Grande produtor e exportador de proteína animal, Santa Catarina se tornou também um dos maiores importadores de grãos do país. O abastecimento de milho é um dos principais gargalos do setor produtivo e o cultivo de cereais de inverno tem se mostrado uma alternativa viável para suprir a demanda interna. As oportunidades para aumentar a oferta de grãos disponíveis para a fabricação de ração animal foram o tema da reunião da Câmara de Desenvolvimento da Agroindústria da Fiesc, realizada nesta quinta-feira, 11, em Florianópolis.
“Esse ano nós já vamos comemorar os bons resultados do cultivo de cereais de inverno em Santa Catarina e sabemos a importância desse elo para a competitividade da cadeia produtiva de carnes no estado. Nós temos, aproximadamente, um milhão de hectares disponíveis e que podem ser cultivados no inverno, isso nos traz um horizonte de grandes oportunidades tanto para os produtores quanto para as agroindústrias”, destaca o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva.
O trigo, aveia, centeio e cevada - cultivados nas épocas mais frias do ano - podem representar uma renda extra para os produtores e também suprir a demanda da cadeia de proteína animal. Desde 2013, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estudam os aspectos nutricionais e econômicos dos cereais de inverno, a intenção é identificar quais cultivares são mais adequados para ração animal, especialmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Eduardo Caierão, o foco dos estudos é utilizar o trigo especificamente para ração, seja com um novo cultivar ou aproveitando um material já existente. “Com a disponibilidade genética que nós temos hoje, é possível, no mínimo, dobrarmos a produção com a mesma área. Nós temos lavouras com rendimento de 100 sacos por hectare e, todos os anos, nós temos o lançamento de novas variedades, mais resistentes e mais adequadas ao que o produtor precisa. A cultura do trigo é uma cultura de risco, mas o pior de tudo é não ter o que colocar no inverno, esse é o erro mais grave”, explica.
Para as agroindústrias, a maior oferta de cereais de inverno para a produção de ração representa um ganho de competitividade e amplia a capacidade de investimentos do setor produtivo. “Devemos estar atentos ao tema da competitividade e isso passa por temas logísticos e, principalmente, pelo tema de abastecimento de grãos. Hoje, nós temos novos desafios, entre eles a sustentabilidade da produção. E aumentar a nossa eficiência de produção é, talvez, a nossa maior contribuição para a sustentabilidade do planeta porque vamos produzir mais toneladas de alimentos com um menor uso de recursos naturais, ou seja, com mais eficiência”, ressalta o pelo presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne SC), José Antônio Ribas Júnior.
Safra de trigo em SC
De acordo com estimativa da Epagri/Cepa, Santa Catarina deve colher a maior safra de trigo dos últimos 10 anos, com produção de 348 mil toneladas, um incremento de 102% em relação à safra anterior. O cenário resulta do crescimento de 74% na área plantada, reflexo dos bons preços pagos aos produtores, associados ao incentivo do Governo do Estado no cultivo de cereais de inverno.
Incentivo à produção de cereais de inverno em Santa Catarina
Para reduzir a dependência de milho e os custos de produção da cadeia produtiva de carnes e leite, a Secretaria da Agricultura lançou o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno. Com investimento de R$ 5 milhões, os produtores receberam apoio para cultivar trigo, triticale, centeio, aveia e cevada - que devem ser utilizados para fabricação de ração.
O projeto conta ainda com áreas experimentais para avaliar 30 cultivares em diferentes solos e climas. A ação conta com o apoio da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil), Cooperativa Regional Agropecuária Sul Catarinense (Coopersulca), Cooperalfa e Cooperativa Agroindustrial Cooperja.
Foto 39 – A reunião aconteceu nesta quinta-feira, 11, em Florianópolis (Foto: divulgação/SAR).
Foto 40 – Secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva (Foto: divulgação/SAR).
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Exportações de carne de frango catarinense crescem 57,5% em outubro
Confira sonora do secretário da Agricultura Altair Silva: https://we.tl/t-2fIs5MYSe8
Segundo maior produtor de carne de frango do Brasil, Santa Catarina encerra outubro com um aumento de 57,5% no faturamento com as exportações. No último mês, o estado embarcou 90,9 mil toneladas do produto, gerando receitas que passam de US$ 171,9 milhões. Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).
“Santa Catarina tem-se mostrado cada vez mais pujante, e tem feito do agronegócio a força e o motor da economia catarinense. A carne de frango, assim como a de suínos, têm sido os principais produtos de exportação catarinenses. Isso reforça o nosso cuidado com a sanidade, com o programa de cereais de inverno e também desenvolver cada vez mais tecnologias que aumentem a produtividade”, destacou o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Altair Silva.
Em comparação com outubro de 2020, a avicultura catarinense obteve resultados bastante expressivos no último mês: alta de 57,5% no valor e de 23,7% na quantidade exportada. O que pode ser explicado pelo aumento nos embarques para os principais mercados compradores: Japão, China, Holanda e Emirados Árabes.
O bom desempenho internacional deve influenciar também a valorização dos preços para o setor. “A forte demanda por carne de frango no mercado internacional e no mercado interno, principalmente em função dos preços elevados das demais carnes e da perda de renda de grande parte dos consumidores, tende a favorecer a manutenção dos patamares de preços atingidos por essa proteína ao longo dos próximos meses”, ressaltou o analista da Epagri/Cepa Alexandre Giehl.
Acumulado do ano
De janeiro a outubro deste ano, Santa Catarina exportou mais de 855 mil toneladas de carne de frango - 5,8% a mais do que no mesmo período de 2020. O faturamento supera US$ 1,5 bilhão, uma alta de 20,3%. Os catarinenses respondem por 23% de toda arrecadação nacional com os embarques de carne de frango em 2021.
Foto 41 – No último mês, o estado embarcou 90,9 mil toneladas do produto, gerando receitas que passam de US$ 171,9 milhões (Foto: Cristiano Estrela/Secom).