Psicólogo Clínico Gestalt-terapeuta
CRP 12/07911
Há poucos dias, o ministério público ficou de verificar possíveis irregularidades na construção de alguns imóveis na praia da Joaquina – Florianópolis-SC, onde, tais prédios teriam sido erguidos em terrenos da União.
E não é por acaso que alguns turistas que por aqui chegam, perguntem: “Você não sabe onde fica a praia tal...?” Logo a resposta surge: “ Tal praia está ali a 20 metros, se você passar pelos prédios conseguirá ver o mar!”
Parou no semáforo já vêm pessoas entregando folder de novos imóveis. A ilha um dia afunda com todo esse crescente imobiliário!
Em São Paulo entregaram apartamentos de luxo, com mais de 500 metros quadrados de área privativa. Nesses, descritos como de luxo superior, não oferecem “espaço zem”, não há churrasqueiras, nem brinquedoteca, porque isso é coisa de gente que ganhou algum dinheiro, mas não têm classe. Porém, nesses de luxo, há seis vagas de garagem, closet para ele e closet para ela, sala para o motorista, adegas, espaços para home theater, chapelaria e espaço para pratarias.
Esse empreendimento retrata bem o nosso Brasil, um país potencialmente rico e para todos, embora, ao olharmos com cuidado a planta do edifício, nos deparamos com o Brasil de verdade, pois, dos 500 metros quadrados, apenas 2 metros por 1,95 metros foi destinado às dependências da empregada, ou seja, menos de dois metros quadrados.
É preferível a doméstica dormir na garagem... É mais espaçoso.
E de se pensar que num país que arrecada mais de um trilhão (1.000.000.000.000) de reais por ano em impostos, que cresce em novos empreendimentos em diversas áreas, é incapaz de avançar à diminuição das desigualdades sociais.
Vivemos todos nesse mesmo Brasil – sob o mesmo teto – separados por um abismo.
(Reportagem dos prédios de S.P /revista veja, 23/11/2011)