Cléverson Israel Minikovsky (Pensando e Repensado)
Advogado
Filósofo
Jornalista (DRT 3792/SC)
A fé cristã propõe reiterados desafios ao intelecto humano. Pois não é possível, humanamente falando, crer que um homem tenha ficado três dias dentro do ventre de um peixe e depois saia a profetizar, que a oração de um homem tenha feito o sol parar, ou de acordo com o princípio segundo o qual a Terra gira em torno do Sol, que a Terra tenha parado de girar, que três milhões de judeus tenham atravessado o Mar Vermelho a pé enxuto, que Jesus Cristo tenha ressuscitado dentre os mortos. Se você crê em tudo isto então não deve se considerar uma pessoa normal. Não é plausível e nem de acordo com o são juízo que tais coisas realmente tenham acontecido. Não é natural que isto tenha acontecido, é sobrenatural. É lindo ver um grupo de pessoas rezarem uma Ave-Maria em cadência e ritmo, até mesmo porque isto satisfaz certo padrão de racionalidade. É a vocalização de uma fórmula bem elaborada de conteúdo dogmático. Mas nós que somos cristãos não somos obrigados a satisfazer o Logus sacrificando a Rema. Digo que até mesmo somos proibidos a fazer isto. Não se deve cair em outro oposto criando a casta dos que choram, dançam, oram em língua, em detrimento dos mais recatados e silenciosos. Não se deve forçar manifestações não espontâneas e não se deve teatralizar. A manifestação do espírito tem de ser gratuita e jamais provocada. Isto era o que diria em relação ao modo de as pessoas orarem. Mas ainda há outros aspectos na oração. Refiro-me ao que às pessoas pedem. Se pedimos algo que é contrário ao propósito de Deus então é compreensível que Ele não nos atenda. Além disso, tudo o que fazemos e pedimos deve ser para a glória de Deus e não para nossa glória pessoal. Às vezes persistimos na oração e não somos atendidos. Isto pode acontecer por vários motivos. Deus pode estar preparando para você algo muito maior do que você pede. Não é hora de as coisas acontecerem na sua vida. Porque tudo tem o tempo certo. Deus não exige que você seja um santo para ser abençoado. Porque quem é pai presenteia o seu filho ainda que os seus comportamentos não sejam cem por cento corretos. Mas quando o Pai Celestial, assim como o pai humano, presenteia, é para que o filho se sinta motivado a esmerar seu comportamento. O evangelho faz alusão a um rei que não temia a Deus e a nenhum homem, mas atendeu o pedido de uma velha viúva que lhe solicitava que sentenciasse contra o seu inimigo para que a mesma não lhe agredisse. É isto o que nós precisamos pedir de Deus que nos livre de nosso inimigo que é satanás. Se você está doente peça a cura. Mas Deus é autor da homeopatia, da halopatia, dos tratamentos convencionais e para-científicos, o texto bíblico fala várias vezes do óleo terapêutico. O óleo tem a propriedade de curar machucaduras. Mas ele tem ainda a propriedade de ser um veículo transportador de propriedades de outras essências que com ele são mescladas. O óleo é o amor. É a cura. Quando um exército vai para a luta primeiro leva o estandarte, a bandeira. Só depois vêm os soldados com a espada. Assim, quem pretende evangelizar primeiramente precisa transbordar de amor e, aí sim, se houver oportunidade, se for necessário e conveniente, pregar a palavra. A palavra tem de ser pregada quando a pessoa a quem você ministrou o amor lhe pede uma palavra. Porque o amor constrange. É difícil dizer não a quem nos ama. Se você semeou de manhã continue semeando à tarde. Porque você não sabe qual semente vai vingar e qual vai frustrar a germinação. Além do trabalho árduo, da sabedoria, do estudo e do empenho há o acaso. Mas os filhos de Deus não são escravos do acaso e para cada porta que o acaso lhe fecha Deus lhe abre muitas outras para você.