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Maurélio Machado

maurelio_machadoyahoo.com.br

Escritor e Poeta

Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.

 Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.

 Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.

 Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina 

Municipal de São Bento do Sul

 Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr

 


Veja mais colunas de Maurélio Machado

O observador

Segunda, 04 de julho de 2011

Luzes fugazes, o jovem casal acomodado no penúltimo degrau da escadaria da igreja troca tímidas carícias. São estudantes de uma escola do período noturno que gazeiam as últimas aulas, geralmente as quartas e sextas-feiras para namorar. Eles estão num momento muito difícil, pois ela carrega no ventre o fruto de um amor proibido. São muito jovens, pré-adolescentes e ainda não contaram aos pais sobre a situação. Eles tem muito  medo diante do imprevisível, da reação dos seus e da sociedade.O local é ideal para  refletirem e tomarem  uma decisão: já pensaram até em aborto mas descartaram a hipótese pois já curtem o filho que em alguns meses nascerá,  com certeza já o aceitaram e irão enfrentar todas as dificuldades que dai advirão.

No local  ninguém os incomoda embora freqüentado por diversas tribos, turbas da pesada como a gangue do Pancadão  e a da Esquadrilha de fumaça, que ouvem músicas de diversos ritmos  predominando o pop rock e o sertanejo. Há um mútuo respeito entre eles com raros casos de bate-boca ou de confrontos mais violentos, cada grupo marca o seu território.Estão por aqui para curtir, extravasar desejos, intoxicar-se de amor, álcool e drogas.

Menosprezam o patrimônio público e  religioso que já foi alvo de depredações. 

Pensam: a noite é uma criança, a vida é curta, objetivos futuros são para os caretas, e que se fodam as garis com a limpeza pelas manhãs.

 Os jovens  me fascinam e surpreendem: anjos e demônios a perambular pelas noites sombrias.

Observo-os constantemente do alto das torres da Matriz e constato a crescente degradação destas frágeis almas.  Os odores da maconha e do crack contrastam com o aroma dos  incensos queimados na catedral. Libertinos, inconseqüentes, rolam pelos gramados ao lado tentando repetir o sonho utópico que alguns de seus ídolos viveram em Woodstock.

A polícia em rondas noturnas não os incomoda, parece haver um acordo tácito entre eles: se não houver depredações não haverão abordagens.

O casal de enamorados  retira-se  antes da meia-noite, cabisbaixos, na consciência o fardo da irresponsável ignorância.

Ouço o badalar dos sinos e constato o correr da ampulheta célere à madrugada.

Nuvens plúmbeas cedem aos poucos espaços aos primeiros raios de sol.

Lentamente, quais Zumbis, os cambaleantes jovens deixam o  local, a maioria trôpega pelas calçadas, outros a acelerar suas possantes motos e carros.

Mais uma noite de vigília, das sombras eu os espreito constantemente.

As cenas se repetirão nas próximas noitadas.

Tréguas? ...só aos domingos de manhã quando a posse da escadaria é retomada pelos fiéis que se dirigem às missas das seis e nove horas. Vejo poucos jovens entre eles. A maioria silenciosa é de senhores e senhoras idosos e de algumas crianças que os acompanham.

Sobem lentamente os degraus, parando vez por outra para refazer o fôlego.

Ouço os primeiros acordes do órgão da igreja e o cântico do coral a entoar os Ângelus acompanhados por tímidas vozes dos fiéis assentados nos toscos bancos de madeira.

Os penitentes fazem fila diante dos confessionários onde decantarão suas impurezas e deslizes, aguardando do supremo representante da igreja a devida punição e o divino perdão.

Pausa... o silêncio quebrado pelos passos do homem de preto que se dirige à sacristia.

Breve tocar de sinetas. O padre se paramenta, os cristãos ficam de pé e em harmonia todos se persignam.

O vozeirão do padre dá início a liturgia:”Pelo sinal da Santa Crua, livrai-nos Deus, Nosso Senhor, dos nosso inimigos. Amém!”

