Um dos personagens do possível sumiço de R$ 51,7 milhões na Celesc, o dono da Dogma, Claudio Sebastião de Oliveira, falou pela primeira vez sobre o assunto. As declarações dele ganharam importância porque a consultoria KPMG, quando descobriu o sumiço do dinheiro, foi informada de que os dados referentes ao valores desaparecidos estariam com a Dogma.
Tudo falso, garante Oliveira, afirmando que nunca “todos os dados” da Celesc passaram pela empresa dele. Ressalta que a estatal é imensa se comparada à Dogma.
A distribuidora fatura R$ 6 bilhões por ano e o contrato com a terceirizada previa pagamento de R$ 5 mil por mês, num primeiro momento, e R$ 7,5 mil mensais após a renovação.
Ele diz, ainda, que todas as informações que possuía da Celesc foram encaminhadas à consultoria KPMG.
Durante a auditoria, questionado pela KPMG sobre os dados que faltavam, Oliveira enviou um e-mail para a consultoria comunicando que eles estavam num pen drive roubado em um assalto a outra empresa de sua propriedade.
As informações seriam sobre as faturas em atraso e justificariam os pagamentos à Monreal, que somaram R$ 133,3 milhões entre 2004 e 2009. O mesmo material não foi encontrado na Celesc e teria sido perdido durante a troca de sistemas de informática. Por isso, a KPMG não encontrou explicação para o repassea de quase a metade do valor que a Monreal recebeu.
A solução seriam os dados entregues para a Dogma, já que a empresa era responsável pelo software que gerenciava as contas a receber da Celesc. Mas Oliveira repete que tais informações jamais foram encaminhadas para a Dogma.
E acrescenta que qualquer pessoa racional percebe que o cadastro dos inadimplentes da Celesc, que engloba milhares de pessoas e empresas que devem centenas de milhões de reais, não caberia apenas num pen drive. Só não explica por que alegou isso em e-mail enviado à consultoria.
A auditoria da KPMG, além de não encontrar comprovações para os R$ 51,7 milhões pagos à Monreal, também constatou que os departamentos contábil e financeiro da Celesc tinham informações desencontradas sobre os pagamentos.
A assessoria de imprensa da estatal informa que o assunto é tratado por um inquérito sigiloso e que maiores detalhes devem ser obtidos com os diretores e presidentes anteriores.
Um dos presidentes da estatal à época e hoje vice-governador, Eduardo Pinho Moreira, afirma que os dados estão na distribuidora e que serão encontrados pelo inquérito.
Presidente entre setembro de 2005 e janeiro de 2007, Miguel Ximenes de Melo Filho declara que pode ter havido algum erro, mas nunca em valores tão altos. Carlos Rodolfo Schneider, presidente de janeiro de 2003 a setembro de 2005, garante que o valor pago à Monreal nos dois anos de seu mandato não passou de R$ 6 milhões.
A informação bate com o levantamento do conselho fiscal da estatal, que aponta aumento de 2.571% nos pagamentos à Monreal no período de 2004 a 2008, com as maiores altas a partir de setembro de 2005.