Atravessando para Outra Margem

Em Mt 8, 18-27 vemos que Jesus havia acabado de pregar e ensinar para uma multidão. A multidão ouvia Jesus e estava sedenta das coisas do espírito. Jesus estava sentado no barco ensinando através de parábolas. Ou seja, a multidão era tanta que Jesus teve que sentar em um barco para desembaraçar-se. A obra não podia acabar ali. Do outro lado da margem havia outra multidão esperando a Cristo. Em II Pd 3,12 diz que não apenas devemos esperar a volta de Jesus, mas devemos apressar o seu retorno. Os discípulos entraram no barco e o seguiram. Jesus nos convida para atravessarmos com Ele para outra margem. Jesus nos convida para termos experiências com Ele. A outra margem é lugar de conquistas, milagres, salvação, paz, descanso e portas abertas. Para atravessar para outra margem é preciso pagar o preço. Este preço é pago em oração, jejum, santidade, intimidade com Jesus, em ofertas e dízimos. Jesus não pode lhe dar as coisas novas se você não se desfazer das velhas. Precisamos abandonar a vida de pecado, de vícios e de traumas e medos. Não devemos nos prender ao passado, nem mesmo às glórias e milagres do passado. A graça de Deus se renova todo dia. Os milagres não podem esperar por você, atravesse para outra margem imediatamente. Entre dois extremos existe o meio. Não há como nos livrarmos das mediações. Não podemos queimar etapas. O meio é lugar de lutas e provações. As piores lutas de nossas vidas são travadas no meio. “Sobreveio uma grande tempestade”, ou seja, chegou inesperadamente ou subitamente uma tempestade. O meio não dura muito, mas é preciso atravessá-lo. Mesmo com a arrebentação das ondas temos de manter a paz. O Mestre estava dormindo, acorde o mestre. Quando estamos no meio parece que nossa oração não sobe. Não há respostas, nem saídas e ficamos sem estratégias e sem visão. Aparentemente! Tudo dá errado, ninguém nos entende, mas fique bem claro: numa tempestade o melhor lugar ainda é dentro do barco. Sim, acordemos o Mestre, os salmos dizem “não tosquenejará o guarda de Sião. Finalmente, ao desfecho da narrativa, o que vemos são homens maravilhados: Jesus determina que o vento e o mar se acalmem. “Silêncio, cala-te!”. E o vento e o mar se acalmaram imediatamente. E se entreolham e se perguntam “Quem é este que até o vento e o mar obedecem?”. Esta passagem é ideal para um neófito, isto é, para um recém-convertido. Saímos da multidão, saímos do mundo, embarcamos no barco e logo começam a vir as provações. Deus nos reserva muitas bênçãos, mas vida de cristão não é fácil. Cristo disse de si: “As raposas tem seus covis, as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Mesmo que no período pós-conversão venham as adversidades, não devemos querer retornar à velha vida. Precisamos estar ávidos da nova vida. “Deixe que os mortos sepultem seus mortos”. Esqueçamos as “cebolas do Egito”, atravessamos o Mar Vermelho e a servidão ficou para trás. No Egito não havia carne na panela, não nos iludamos, eram só cabeças de cebola. O Espírito Santo é um Espírito de novidade de vida, seja na vivência autêntica da fé cristã, seja nas ciências, nas artes, na literatura e na filosofia. O Espírito tudo vivifica, tudo renova, tudo torna atual. O Espírito Santo nos ensina que a Palavra de Deus é eterna, “céus e terra passarão, mas nem um jota da Palavra será alterado”. Já no que concerne ao humano sempre estamos diante de algo provisório. Precisamos aprender a sucatear conceitos filosóficos assim como descartamos uma tecnologia nova por outra mais sofisticada. “Eis que faço novas todas as coisas”. Vida longa ao facilitador Marcelo e saúde à sua família e um  cordial abraço ao membros de nossa célula.