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Automedicação pode colocar a vida em risco

Segunda, 01 de abril de 2024

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Conselho Federal de Farmácia aponta que 77% dos brasileiros têm esse hábito. Professora da UniSociesc, Gabriela Kozuchouski, ajuda a entender os perigos e faz alerta sobre uso indiscriminado

Não seria exagero dizer que a maior parte das pessoas, em algum momento da vida, já tomou um medicamento sem prescrição médica para combater uma febre, perder uns quilos, passar a dor no corpo ou resolver qualquer outro problema de saúde. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia mostrou que a automedicação é um hábito dos brasileiros: 77% afirmaram se automedicar em algum momento. Mas, apesar de ser uma prática comum, a medida pode trazer graves consequências para a saúde.

 

Especialistas alertam que as consequências desse uso indiscriminado de medicamentos podem ser bem sérias para a saúde. A professora de Farmácia da UniSociesc, Gabriela Kozuchouski se preocupa com esse hábito e faz questão de chamar atenção para os perigos. “Todo medicamento possui efeitos colaterais e, se for ingerido de forma incorreta ou se ele não for adequado para o problema do paciente, pode fazer mais mal do que bem”, reforça.

 

Um dos pontos de alerta, segundo a especialista, é em relação à interação medicamentosa. Se o paciente toma mais de um medicamento, pode ocorrer, por exemplo, anular ou potencializar os efeitos um do outro, o que pode ser bem grave. “Agora, se o paciente relata todos os problemas de saúde e medicamentos usados no dia a dia, o médico saberá apresentar a melhor solução para o caso”, explica. Outro alerta fica para as reações adversas dos medicamentos, como alergias, dependência e até a morte.

 

A professora acredita que a automedicação tem potencial, também, de agravar uma doença, já que pode mascarar determinados sintomas. “E se o medicamento for antibiótico, então, é preciso prestar ainda mais atenção. Pessoas que ingerem frequentemente uma mesma substância acabam criando certa resistência à sua ação. “Os microorganismos se acostumam com ele e o medicamento não funciona como o esperado, podendo até levar à morte. Não é à toa que as superbactérias estão cada vez mais comuns”, enfatiza.

 

O assunto é tão importante e sério que tem até uma data. Em 5 de maio é o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. A data foi criada pelo governo brasileiro para alertar a população sobre os riscos causados pelo uso indiscriminado de medicamentos e pela automedicação. 

 

De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, cerca de 30 mil casos de internação são registrados por ano no Brasil por causa de intoxicação por uso de medicamentos. Os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios estão entre os que mais intoxicam. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados à ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta.

 

Mulheres querem emagrecer

 

As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, 53% fazem isso pelo menos uma vez ao mês. Familiares, amigos e vizinhos são os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição, em cerca de 25% dos casos. Os dados são de pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia. Na busca por quilos a menos, por exemplo, muitas vezes lançam mão dos chamados remédios “naturais” para desintoxicar e emagrecer, que podem ser comprados sem receitas médicas.

 

E é aí que mora o perigo. “Muitos podem não ter qualidade ou eficácia. Alegam benefícios sem comprovação científica. O emagrecimento por meio de medicamentos deve ser falado com muita cautela. Até porque nosso corpo já tem um sistema natural de desintoxicação, por meio do fígado e dos rins. Então, o uso de medicamento pode ser, muitas vezes, enganoso e causar efeitos.”

 

Cuidado: evite a automedicação

 

● Intoxicação

O uso incorreto de medicamentos, incluindo doses excessivas ou inadequadas, pode levar à intoxicação. Isso pode resultar em uma série de efeitos adversos, desde a ineficácia do tratamento, sintomas leves até complicações graves, incluindo overdose. É crucial seguir as instruções de dosagem e consultar um profissional de saúde se houver dúvidas.

 

● Mascarar sintomas

Alguns medicamentos de venda livre proporcionam alívio temporário dos sintomas, como a febre ou a dor. No entanto, o alívio dos sintomas pode mascarar a gravidade da condição. É importante estar ciente de que o uso desses medicamentos não substitui a avaliação médica adequada para um diagnóstico correto da doença.

 

● Reação alérgica

Ingerir medicamentos sem prescrição médica aumenta o risco de reações alérgicas ou não esperadas no organismo. Mesmo que um medicamento seja considerado seguro para a maioria das pessoas, pode haver indivíduos sensíveis a certos ingredientes. É essencial estar ciente dos sinais de uma reação alérgica e procurar ajuda médica imediatamente se ocorrerem.

 

● Interação medicamentosa

O uso de medicamentos sem orientação médica pode aumentar o risco de interações medicamentosas prejudiciais, ou seja, o risco de um medicamento reagir em contato com outro que a pessoa usa. Alguns medicamentos podem potencializar ou neutralizar os efeitos de outros, resultando em efeitos colaterais indesejados ou redução da eficácia do tratamento. Consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer novo medicamento é fundamental para evitar interações perigosas.

 

● Resistência

O uso indiscriminado de certos medicamentos, como antibióticos, pode contribuir para o desenvolvimento de resistência microbiana. Isso ocorre quando os microrganismos se tornam menos suscetíveis aos efeitos dos medicamentos, tornando o tratamento de infecções mais difícil. Utilizar medicamentos apenas quando necessário e conforme prescrito é essencial para prevenir o aumento da resistência antimicrobiana.

 

● Falência hepática

Alguns medicamentos podem ter efeitos adversos no fígado, especialmente quando usados de forma inadequada ou por períodos prolongados. A falência hepática é uma complicação grave que pode resultar do dano hepático causado por medicamentos. É crucial seguir as instruções de dosagem e evitar o uso excessivo de medicamentos para proteger a saúde do fígado.



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