A seguir dirige-se ao púlpito solicitando à todos a sentar-se e ouvir a parábola dominical.

Entre rezas e cânticos alguns freqüentadores se compenetram, outros nem tanto.

A missa termina com a consagração e o troar dos sinos nas gigantescas torres.

Eles saem apressados espremendo-se entre as portas da igreja, semblantes de bons samaritanos a descer as escadarias ladeadas pelos painéis cerâmicos da Via Sacra.

Eu os conheço, a todos, a maioria gente de bem, mas alguns nem queiram saber...

Na praça em frente crianças se divertem correndo entre os labirintos dos canteiros floridos, os idosos descansam nos bancos coloridos de madeira e observam  o movimento dos carros e transeuntes.

Alguns camelôs postados nas imediações fazem a alegria da petizada vendendo balões coloridos, cata-ventos, pipocas, sorvetes e outras guloseimas.

Dos bares  o vozerio crescente dos fregueses que os freqüentam aos domingos.

Das casas próximas os aromas da comida típica e o som de um rádio a tocar velhas canções das terras de além-mar.

Após o meio-dia a cidade emudece quase por completa, retomando um ritmo mais lento a tardezinha.

O sol se põe, o domingo esmorece e minha missão continua por estas terras de Passaredo.



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MARIA ROCHA


MARAVILHA... MUITO BOM ESSE TEXTO!!

Responder      30/08/2011

Cristina Ribeiro


Mais uma vez, Maurélio, um texto maravilhoso, com uma movimentação cinematográfica e um cenário rico de elementos. Adoro interagir com esse teu imaginário! Parabéns!

Responder      14/07/2011

Ana Cavalcante Cavalcante


Não sou poetisa, brinco com as palavras e não me envergonho de expor o que sinto na minha alma, ja vc é um escandalo no que escreve, leio sempre e adoro, a simplicidade e originalidade fazem parte de seus escritos....parabéns!

Responder      11/07/2011

Berenice Dugaich


Gostei muito, me transportei para o cenário e sua narrativa ia de encontro ao que eu via.

Responder      08/07/2011

Elisa Mota


"Intoxicam-se de amor"... Verdade!Gostei de sua descrição de Passaredo (haha), muito delicada.

Responder      08/07/2011

Malu Moraes


É interessante observar que muitos simplesmente passam pela vida, mas ainda bem que alguns passam pela vida pensando a respeito do que vivem. Você é um deles e fico feliz por isso. Apreciei muito a sua narrativa! Seu conto conseguiu prender minha atenção e despertar minha curiosidade. Parabéns!

Responder      08/07/2011

Marcela Torres


Querido amigo das palavras! Querido Maurélio! Parabéns pelo belo conto descrevendo com riqueza de detalhes a realidade crua que presenciamos tantas vezes nos dias de hoje! Gostei muito! Mantenha-se sempre presente a me enviar tais pérolas pelo Facebook. Faz com que tudo ganhe uma razão melhor para continuar me mantendo por lá! E, obrigada pelos elogios (curtir) em minhas postagens. Breve meu site estará de volta ( no ar) e mandarei também links para que juntos enveredemos pelas letras.Bj,MarCela

Responder      08/07/2011

Emilena Fernandes


Caro escritor Maurélio, meus parabéns gostei demais de sua coluna, bjsss

Responder      08/07/2011

Sônia de fátima Machado silva


O conto é maravilhoso e nos revela coisas que só um observador pode enxergar. A vida comum das pessoas, suas mazelas e belezas escondidas. Penso que é preciso sim observar a nossa volta. É preciso parar para sentir a essência da vida, colocar-se no lugar das pessoas...

Responder      08/07/2011

Susely Antoniolli


Parabéns por mais este maravilhoso texto, muito bem escrito e descrito... Simplesmente Perfeito! amei! bjkas

Responder      08/07/2011

Tê Caroli


Muito bom! Parabéns!

Responder      08/07/2011

Silézia Maria Franklin de Souza


É o terceiro olho que vê através da transparência da vida... Você é um bem dotado! Luz sempre pra você!

