Nos primeiro dias da missão empresarial brasileira na China, empresários se surpreendem com os preços do país asiático e com as dimensões da Canton Fair
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Guangzhou - Um grupo de 132 brasileiros, sendo 60 catarinenses, está participando de uma "maratona" para conhecer os produtos e serviços oferecidos por 23.700 empresas de todo o mundo para ter referenciais de mercado e aprimorar seus processos produtivos. Eles participam da missão empresarial à Feira de Importação e Exportação da China (Canton Fair), que segue até a próxima quarta (19) e que é coordenada pela pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) em parceria com a Confederação Nacional da Indústia (CNI). A missão também inclui visitas técnicas a indústrias chinesas de referência no mercado internacional e ao porto de Shangai, o maior do mundo em movimentação de cargas. Ao todo, são mais de 150 mil produtos apresentados em um espaço de 1,6 milhão de metros quadrados. A expectativa dos organizadores é de atrair 280 mil visitantes de todo o mundo.
As dimensões e a diversidade da feira multissetorial chamaram a atenção do empresário Gonçalo Pereira, da empresa Bumerangue, que fabrica esteiras transportadoras de plástico e que busca parceiros comerciais na feira. "A variedade de produtos é inexplicável, uma diversidade que não encontramos em outras feiras", diz. Outro quesito ressaltado pelos participantes é o preço dos produtos. "Uma máquina de injeção de plástico, que na Alemanha em geral custa U$ 500 mil, aqui pode ser encontrada até por U$ 250 mil", relata Gonçalves.
O preço dos produtos também assustou o 1º vice-presidente da FIESC, Mário César Aguiar, que lidera a missão catarinense à China. Em sua opinião, se por um lado isso ajuda na competitividade das indústrias do estado ao favorecer o aprimoramento do parque industrial, por outro esse efeito prejudica as empresas nacionais que produzem máquinas e equipamentos para a indústria.
"Ver como está a competição com os chineses nos faz ter a certeza de que, para conseguir produzir com preços competitivos e incluir mais produtos industrializados na pauta de exportação do país, é preciso reduzir a carga tributária, rever nossa legislação trabalhista arcaica e parternalista, além de melhorar a infraestrutura disponível e o acesso ao crédito", ressalta Aguiar. Para outros empresários, a Canton Fair também é uma oportunidade para encontrar fornecedores de insumos, o que permite à empresa centrar-se em seu negócio principal, que é agregar valor por meio da tecnologia. É assim na empresa Sultech Sistemas Eletrônicos, que procura peças básicas microchips. "Nós nos concentramos na tecnologia e no conhecimento, e deixamos o trabalho braçal para ser feito fora. Focamos em aspectos que realmente agregam valor, como montagem, desenvolvimento, calibragem e teste final", explica Ângelo Scomazzon.
O incentivo à exportação é um dos objetivos do stand Brasil, que tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Agência de Promoção de Exportações (Apex Brasil) e China Trade Center. No espaço, quatro empresas brasileiras estão expondo seus produtos e prospectando novos clientes dos cinco continentes.