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Esquema criminoso entre fiscais do Ibama e empresários contaria com influência política

Segunda, 15 de agosto de 2011

 

Para polícia, caminho da ilicitude passava por intermediários com trânsito fácil no poder

Diogo Vargas | diogo.vargas@diario.com.br

Um história que combina relação pública com interesses pessoais suspeitos. Por trás das conversas e encontros das supostas negociações de propina entre fiscais do Ibama e empresários estão figuras que ocuparam cargos de destaque na prefeitura de São José, no governo do Estado e até mesmo na área ambiental.

Se, por um lado, havia as supostas extorsões para que a fiscalização não atuasse, por outro a polícia está convencida que o caminho da ilicitude passava por intermediários com trânsito fácil no poder da Grande Florianópolis. É o que mostra esta reportagem em torno de Juliano Campos e Carlos Lelis, o Cao Lelis, ex-agentes públicos que teriam mantido contatos com empresários vítimas do grupo suspeito de extorquir dinheiro para que as suas obras não fossem paralisadas.

Pessoas com influência entre políticos e com atuação direta em órgãos do poder público estavam ligadas ao grupo de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspeito de extorquir empresários da Grande Florianópolis. Eram ex-ocupantes de cargos públicos e que se apresentariam também como assessores parlamentares. Homens da antiga confiança na prefeitura de São José, onde mantinham ligações com empresários, e que agora são apontados pela polícia como protagonistas de um esquema criminoso para ganhar dinheiro e levar vida de luxo.

A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) apontou Juliano Campos e Carlos Lelis, o Cao Lelis, como os dois principais intermediários do fiscal do Ibama Eduardo Benício de Abreu nas tentativas de arrancar propina dos empresários. Eduardo reconhece que é amigo de Juliano, mas diz que nada além disso. Na semana passada, o superintendente estadual do Ibama, Kleber Isaac Silva de Souza, declarou ao DC que Juliano seguidamente buscava audiências com os representantes do órgão federal na Capital.

Juliano e Cao Lelis são conhecidos na vida pública de São José. Atuaram na administração do atual prefeito da cidade, Djalma Berger (PSB). Além disso, ocuparam funções ligadas ao meio ambiente em Santa Catarina.

Experiência na vida pública

Juliano é ex-vereador em Governador Celso Ramos. Ele chegou a ser diretor de Proteção dos Ecossistemas da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma). Segundo a assessoria de imprensa do órgão, Juliano ocupou o cargo em 2007, por quatro meses, no governo de Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Não se sabe o motivo do desligamento.

Em janeiro de 2010, Juliano foi empossado como secretário de governo em São José. Antes, era chefe da Ouvidoria do município. O DC tentou contato com o prefeito Djalma Berger na sexta-feira, mas ele não atendeu às ligações no seu telefone celular. A assessoria de imprensa disse que o prefeito também não daria retorno sobre esse assunto. Juliano e Cao Lelis não continuam no governo de São José.

A polícia afirma que Juliano se apresentava aos empresários como assessor de um deputado federal. O delegado Renato Hendges revela que ele leva vida de alto padrão, anda de carro importado e é visto em passeios de lancha. Há depoimentos em que teria se apresentado como assessor do ex-deputado federal Cláudio Vignatti (PT) e do atual deputado federal Onofre Agostini (DEM), mas os dois políticos negam que Juliano tenha trabalhado com eles. Vignatti comentou que ele foi apenas um colaborador político de campanha, como tantos outros.

Juliano falaria em nome dos servidores do Ibama e teria exigido a propina de R$ 300 mil para que a obra do Shopping Continente Park não fosse embargada. O DC ligou para os seus telefones celulares, mas os dois estavam desligados na tarde de sexta-feira.

Não menos coadjuvante no poder municipal de São José era Carlos Lelis, dono de longa experiência na vida pública. Cao Lelis, como é conhecido, foi vereador na cidade e no ano passado assumiu a Ouvidoria da prefeitura quando Juliano Campos saiu para assumir a Secretaria de Governo. Lelis também atuou nas funções de superintendente do Meio Ambiente e da Fundação de Esportes e Lazer de São José.