Responder      08/07/2011

Céu Paivinha


O verdadeiro milagre de quem observa...É descobrir a beleza escondidaNo nada,onde tudo se refugiaÁ cegueira da insibilidade O verdadeiro milagre de um olharÉ vislumbrar com os olhos da alma...(fez-me chorar...obrigada)

Responder      07/07/2011

mara maracaba


Acho que o conto O Observador, passeia pela crua e dura realidade de uma pequena cidade onde praticamente todos se conhecem...Aborda temas como a gravidêsz na adolescência, o pai adolescente, o uso de drogas, as gangues que se formam em favelas e guetos!Mas mostra um lado gostodo dessa cidade, com o cehiro peculiar dos almoços de domingo!O ritmo da vida da cidade com o passar das horas diminui: chegou a hora dela dormir!Gostei muito do conto...gostoso, de bom tamanho! Parabéns amigo...

Responder      07/07/2011

Adilson José Rank


Descreve bem o cotidiano que passa em nossa cidade em em tantas outras, jovens, fiéis, gente de bem, outros nem queiram saber, melhor deixar para DEUS apontar os dedos mesmo. Parabéns Maurélio, sabes narrar como poucos nosso dia a dia...Abraço!

Responder      07/07/2011

Efigênia Coutinho


Outro belo conto de nosso escritor Maurélio Machado .Você tem um grande facilidade e ainda de diversificar seus contos,em varias fases, do humor a sentença, quando leio seus contos>vou imaginando a cena, e isso que prende a boa leitura,PARABÉNSEfigênia Coutinho

Responder      07/07/2011

Ely Arruda


Amigo Maurélio. Um texto muito real nos dias de hoje, os jovens que nada respeitam . Seu texto mostra bem a triste realidade da grande maioria dos nossos jovens . Gostei muito . Parabéns!!

Responder      06/07/2011

Carlos Augusto Ribamar


Meu caro escritor Maurélio, sua narrativa é magnífica parabenizo-lhe pelo maravilhoso conto, valeu poeta.

Responder      06/07/2011

Anne Lieri


Maurelio,um conto muito bem feito.Um olhar que vai dentro da alma de cada um,ás portas de uma igreja e seus arredores!Adorei o observador de almas!Bjs,

Responder      06/07/2011

Eliane Blodorn


Uauuuu amigo Maurélio! Profundo esse texto, faz a gente parar pra pensar e avaliar muita coisa...tocante mesmo! Um grande abraço!

Responder      06/07/2011

Jefferson Dieckmann


É o observar da vida cotidiana com seus personagens e tramas, encenadas todos os dias para um público variado nas ruas, escadarias e becos da cidade. Muito bom, meu amigo! Um grande abraço!

Responder      06/07/2011

Tanya Avellar


Maravilhosa Observação amigo , a noite o vandalismo dos jovens de hoje em dia , nas escadarias da igreja , e no dia seguinte a alegria dos tementes a Deus , indo com muita alegria assistir a missa e fazer a visita à Casa do Pai , é com alegria e com certeza interior que pegamos nossa estrada nas consolações de Deus e nas perseguições do mundo , agradeço por compartilhar seus escritos querido amigo , sucesso cada vez mais , beijos .

Responder      06/07/2011

Emmanuel Almeida


Sua abordagem foi interessante, puxou o jóvem e o mais velho, valorizou o fim de semana e nos mostrou que cada vida é uma vida, ams precisamos ter responsabilidades e compromissos, principalmnte com a família. Parabéns Maurélio. Parabéns Poeta!

Responder      06/07/2011

cassinha saide martins


muito lindo amigo mauricio dei uma volta ao tempo parabens valeu amigo beijos

Responder      06/07/2011

Lia Barcellos


Sempre uma delíca ler teus textos, a descrição, me sinto ali, também observando a noite, e seus "movimentos".os dias que transcorrem, na rotina de uma cidade, com seus aromas, sabores, e ruídos, é o que movimenta o observador, que vê, a vida ali!! Muito bom!Bjs

Responder      06/07/2011

Claudia Nogueira


Maurelio,Ao ler, fiz uma viajem, parecia que eu estava ali, dentro da suas palavras.Magnífico e real. Parabéns. ABS

Responder      06/07/2011

Luciane Cortat


Boa noite meu querido.Como sempre um texto que prende nossa atenção do início o fim.Maravilhoso,bem criativo.Tem certeza que é fictício...?Beijo e aplausos sempre.

