropical. Amarelo dourado é a cor da pele das mulheres que se bronzeiam referenciando o Astro Rei, corpos curvilíneos que brindam os olhares e povoam a imaginação dessas polinizadoras belezas. Corpos que pungem fantasias.
Amarelo ouro é a cor da bebida que mais combina com esse povo pacífico. Líquido divino e refrescante que está presente nas quatro estações do ano. Manjar de espuma cremosa. Ambrosia em copos suados. Cereal fermentado de hidratação. Um brinde a você, cerveja!
Girassóis, maracujás maduros, bananas, abacaxi, ameixinhas colhidas da árvore, o amarelo na bandeira de meu país.
A amarelinha. Ah, amarelinha! Vejo você estufada no peito de milhares de apaixonados e de súbito lembro-me dela vestindo a corpo do meu avô. Uma lembrança quase borrada pelo tempo, quase se amarelando na memória, mas, que está ali, latente, esperando ressurgir em um grito de gol!
O fusca amarelo de minha avó.
Sim... Tons de amarelo. Amarelo tem a cor da alegria, tem a cor do verão e do sol luminoso que aquece uma parte do universo. Que aquece e acolhe uma parte calorosa de nós mesmos.
Amarelo esfumaçante é a cor cheirosa de um pão de milho recém fatiado. Dos doces quindins. Amarelo é o dia quando se lê “O Coração Amarelo” de Pablo Neruda.
Amarelo é a cor da descontração. Da iluminação. Da prosperidade.