Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Rudolf e Roy (parte final)
Na ida para o colégio Roni encontrou Rafaela.
― Ela parece um anjo. ― Rudolf falava com toda a emoção de um apaixonado... ― Não exagera, há melhores, mas dá um caldo essa periguete. ― Dizia Roy em desdém.
― Como se atreve Roy?
― O que foi Rudolf, se você gosta tanto dela vai lá!
― Mas, mas...
― Eu sabia, tu és um cagão mesmo. Você envergonha a mim e ao Roni.
Mesmo tremendo as pernas Rudolf foi até a Rafaela e para falar com ela começou a recitar Cecília Meireles : ...Tenho fases como a lua.../ No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua/ E, quando chega esse dia, o outro desapareceu....
― Não desapareceu, não. ― disse Roy. ― Chega para lá Rudolf, vou te mostrar como é que se faz! Tenho placas, como as ruas.../ No dia de alguém ser meu, é dia de eu ser seu/ E, quando chega esse dia, esse dia é o meu... E Roy tasca um beijo em Rafaela .
Paft! Foi o barulho que fez o penal em formato de melancia ao acertar o rosto de Roni.
― Bonito! Vocês dois aprontam e quem leva a pancada sou eu! ― Disse Roni.
Era demais para a cabeça de Roni. Enquanto Rudolf recitava poesias, Roy declamava piadas de veados, de gordos, e de portugueses. Enquanto Rudolf plantava repolho para mais tarde fazer chucrute, Roy irrigava as mesmas com sua urina. Rudolf o amante das mulheres, Roy o terror das mulheres. Era Rudolf fazer novas amizades com seu jeito carinhoso que ao mesmo tempo Roy dava um soco no olho como um boxeador amador. Não dava mais, dizia Roni para si mesmo.
***
Anos haviam se passado e quando a situação havia ficado insustentável, Roni foi se consultar com um gestalt-terapeuta, e dele ouviu que Roy e Rudolf eram criações da própria imaginação. Ao término da consulta saiu com uma ideia.
― Roy, Rudolf. Onde vocês estão?
― Estou aqui Roni, lendo um pouco para o Roy... ― Eu estou aqui cara, meio de ressaca e tendo que ouvir o Rudolf e seu existencialismo romântico.
― Eu queria apresentar duas pessoas para vocês.
― Quem é Roni? ― Perguntou Rudolf.
― Espero que tenha uma bunda grande. ― Falou Roy.
― Ah, elas já estão chegando aí. Lá vai! Rudolf, essa é para você aprender a lidar com seus medos, fobias, sua timidez...
Enquanto Roni falava, apareceu uma morenaça de chicote, espartilho de borracha e máscara da mulher-gato. Laçou Rudolf com seu chicote e o beijou com seu batom vermelho Ferrari. E cada vez que Rudolf tentava falar algo romântico para ela, com mais beijos eram preenchidos sobre as suas falas.
Vendo aquilo, Roy já se sentia curado da ressaca. ― Que beleza Roni, já era hora de mandar umas gatas para cá, vai cara, capricha aí na minha!
― Gostou Roy, lá vai a sua.
No meio de uma fumaça sai uma mulher misteriosa... De máscara também? Não, eram os óculos dela. Salto alto? Sim, dava para escutar o barulho, ploc, ploc, ploc. Deve ser salto agulha? Não, mais de perto dava para ver quer eram tamancos. Acho que ela tem chicote também... Não, não era chicote, era uma espécie de vareta. Vareta? ― Mas que diabo é isso Roni? Quem é essa mulher... Ah não, mamãe!
― Roy, você foi um menino mal educado, agora vou te endireitar! ― Disse a mãe de Roy.
Assim Roni conseguiu viver sem problemas. Atualmente, Rudolf perdeu seus medos e aprendeu a falar alguns palavrões. Roy está aprendendo sobre poesia e como comer sem arrotar.