Responder      05/07/2011

Tania Montandon


Profundo, com picadas de humor fino inteligente, muito estiloso. Parabéns, Maurélio, belo trabalho!beijotania

Responder      05/07/2011

Adélia Gonçalves


Bem...que posso eu dizer...texto fantástico, histórias complexas, mas ao que deduzo, bem reais. Deixo aqui os meus sinceros parabéns, a você grande poeta e belíssimo narrador. Obrigada pelo convite a esta magnífica leitura e por poder deixar o meu comentário. Fique bem, beijinho :) P.S.: O meu país é Portugal

Responder      05/07/2011

Alfredo Perligeiro


Bela participação no lançamento do livro, abraços e sucesso sempre Maurélio

Responder      05/07/2011

patricia rossati rogai


Seus textos são maravilhosos curto muito parabéns

Responder      05/07/2011

eliana marques


o texto não nos deixa desviar a atenção,tenho costume de ler muito,mas tem determinados textos que não prendem a atenção,não tem enfase,conteudo na narração,e ler seu texto é muito prazeroso como disse a amiga nos transportamos para a cena e vivenciamos ....parabens maurélio pelo tema,pela narração e pela pessoa querida que é...imagino que vivenciando esse a rotina,valoriza cada dia mais os momentos suaves....a sociedade pede socorro...............bjos no coração,fé esperança em um

Responder      05/07/2011

Ana Paula NUnes


Adorei o texto! Logo nos primeiros parágrafos me senti dentro do conto, vivendo e observando todos os detalhes descritos. Parabéns!

Responder      05/07/2011

Luciene Tanaka


Parabéns meu querido amigo Maurélio...bela forma de fazer observações, principalmente dos nossos jovens...que infelizmente percebo muitos nessa situação de almas fragilizadas...e sem muitos objetivos...mas vc faz uma descrição linda de vários ângulos e do que parece ser o dia a dia de muitas cidades...Parabéns pela sua sensibilidade observadora...bjs amigo!

Responder      05/07/2011

Rosa Gandine Hipólito


Parabéns! Querido MaurélioBelíssima narração dos acontecimentos diários.Obrigada! Pelo convite e por poder vir até esteespaço. Gostei do que li.Tenha uma linda noite!Querido beijo!Rosa Gandine

Responder      04/07/2011

rosa pena


"Na praça em frente crianças se divertem correndo entre os labirintos dos canteiros floridos, os idosos descansam nos bancos coloridos de madeira e observam o movimento dos carros e transeuntes."...lindas imagens, inclusive essa que adorei meu querido.. um beijo carinhoso..rosa

Responder      04/07/2011

Dolce Vita


Gostei muito da forma como desenvolveu o argumento desse conto. Parabéns! Muito bom. Bjs

Responder      04/07/2011

Sonia R. Carrato


Excelente texto meu amigo, sob o atento olhar do observador... Parabéns por mais esta pérola! Grande abraço!

Responder      04/07/2011

Rosana Buarque


Meu amigo poeta maravilhoso, .... me envia sempre novas publicações,..os meninos estão de férias posso ficar mais no computador por esses dias..ok..fique com DEUS ótima semana, beijusssssssssss Rosana

Responder      04/07/2011

Luciana Rocha


Meus parabéns! Espaço muito bem trabalhado. Belíssimo texto. Congratulações. Receba minha admiração.

Responder      04/07/2011

Maurélio Machado


Uma observação: O texto acima faz parte do livro: "Vida, motivos: degraus", fruto de oficina literária ministrada pelo escritor Rubens da Cunha (Antologia com 13 participantes) lançado no início deste ano.

Responder      04/07/2011

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