Joinville - Quase um mês após a apresentação da proposta de compra do terreno e maquinários da Busscar pela Caio Induscar, de Botucatu (SP), a 4ª Vara da Justiça do Trabalho de Joinville negou o pedido e determinou uma nova avaliação dos bens da empresa joinvilense. A intenção é que o processo esteja concluído até novembro.
A Justiça acatou questionamento feito pelos acionistas da Busscar, alegando que a oferta de R$ 40 milhões estaria muito abaixo do total dos bens da empresa. Para esclarecer a dúvida do valor do grupo, o juiz Nivaldo Stankiewicz pediu a atualização de valores.
Confira a trajetória da Busscar na busca por soluções
Em uma intimação que será publicada no “Diário Oficial” nesta sexta-feira, a 4ª Vara autoriza ainda a Caio a participar dos futuros leilões da Busscar, concorrendo em condições de igualdade com outros proponentes.
Os diretores da companhia paulista reuniram-se no final da tarde da quinta-feira para avaliar a resposta. A intenção da Caio é esperar a conclusão da análise dos bens para decidir se permanece como interessada no negócio.
Na Busscar, a proposta de pagamento de R$ 40 milhões parcelados em 10 vezes não chegou a ser apresentada oficialmente. De acordo com o gerente de tecnologia de informação da empresa, Esbaldini Testoni, o valor é irrisório diante do montante de dívidas trabalhistas e até da cotação de mercado para o terreno de cerca de 330 mil m² .
— Sempre fomos contrários a essa ideia. Seria muito fácil para a Caio pagar muito barato e levar tudo o que temos aqui. Seria algo como jogar os mais de 70 anos de história na lixeira—, analisa.
Segundo ele, documentos contábeis da empresa mostrariam um valor aproximado de R$ 90 milhões por todos os seus bens. Outro ponto que preocupa os funcionários da ativa é que a empresa não compraria a marca Busscar, o que causaria incertezas quanto ao futuro destes profissionais.
O presidente do Sindicato dos Mecânicos, João Bruggmann, acredita que os trabalhadores já esperavam que a oferta fosse recusada.
Na próxima semana, um grupo de fundos interessados em investir na Busscar deve se reunir com o presidente da companhia, Cláudio Nielson.
Empresa planeja se expandir
Protocolada pelo Grupo Caio em 28 de setembro de 2011, a proposta de compra da Busscar tinha dois objetivos claros: atender à demanda de pedidos que sobrecarrega a unidade de Botucatu e expandir a atuação da empresa no mercado através do desenvolvimento de um novo produto no segmento rodoviário.
A Caio iniciou suas atividades em 1946, mas somente na década de 80 a fábrica de Botucatu foi inaugurada. Em 2001, a empresa teve seu parque fabril e o direito de uso e comércio vendidos para o Grupo Ruas, detentor da Induscar. Em 2009, ela passou a se chamar Caio Induscar. Hoje, a companhia emprega cerca de quatro mil funcionários diretos e fabrica cerca de 40 carrocerias por dia.