Na investigação da Deic, Cao Lelis aparece como intermediário na cobrança de propina ao Residencial Jardim Botânico. Ele teria pedido, em nome do fiscal Eduardo, R$ 250 mil para que a obra não fosse embargada ou multada pelo Ibama.Em entrevista ao DC, Lelis nega fazer parte do grupo, mas confirma que havia extorsão aos empresários.

Mais dois envolvidos aparecem em inquérito

Outros dois nomes de supostos intermediários da negociação da propina surgiram no inquérito. Um deles é "Alexandre", que dizia aos empresários do Jardim Botânico ser funcionário de Cao Lelis e dono de uma lavação de carros, além de amigo de Eduardo.

O segundo nome é "Ricardo", que também participaria de "reuniões" para tratar das ações com os fiscais e os empresários. Não há detalhes sobre Alexandre e Ricardo na investigação nem diálogos gravados pela polícia.

As "coincidências" na atuação

Reuniões nada oficiais

Os bastidores da investigação mostram que os encontros entre representante de empresário, intermediário e o fiscal do Ibama Eduardo Benício aconteceram em lugares inusitados, não lembrando em nada reuniões formais ou audiências oficiais entre as partes. Houve orientação da polícia para que os empresários gravassem as conversas.

Um encontro entre Juliano Campos e o assessor institucional do Grupo Almeida Junior, Gilvani Voltolini, foi em Rio do Sul no banco de um jardim de uma faculdade. Eles se encontraram também no Hospital de Caridade, na Capital, a pedido de Juliano para tratar da mudança de um suposto parecer. Já o fiscal Eduardo encontrou-se com Gilvani quando iria jogar tênis no Lagoa Iate Clube (LIC). Ali, combinam valores e o suposto pagamento para que a obra do shopping não fosse embargada.

:: Os desdobramentos

No Ministério Público Federal

O procurador da República Walmor Alves Moreira anunciou abertura de investigação sobre as denúncias. Ele se baseará no inquérito da Deic. Vai ouvir os 13 citados no relatório do delegado Renato Hendges, entre os fiscais do Ibama, empresários, assessores de parlamentares e advogados. Depois, decidirá sobre a abertura ou não de ação penal contra os suspeitos e oferecimento de denúncia criminal à Justiça Federal.

Na Justiça Federal

Os processos sobre o caso estão em segredo de Justiça. Ainda não foi proferida a sentença definitiva sobre a ação da empresa do Jardim Botânico, que ganhou liminar suspendendo a multa e embargo da obra aplicados pelo Ibama. Deverá receber o resultado do trabalho da Deic e Ministé-rio Público Federal e julgar o caso.

Na Polícia Federal

O delegado Ildo Rosa disse que a PF vai aguardar decisão da Justiça Federal ou Ministério Público Federal para agir. A PF tem cópia do inquérito e sabe das denúncias. O policial disse que alguns fiscais do Ibama chegaram a ser investigados por suspeitas de outros crimes em anos anteriores.

No Ibama

A Corregedoria-Geral de Brasília irá apurar as denúncias em processo administrativo para que sejam adotadas as medidas necessárias. O prazo de conclusão dos trabalhos dependerá do processo de apuração. O superintendente em SC, Kleber Souza, disse que a apuração é prioridade número um, decidida pela presidência do órgão, em Brasília. Um corregedor deverá chegar neste fim de semana em Florianópolis e vai averiguar pessoalmente a situação.

Na DEIC ( Polícia Civil)

Oficialmente, a investigação foi encerrada. O delegado da Deic enviou as suas conclusões para a Justiça Estadual, que a repassou à Justiça Federal e ao MPF. O delegado fez pedidos de prisões, de busca e apreensão e acareações. Declarou ainda que poderá investigar outros casos de extorsão e propina contra empresários da região.



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