"Tive um sonho estranho, extremamente realista.
Estava num lugar onde todos os homens se vestiam de azul, e todas as mulheres se vestiam de rosa. Fora os que se vestiam de verde, encarregados de manter a ordem.
Não havia ideologia de gênero, mas todas as pessoas vestidas de rosa deveriam ganhar um salário menor.
Não havia gays, neste lugar, pois, se alguma criança manifestasse tendências a ser diferente, levava logo uma coça, e o problema estava resolvido.
Não existia arte nem cultura, pois os artistas foram perseguidos pela população, até que acabou a mamata. Nos teatros, cinemas e televisões, pastores liam a Bíblia.
Ah, havia um super-herói, chamado Capitão Mito, que tinha o poder de engolir as palavras e ser perfurado sem sangrar, capaz de escapar de todos os debates em velocidade supersônica.
Mas todas as pessoas andavam armadas, para garantir a paz e a tranquilidade. Suspeitos eram fuzilados sumariamente — menos aqueles que apenas faziam uns rolos, tipo serem laranjas ou usarem notas frias.
A imprensa era livre para concordar, e as minorias tinham direito a se retirar.
As florestas haviam sido derrubadas para o bem da agricultura, mas quem quisesse plantar a terra tinha antes que se transformar em grande latifundiário.
A emissão de gases era liberada, porque o aquecimento global não conseguiu comprovação científica, especialmente depois que cortaram as verbas dos cientistas.
Os eventuais rebeldes, que resistiam pela internet, eram massacrados por ferozes trolladores, fãs do Capitão Mito.
E os livros escolares tinham sido reescritos para corrigir as inverdades da realidade, como a teoria da evolução.
A família era prioridade, principalmente os filhos do presidente e do vice.
A defesa da cidadania não existia, pois o governo descobriu uma coisa muito grave sobre as ONGs: elas são organizações não governamentais.
Migrações externas eram totalmente proibidas, pois qualquer pessoa que quisesse ir morar nesse lugar só podia mesmo estar maluca.
Nossa, que sonho horrível. Ainda bem que eu acordei."
PARABÓLICAS
- Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revelou que 31% dos associados ainda estão lutando para se livrar das dívidas acumuladas desde a pandemia de Covid-19. Já 38% dos estabelecimentos estão com receita e despesa empatadas, enquanto 31% tiveram lucro.
- Em meio à devastação da guerra em Gaza, suas mais de 34 mil vidas perdidas, quase 80 mil feridos, 8 mil desaparecidos e centenas de milhares de deslocados, além dos riscos de uma crise generalizada no Oriente Médio, o setor de defesa vê o conflito como mais uma chance de lucro em um momento que já era considerado “de ouro”.
- Com apenas 3% da população brasileira, Santa Catarina lidera o avanço do neonazismo no Brasil. Em um ano – de 2021 para 2022 – o número desses grupos extremistas identificados no estado mais do que dobrou, com 320 células ativas, o que representa mais de um quarto dos 1.117 grupos catalogados no país. Essa proliferação de células extremistas tem raízes na história política de Santa Catarina e também em uma mística criada pelos neonazistas a respeito do estado, que abrigou no final dos anos 1920 a primeira “filial” do Partido Nazista no Brasil, relata o jornalista Felippe Aníbal na edição de maio da piauí.
-" Nunca sabemos, nem saberemos tudo, é sábio quem é humilde e qem deseja aprender na convivência com os demais."
- Estou chegando a conclusão que terceira via é como aquela frase de uma oração bem conhecida: “venha a nós o vosso reino”.
- E tem uns eco chatos que querem preservar verde no quintal dos vizinhos. No seu sequer plantam um pé de alface. Flores só artificiais. Salve Jorge!
- O bolsoanalista Prisco Paraíso estreou no jornal da Band SC na defesa do ex-presidente.
- E, para não morder a língua, Madona terá que cantar todas as suas músicas em bom e audível português na sua apresentação no Brasil.
- Em Campo Alegre, ao invés da invasão de turistas, desta feita foi de maruins.
A mentira disse a verdade:
"Vamos tomar banho juntas, a água do poço é uma delicia."
A verdade, ainda desconfiada, testou a água e descobriu que estava muito boa.
Então elas se despiram e se banharam.
De repente a mentira saltou da água e fugiu, vestindo as vestes da verdade.
Verdade, furiosa, saiu do poço para recuperar suas roupas.
Mas o mundo, vendo a verdade nua, desviou o olhar, com raiva e desprezo. A pobre verdade voltou ao poço e desapareceu para sempre, escondendo sua vergonha.
Desde então, a mentira corre pelo mundo vestida de verdade e a sociedade fica muito feliz...
Porque o mundo não quer conhecer a verdade nua.
Pintura: A verdade que sai do poço. - Jean-léon Gérome 1896 (Texto A utopia da distopia by Fernanda Young)