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Maurélio Machado

maurelio_machadoyahoo.com.br

Escritor e Poeta

Natural de São Bento do Sul,SC, casado com Karim Voigt, pai de 2 filhas: Daniela e Fernanda e 1 filho: Fábio Luis, 1 neta Giovanna e 1 neto Eduardo.

 Membro da Academia Parano-Catarinense de Letras, ocupando a cadeira de nr. 41.

 Membro da Diretoria da Oficina de Poetas - formação de jovens poetas nas escolas públicas.

 Membro da Academia de Letras Infanto-Juvenil para Santa Catarina 

Municipal de São Bento do Sul

 Mérito Literário do Instituto Montes Ribeiro de Curitiba/Pr

 


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Poema inacabado

Segunda, 06 de abril de 2015

 
Ferreira Gomes, grande poeta e contista brasileiro do século passado, vivia incógnito em sua rudimentar moradia em companhia de seus livros e da solidão. 
Era um tímido, poucas companhias lhe agradavam. 

Suas composições eram em geral de poemas líricos , sonetos e poesias surreais. 
Era um jovem reservado, de poucos amigos e raras aparições públicas. 

Poucas vezes era visto em saraus poéticos, reuniões sobre literatura ou lançamentos de livros. 

Cunha Lopes, poeta amador era um de seus melhores amigos e admiradores. 
Vez por outra visitava Ferreira para troca de ideias sobre novos autores, livros e literatura em geral. 

Em determinada tarde caminhando pela estrada de chão, Cunha Lopes dirigiu-se à pequena casa verde de muro caiado, circundada por trepadeiras vigorosas e floridas. 

Chegou, lá estava o refúgio do magnífico poeta. 

Cunha Lopes chegou a soleira de madeira escura e tocou a velha campainha de bronze enegrecida pelo tempo. 

Sem respostas, insistiu mais algumas vezes em vão. 

Talvez Ferreirinha como chamam-no carinhosamente, estivesse aos fundos da casa, apreciando seu exuberante pomar. 

Foi até lá verificar. 

Observou a porta dos fundos, estava entreaberta. 

Lentamente ela foi aberta, sob um rangido baixinho. 

Lopes avistou o amigo sentado numa cadeira rústica e o rosto caído sobre uma pequena mesa. 

Chamou a distância, não houve respostas. 

Aproximou-se e tocou o corpo de Ferreirinha. 

Um frio percorreu-lhe o corpo, Ferreira Gomes se fora. 

Estava enrijecido, olhos fixos na parede ao lado, um lápis entre seus dedos pousados sobre o papel amarelado. 

Cunha apanhou o papel sobre a mesa...e tristemente leu o poema inacabado. 

ADEUS AMOR 

Para não causar-te mais danos 
E não ver-te sofrer cruelmente 
Pelos desatinos e desenganos 
Ao tratar-te tão rudemente 
Deixo o belo e cobiçado chão 
O rincão que me viu crescer 
E que fez pulsar meu coração 
Não quero este vil padecer 
Sigo... 

Nada mais... 
Lágrimas silenciosas corriam dos olhos de Cunha Lopes, tudo acabado. 



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