Por Vinícius Machado*
No ano passado, foram feitas quase 42 bilhões de transações utilizando o pix, segundo informações da Federação dos Bancos do Brasil (Febraban), o que tornou este o meio de pagamento mais popular do ano. Ainda, de acordo com o Banco Central, o uso e aceitação do pix tiveram crescimento de 75% em 2023 em relação ao ano anterior. No e-commerce, por exemplo, ele já representa 30% de todas as transações realizadas, segundo relatório da Worldpay. Esse sucesso se deve, em partes, por conta da simplicidade de uso desse meio de pagamento e pela instantaneidade que ele proporciona, além da ausência de taxas.
Essas características, inclusive, são as que fazem o pix já ser um processo comum no cotidiano da população. Ele garante inclusão financeira, além de alto nível de acessibilidade. Por exemplo, de acordo com a pesquisa Mercado da Maioria, que analisa os hábitos e formas de consumo dos indivíduos das classes C, D e E, 66% das pessoas já usam o pix como principal meio de pagamento no dia a dia. Mesmo em meio às possíveis desvantagens, como as fraudes, similares a qualquer outro meio de pagamento, o pix ainda se destaca.
Inclusive, desde o lançamento dele, lá em 2020, em plena pandemia de Covid-19, ocorreram diversas transformações que moldaram como o pix funciona atualmente. Em especial, destaco a dinâmica do uso e a agilidade das transferências, assim como a digitalização dos processos financeiros, o que resulta diretamente no estímulo ao aumento das vendas com significativas reduções de custo. É muito comum, por exemplo, que as lojas ofereçam pagamento via pix com 3 ou 5% de desconto no valor original. Arrisco dizer ainda que foram esses contextos que aceleraram a adoção do pix como meio de pagamento de tanto sucesso.
Até então, havia a necessidade de modernização dos sistemas de pagamento, pois os meios tradicionais como DOCs e TEDs eram onerosos e lentos em comparação a essa nova possibilidade. Além disso, o crescimento da economia digital e o avanço do e-commerce, assim como o aumento no número de profissionais liberais, demonstravam a necessidade e o caminho para um serviço como o pix. Somado a pandemia, esse processo foi totalmente catalisado, acelerando a tração e rápida adoção, uma vez que o mercado entendeu os benefícios do pix e a segurança do uso.
Segundo o IBGE, em 2022 o número de profissionais liberais no Brasil atingiu a marca de 25,7 milhões de pessoas. Além disso, de acordo com dados da ABCOMM, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, a previsão é que este ano o faturamento do e-commerce atinja R$205,11 bilhões, número 10,45% maior do que a previsão de vendas para 2023. Assim, percebo que o pix tem grande potencial para atingir ainda mais modelos de uso.
Aqui na Horizon Pay, spin off da RPE, Retail Payment Ecosystem, empresa focada em soluções de meios de pagamento para varejo, bancos e fintechs, adotamos duas linhas de negócio que utilizam a estrutura pix como base. Uma delas é o pagamento de faturas por pix utilizando aplicativos, pontos de venda, caixas da loja, sites e faturas PDF ou impressas, assim como outros canais, para facilitar o pagamento de faturas dos cartões private label, numa solução chamada PIX Fatura.
Ela utiliza como base um modelo de Orquestração de PIX Multi-bancos. Isso nos permite orquestrar desde a criação, gestão e manutenção de diversas chaves PIX entre emissores e suas instituições financeiras, até os vínculos aos portadores de forma individualizada, finalizando no processo de baixa de pagamentos em tempo real. Como grande vantagem dessas soluções, temos o tempo de ativação da plataforma, alta escalabilidade e confiabilidade no serviço.
Ao inserirmos a estrutura de pagamento de faturas por pix, entregamos ao portador uma experiência muito natural para pagar a fatura, seja de forma total ou parcial, em toda a jornada. Além de poder constar na própria fatura, temos opções de canais digitais e integração para outras plataformas. O resultado é que toda essa estrutura gera restituição do limite em tempo real. Em ambientes de loja, essa estratégia favorece a recompra e estimula a relação entre cliente e varejo. Além disso, o pix permite a redução da inadimplência, maior controle por parte dos consumidores e gera espaço e potencial para criação de novos serviços que impactem a economia de forma geral.
Outra solução que oferecemos é o Pix Card, que nos permite utilizar, via estrutura PIX, o limite do Private Label em qualquer estabelecimento que recebe PIX. Com isso, os emissores, como lojas, supermercados e estabelecimentos, podem entregar uma solução muito mais aderente ao público e favorecer a fidelização da carteira.
Para o futuro, no mercado brasileiro, temos ainda a possibilidade do pix offline, que está em desenvolvimento pelo Banco Central. Sem dúvidas, esse será um modelo para favorecer o aumento do uso desse meio de pagamento, permitindo transações mesmo com oscilações de internet em áreas mais remotas. Isso também vai aumentar a acessibilidade de uma parte da população a essa modalidade, então não tenho dúvidas que novos negócios começarão a surgir a partir dessa possibilidade.
*Vinícius Machado é Diretor de Portfólio na RPE - Retail Payment Ecosystem.