Em um cenário de incertezas e instabilidades globais duradouras, em que crises se acumulam e se sobrepõem, como o Brasil pode minimizar os impactos desses desafios? A resposta é complexa, mas o consenso entre especialistas presentes em evento na Federação das Indústrias de SC (FIESC), nesta quarta-feira, dia 5, é de que sem equilíbrio fiscal, tributação justa e sem otimizar e melhorar a gestão pública, o país pode perder oportunidades relevantes que se configuram nesse momento de “permacrise”.
O termo, criado para descrever a sensação de viver num mundo de intensa instabilidade e incerteza, motivadas por uma competição entre grandes potências e conflitos geopolíticos, mudanças climáticas e inteligência artificial, tem sido tema de discussões no mundo todo. No centro do debate, estão os impactos da instabilidade financeira e a imprevisibilidade política do atual cenário mundial nas empresas e como elas podem se preparar melhor para o futuro.
O presidente da Federação, Mario Cezar de Aguiar, destacou a necessidade de o empresário estar atento a essas crises e aos impactos delas em seus negócios e na economia do país. “Pela característica de internacionalização de Santa Catarina, com sua dinâmica corrente de comércio, as indústrias precisam estar preparadas para enfrentar os desafios da geopolítica e para os desafios e oportunidades que elas representam para seus negócios”, destacou.
O economista e diplomata Marcos Troyjo explicou que o Brasil atualmente se encontra em uma posição ímpar no cenário geopolítico, listado entre os que chamou de países pendulares. Em um ambiente internacional tendendo a um acirramento da competição entre Estados Unidos e China, o Brasil - que possui boas relações comerciais com ambos, é populoso e conta com um posicionamento geográfico atrativo do ponto de vista de realocação de unidades fabris - pode aproveitar oportunidades para se desenvolver.
Na avaliação da presidente do conselho de administração do Santander Brasil, Deborah Vieitas, esse contexto torna o Brasil um dos países mais atrativos para se investir, a despeito da necessidade de um ajuste fiscal mais restritivo e da elevada carga tributária. De acordo com ela, hoje o país é o 19º no ranking dos mais atrativos para aporte de recursos, em estudo da consultoria Kearney, enquanto em 2023 o país nem figurava na lista. “As reformas trabalhista e tributária ajudaram, somadas a nossa competitividade nas commodities, na agroindústria e em energia. Contribuem também o fato de termos uma economia diversificada, sermos um grande mercado consumidor bancarizado e conectado”, destacou Deborah.
Para o cientista político Fernando Schüler, o Brasil tem dificuldades para realizar reformas. Segundo ele, no jogo político, mudanças estruturais necessárias acabam se perdendo e o país desperdiça oportunidades para corrigir sua trajetória. Ele citou como exemplo a reforma administrativa, que ele considera extremamente relevante e que não avança. “Somos o país que tem o judiciário mais caro do mundo, com 1,5% do PIB, e um legislativo em que cada deputado custa 528 vezes a média da remuneração do país”, explicou ao justificar a necessidade de um estado mais eficiente e produtivo.
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