Com resultados inclusive em São Bento do Sul, onde foi inaugurada na semana passada uma cooperativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
O governo são-bentense inaugurou oficialmente no dia 3, sexta-feira passada, a sua central de distribuição de merenda escolar - uma parceria com a Cooperativa Regional de Industrialização e Comercialização Dolcimar Luiz Brunetto (Cooperdotchi). A central, localizada nas instalações da antiga Móveis Leopoldo, funcionará como um ponto de distribuição de hortifrutigranjeiros. Toda a produção comprada da agricultura familiar ficará na câmara fria e, de acordo com a necessidade, será destinada às escolas municipais. Para incentivar a agricultura familiar, a Secretaria de Educação de São Bento do Sul - tendo parceira com a Secretaria de Agricultura - compra essa produção. Somente em 2011 foram comprados R$ 223 mil em produtos da agricultura familiar. No total a Secretaria de Educação já investiu R$ 875 mil em merenda escolar. São mais de vinte e três mil refeições diárias - com qualidade supervisionada por nutricionista.
Conforme o secretário de Agricultura, Edi Salomon, a câmara fria foi instalada através de uma parceria com o governo federal e a própria cooperativa. "A câmara garante muito mais tempo de conservação aos alimentos, nos permitindo assim adquirir mais produtos dos nossos produtores, pois os produtos não vão estragar tão facilmente", diz. A capacidade da câmara é de até quinze toneladas de alimentos - algo como setecentas caixas de maçã, por exemplo. Participaram da inauguração o prefeito Magno Bollmann, o próprio secretário de Agricultura, representantes da Cooperdotchi e merendeiras de todas as escolas da rede municipal, que inclusive receberam uma cesta da cooperativa.
ATRAVESSADORES
Em seu pronunciamento, o prefeito ressaltou a valorização do pequeno agricultor, "que estava sendo prejudicado pelos atravessadores, os quais ficavam com boa parte do lucro". Nesse modelo de agricultura familiar a prefeitura compra a produção dos agricultores e destina à merenda escolar. "Esse alimento vindo do agricultor local é de melhor qualidade, o que certamente é um benefício a mais para nossas crianças", disse Magno. Atualmente quase 40% da merenda escolar destinada às crianças vêm da agricultura familiar. A meta do governo é aumentar ainda mais esse número. A legislação nacional exige no mínimo 30%.
A Cooperdotchi é a autora de um projeto que propôs o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA) ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O programa inclusive foi adotado como uma das estratégicas do Fome Zero. O PPA existe em diferentes municípios da região, atendidos pela mesma cooperativa, formada por famílias beneficiadas pelo programa de reforma agrária. O PPA é desenvolvido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Uma grande área em Araquari, proximidades de Joinville, abriga famílias de um dos assentamentos produtores de alimentos para a Cooperdotchi, a cooperativa do MST que leva frutas e verduras para escolas públicas e entidades sociais da região. Outro assentamento está localizado no distrito de Volta Grande, em Rio Negrinho, município também beneficiado pelo programa.
CHAMADA PÚBLICA
Porém, conforme o coordenador do programa em São Bento, Teddy Ariel Miranda Santa Cruz, assessor do gabinete do prefeito Magno Bollmann, na medida do possível, de acordo com a disponibilidade, os produtos são adquiridos junto aos próprios agricultores são-bentenses. O restante vem da produção de outros assentamentos ligados à Cooperdotchi, que tem vencido as chamadas públicas - uma espécie de licitação - para realizar tal atividade em São Bento. Conforme Teddy, a próxima chamada acontecerá agora no segundo semestre. A maioria dos produtos é livre de agrotóxicos. "Quase que completamente", explica o coordenador. De acordo com as solicitações das merendeiras, a prefeitura faz os pedidos semanalmente aos agricultores, cujos produtos são repassados às escolas justamente através da cooperativa. "Vamos começar a cadastrar mais agricultores", avisa Teddy. Maiores informações podem ser obtidas através do telefone 3635-5298.
PRIMEIRA COLHEITA
Os moradores do bairro Serra Alta, participantes da Horta Comunitária, comemoram a primeira colheita de hortaliças plantadas cerca de um mês e meio atrás. O projeto, realizado por meio da Secretaria de Assistência Social, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem o objetivo de incentivar a produção de alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos. Também na última sexta-feira, os moradores convidaram o prefeito Magno Bollmann, o chefe de gabinete Cláudio Schultz e a secretária de Assistência Social, Lindacir Conde, para saborearem um almoço com as primeiras hortaliças colhidas da horta. "Estou impressionado com o trabalho que vocês desenvolveram neste local", disse o prefeito. "Há uns dias a única coisa que tinha aqui era um gramado e agora foi transformado numa maravilhosa e produtiva horta", elogiou o prefeito.
Sob a orientação das engenheiras agrônomas Susi Mara Fredi e Renata Gomes, os moradores fizeram o plantio de árvores frutíferas, hortaliças, ervas medicinais e flores. "Com o apoio da prefeitura conseguimos ensinar métodos de cultivo de hortaliças somente com adubo orgânico e os moradores foram cada vez mais se motivando e colaborando, e o resultado é que hoje todos têm verduras para colocar na sua mesa e com isso ter uma alimentação mais saudável", relata a engenheira Susi.
EXPANSÃO DO PROJETO
Desde que foi inaugurada, no dia 28 de abril, muitas foram as mudanças e melhorias feitas na Horta Comunitária. Uma delas foi a criação do "estatuto da horta", que estabelece as regras, direitos e deveres de cada voluntário. A secretária informou que o bairro Serra Alta serve de exemplo e que mais projetos deverão ser implantados nos próximos meses. "Já estamos com tudo pronto para iniciar o projeto no bairro Centenário e está em estudo a implantação em mais dois pontos da cidade", avisa Lindacir. O almoço foi preparado pelos próprios moradores. No cardápio, saladas de alface roxo e rúcula, e temperos como salsa e cebola verde. Inicialmente toda a produção será dividida entre os voluntários, mas, segundo a secretária, já existe uma proposta para fazer a comercialização do excedente da produção futuramente. (Por Elvis Lozeiko, com Assessoria de Imprensa do governo municipal).