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Metais pesados como chumbo e mercúrio podem estar associados a um maior risco de endometriose

Quarta, 01 de fevereiro de 2023

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Um estudo publicado recentemente na revista científica Science of the Total Environment sugere que a exposição a quatro metais pesados – chumbo, arsênico, cádmio e mercúrio – pode aumentar consideravelmente o risco bruto de desenvolver endometriose. A doença afeta o endométrio, tecido que reveste o útero; ele passa a crescer desordenadamente, por vezes até mesmo fora do órgão. É dolorosa, às vezes incapacitante e, entre outras consequências, pode causar infertilidade. Vários estudos para detectar causas e tratamentos são realizados em todo o mundo, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das mulheres diagnosticadas. Um deles, publicado recentemente na Science of the Total Environment, analisa o efeito potencial da exposição a quatro tipos de metais pesados ​​para o risco de desenvolvimento da doença.

 

Todos os quatro metais foram associados à maior incidência de endometriose e os números são alarmantes: para os níveis sanguíneos de mercúrio, o risco bruto de endometriose aumentou 13 vezes. O aumento foi cinco vezes maior com o arsênico e três vezes maior com cádmio e chumbo. Esses metais são provenientes de processos industriais e entram no corpo humano por meio de alimentos, água, absorção pela pele ou inalação. 

 

Entre as consequências dessa absorção estão a inclusão de efeitos adversos nas funções neurológica e reprodutiva, especialmente porque alguns desses metais afetam a síntese de hormônios reprodutivos femininos e podem desencadear anormalidades metabólicas. 

 

Algumas associações incluem distúrbios menstruais, resultados adversos da gravidez, danos no DNA e disfunção mitocondrial e maior risco de câncer de mama e de endométrio. Eles são, portanto, considerados metais desreguladores endócrinos. 

 

De acordo com o médico Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, vários estudos para detectar causas e tratamentos são realizados em todo o mundo, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das mulheres diagnosticadas. Esta análise pode contribuir para um maior entendimento a respeito do aparecimento da doença, principalmente para mulheres acima dos 30 anos. 

 

“Segundo o que foi levantado, a presença desses metais no corpo humano pode causar diferentes danos e, entre eles, contribuir para o desenvolvimento da endometriose, o que gera um alerta ainda maior sobre a qualidade de vida”, afirma o especialista.

 

A idade média das pacientes participantes da pesquisa era de 31 anos, com índice de massa corporal médio de aproximadamente 21. Mais de um terço dos casos tinham histórico de tabagismo passivo. Os pesquisadores exploraram as concentrações de metais pesados ​​no sangue e fluido folicular em mulheres com e sem endometriose, em uma amostragem de mais de 600 mulheres submetidas à sua primeira fertilização in vitro em um centro em Hefei, China. Os 234 casos analisados apresentavam uma massa endometriótica em um lado, mas não apresentavam distúrbios genéticos, metabólicos, neurológicos ou autoimunes. 

 

Os efeitos dos metais pesados ​​na endometriose podem ser mediados pelo estradiol, atuando via receptores de estrogênio que promovem a proliferação de células endometriais, piorando os sintomas da doença. Outro mecanismo pode ser via estresse oxidativo induzido por esses metais, que promove a proliferação de células endometriais e invasão em locais fora do útero.

 

Bellelis ressalta o avanço a respeito do tema, mas destaca a importância de seguir-se aprofundando no assunto para chegar a uma compreensão mais detalhada. “Embora o estudo possa sugerir que a exposição a metais pesados ​​é um preditor de risco aumentado de endometriose, estudos maiores, com um período de acompanhamento mais longo, são essenciais para entender como a endometriose ocorre e os benefícios de limitar a exposição a metais pesados”, conclui.

 

PATRICK BELLELIS –GINECOLOGISTA

 

Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intra uterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação. Médico Assistente do Setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desde 2010. Professor do Curso de Especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva – Pós- Graduação Latu Senso, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês desde 2011. Professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica – IRCAD – do Hospital de Câncer de Barretos, desde 2012.



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