A nova crise financeira, que ganhou força na semana passada depois do rebaixamento da nota da dívida americana, gerou receio entre pequenos investidores do País. É hora de rever aplicações? Especialistas em finanças pessoais dizem que, na maior parte das situações, a melhor decisão é manter os investimentos. E a recomendação de manutenção ganha força quando o assunto é bolsa de valores.
Confira as indicações dos especialistas para cada uma das modalidades de investimentos:
Ações. Sem dúvida essa é a opção de investimento que mais sofreu e que mais vai sentir o impacto da turbulência financeira mundial. "As bolsas de valores dos países são muito correlacionadas hoje. Além disso, a mais importante é a americana, então, enquanto a bolsa de lá cair, as outras também vão sentir", explica Fábio Colombo, administrador de investimentos.
O educador financeiro Mauro Calil comenta, porém, que a "bolsa tem muitas facetas". "As empresas voltadas para o mercado interno, como as de energia elétrica, por exemplo, tendem a não sofrer muito com a crise", diz. "Agora, aquelas que têm relação forte com os Estados Unidos e a União Europeia, como é o caso das agropecuárias, devem sentir fortemente as oscilações", completa.
Se houve queda, a recomendação é não vender os papéis. "Ou o prejuízo é realizado", diz Eduardo Oliveira, analista da Um Investimentos. Agora, o preço baixo configura, por sua vez, um bom momento para a gradativa compra de novos papéis. "Pode ser uma oportunidade", afirma Oliveira.
Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, é um dos que apostam que o momento é bom para a compra de novos papéis (mesmo na bolsa americana). A afirmação foi feita durante entrevista à revista Fortune, publicada no fim da semana passado. "Quanto mais para baixo as coisas vão, mais eu compro", explicou.
Tesouro Direto. Os títulos do governo brasileiro, segundo os especialistas, não devem sofrer com a crise. Os prefixados muito menos. Os pós-fixados, porém, poderão ter alguma alteração na rentabilidade caso haja a redução da taxa Selic, em uma manobra para aquecer o ritmo de crescimento da economia.
Eduardo Oliveira, da Um Investimentos, alerta que é preciso ter o mínimo de noção de investimento para escolher o título certo - é preciso tomar cuidado para não ficar com um "mico" na mão. "Às vezes, é bom ter a recomendação de um especialista", aconselha.
CDB e poupança. As duas opções de investimento - assim como todas as outras modalidades integrantes da renda fixa - não sofrem impacto direto por conta da crise internacional. "Quem tem CDB deve olhar a rentabilidade que está tendo. Se for inferior a 98% do CDI, vale a pena tentar trocar", diz Mauro Calil.
A caderneta de poupança, por sua vez, poderá ser beneficiada caso o Banco Central de fato reduzir a taxa básica de juros (Selic) ao longo dos próximos meses. "Mas tem que cair muito a taxa, lá para 8,75% ao ano, para que a poupança ganhe atratividade diante de outras opções de investimentos", completa Fábio Colombo.
Fundos multimercados e de ações. Estes devem sofrer com a crise porque têm relação direta com os movimentos da bolsa de valores. "Cada situação deve ser avaliada separadamente, mas, em geral, posso dizer que não é hora de sair desse investimento ou o prejuízo vai ser contabilizado", recomenda Fábio Colombo. "A recuperação deve vir com o tempo, isso se o gestor souber o que fazer", completa o especialista.
Fundos DI e RF. A carteira destes fundos tem boa parte do total alocada em títulos do Tesouro Direto. "A recomendação, neste caso, é também manter o investimento. Mas a taxa de administração não deve ser maior que 1% ao ano", diz Mauro Calil.
Dentro deste raciocínio, Eduardo Oliveira cita um fundo administrado pela Um Investimento que, com taxa de administração de 1%, conseguiu remunerar o investidor nos últimos 12 meses com o equivalente 117% do CDI - rentabilidade considera bastante robusta pelo mercado.
Fonte: O Estado de S. Paulo / Roberta Scrivano