Escritor e Poeta
Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.
Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.
Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.
Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina
Municipal de São Bento do Sul
Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr
Ferreira Gomes, grande poeta e contista brasileiro do século passado, vivia incógnito em sua rudimentar moradia em companhia de seus livros e da solidão.
Era um tímido, poucas companhias lhe agradavam.
Suas composições eram em geral de poemas líricos , sonetos e poesias surreais.
Era um jovem reservado, de poucos amigos e raras aparições públicas.
Poucas vezes era visto em saraus poéticos, reuniões sobre literatura ou lançamentos de livros.
Cunha Lopes, poeta amador era um de seus melhores amigos e admiradores.
Vez por outra visitava Ferreira para troca de ideias sobre novos autores, livros e literatura em geral.
Em determinada tarde caminhando pela estrada de chão, Cunha Lopes dirigiu-se à pequena casa verde de muro caiado, circundada por trepadeiras vigorosas e floridas.
Chegou, lá estava o refúgio do magnífico poeta.
Cunha Lopes chegou a soleira de madeira escura e tocou a velha campainha de bronze enegrecida pelo tempo.
Sem respostas, insistiu mais algumas vezes em vão.
Talvez Ferreirinha como chamam-no carinhosamente, estivesse aos fundos da casa, apreciando seu exuberante pomar.
Foi até lá verificar.
Observou a porta dos fundos, estava entreaberta.
Lentamente ela foi aberta, sob um rangido baixinho.
Lopes avistou o amigo sentado numa cadeira rústica e o rosto caído sobre uma pequena mesa.
Chamou a distância, não houve respostas.
Aproximou-se e tocou o corpo de Ferreirinha.
Um frio percorreu-lhe o corpo, Ferreira Gomes se fora.
Estava enrijecido, olhos fixos na parede ao lado, um lápis entre seus dedos pousados sobre o papel amarelado.
Cunha apanhou o papel sobre a mesa...e tristemente leu o poema inacabado.
ADEUS AMOR
Para não causar-te mais danos
E não ver-te sofrer cruelmente
Pelos desatinos e desenganos
Ao tratar-te tão rudemente
Deixo o belo e cobiçado chão
O rincão que me viu crescer
E que fez pulsar meu coração
Não quero este vil padecer
Sigo...
Nada mais...
Lágrimas silenciosas corriam dos olhos de Cunha Lopes, tudo acabado.