Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
Facebook Jornal Evolução       (47) 99660-9995       Whatsapp Jornal Evolução (47) 99660-9995       E-mail

Existe alguma fórmula para despertar o interesse da leitura em qualquer criança ou isso varia de cas

Quarta, 09 de dezembro de 2020

Não há fórmula. Há formas, as mais variadas, de sensibilizar, instigar as crianças para a leitura. Há infinitas formas porque variadas são as pessoas, seus gostos, interesses, disponibilidades. Porém, há que se ter paciência, resiliência e um interesse genuíno para descobrir o que o outro gosta ou ainda descobrir junto com o outro. Nesse trabalho olho no olho, é preciso ouvir a criança, coisa que o adulto não tem por costume. Para despertar o interesse pela leitura é importante também experimentar diferentes tipos de livros, diferentes enredos, projetos gráficos, ilustrações; conhecer diferentes escritores e ilustradores. Pode-se combinar mais idas aos espaços que convidem à leitura, como bibliotecas e livrarias ou ainda o teatro e cinema, que possibilitam outros desdobramentos. Pode-se começar pelos clássicos ou pelos contemporâneos ou por aquele que já foi adaptado para filme ou virou jogo, não importa. O que faz a diferença é ir buscando conexões com a criança de forma interessada e fazendo da leitura um momento de aconchego, de troca de experiências.

Qual a importância dos pais e dos professores na transformação da criança em parte do público leitor?

É inegável que pais e professores têm um papel bastante importante. Tanto como exemplos quanto como provocadores. Digo isso porque talvez não adiante muito os pais dizerem que ler é bom ou importante se a criança não os vê em nenhum momento lendo, se aquela atividade não faz parte da rotina. Então, se a leitura faz parte da vida da família, ou seja, se a leitura é considerada e vivida como um valor, há mais chance da criança ficar curiosa, encantar-se por leitura e tornar-se leitor. É fundamental que o discurso esteja alinhado com a prática porque a criança não é tola.

O mesmo vale para o professor. Por mais desafiadora que seja a rotina da sala de aula ( e ela é muito!) é fundamental que a leitura ocupe um lugar nobre no dia, não pode ser limitada aos minutos finais da aula. E por leitura aqui falo dos livros literários porque todos os outros tipos de texto já estão, em alguma medida, presentes em qualquer planejamento. É importante também que o professor seja leitor, que essa atividade faça parte da sua vida e que traga para os alunos propostas instigantes.

Vale dizer que pais e professores têm a grande vantagem de conhecer a criança, seus gostos e interesses, o que pode facilitar muito na hora de apresentar algum livro e estimular o engajamento da criança.

Atualmente, e muito por causa das restrições de convívio, jogos eletrônicos, celulares e TV são as principais companhias das crianças em casa. Há espaço para os livros? É necessário estipular regras e horários para o equilíbrio entre eletrônicos e leitura?

É preciso observar a qualidade e da quantidade dessa exposição das crianças às telas e também avaliar a relação que as crianças estabelecem com elas. Sobre esse tema a Sociedade Brasileira de Pediatria já se posicionou, alertando veementemente quanto ao uso dos eletrônicos pelas crianças e fez recomendações importantes. É preciso dosar sim e diversificar as atividades em casa (e na natureza, quando puder!), oferecendo às crianças outras alternativas, principalmente, nesse momento em que estamos mais restritos.

Em qualquer tempo, a leitura é uma atividade lúdica espetacular, pois oferece à criança a possibilidade de elaborar suas questões, articulando a narrativa com seus próprios conteúdos internos e assim, ressignificar o mundo. Por conta disso, a leitura também ajuda a criança a modular o estresse, aspecto que, no contexto atual, é bastante relevante.

No entanto, mesmo entendendo que há espaço para tanto para eletrônicos quanto para os livros, é preciso sim que o adulto ajude a criança a organizar a sua rotina, encontrando equilíbrio entre suas atividades e estabelecendo juntos prioridades. Convém lembrar que os joguinhos eletrônicos não costumam prescindir de mediação ao passo que o livro, muitas vezes, sim. E isso é muito bacana! O que pode parecer uma desvantagem, na verdade podemos encarar como uma grande oportunidade, um convite ao encontro! É isso que a leitura provoca, encontros do leitor consigo mesmo e com o outro e assim, a possibilidade de aproximação e estreitamento de laços- o que vale cada minuto desse investimento, principalmente, quando falamos da relação entre pais e filhos.

Há uma idade limite para a iniciação à leitura? A criança que passou a primeira infância sem ler ou lendo pouco pode ser resgatada?

Limite é uma palavra que não combina com leitura. Claro que podemos e devemos estimular a leitura das crianças desde o começo da vida, desde bebês. Aliás, esse é um nicho da literatura para bebês tem crescido bastante! Os pequenos têm muita curiosidade, gostam da interação com o livro (e com aquele que lê com ele, claro!), estão atentos às imagens, aos ritmos das palavras, ávidos por esse mundo que estão conhecendo. Portanto é para investir nisso sim (e já existe muita produção de qualidade disponível), pois a criança vai se familiarizando com a leitura desde cedo e essa atividade vai se constituindo como algo prazeroso, acolhedor e orgânico. Mas se por acaso a criança não apresenta pela leitura um grande interesse, isso não é razão para o adulto desmobilizar ou desinvestir seus esforços, muito pelo contrário. Como disse antes, formar leitores é um processo que se dá com convites persistentes e interessados, oferecendo-se diferentes opções para que a criança possa ir descobrindo o que gosta, o que não gosta, para ir tomando gosto. E há de tudo! Às vezes, a criança lia bastante durante uma fase da vida e depois, deixa a leitura um pouco de lado, outras vezes a pessoa desperta para a leitura assim como que de repente, na adolescência, porque assistiu um filme e quis ler o livro e acabou fascinada pelo escritor… Muitas são as possibilidades. E, mais uma vez, não há regras e muito menos finais irreversíveis. Como educadores precisamos nos questionar e ter um olhar e uma escuta mais atentos para poder fazer convites mais certeiros.

 
   

 



Comente






Conteúdo relacionado





Inicial  |  Parceiros  |  Notícias  |  Colunistas  |  Sobre nós  |  Contato  | 

Contato
Fone: (47) 99660-9995
Celular / Whatsapp: (47) 99660-9995
E-mail: paskibagmail.com



© Copyright 2025 - Jornal Evolução Notícias de Santa Catarina
by SAMUCA