São Bento do Sul tem registrados 33 focos do mosquito transmissor da dengue. O número já é superior ao do ano passado todo, quando foram detectados 20 focos. O mais recente caso deste ano foi no bairro Bela Aliança, encontrado nesta quinta-feira (23).
Para acompanhar o trabalho dos agentes do Programa de Combate à Dengue do município, equipes da Vigilância Epidemiológica e da Vigilância Sanitária do governo do Estado esteve em São Bento do Sul, na quarta-feira (22). Além de vistoriar alguns locais onde foram encontrados focos do mosquito, a equipe também repassou instruções quanto ao procedimento para evitar a proliferação do inseto.
Caso mais focos sejam encontrados nas imediações dos já identificados, alguns bairros podem passar a ser considerados infestados pelo Aedes aegypti. De acordo com a bióloga da Gerência Regional Regional de Saúde, responsável pelo monitoramento das ações endêmicas na região, Janaína Hartinger, a maior preocupação estão nos bairros Boehmerwald e Serra Alta.
Isso porque, conforme relatórios da equipe de combate à dengue de São Bento do Sul, os focos dos mosquitos foram encontrados muito próximos uns dos outros, e isso é sinal de alerta para a infestação. “É preciso intensificar a vigilância no município para impedir a infestação. Por isso pedimos a colaboração da população para eliminar os possíveis criadouros do mosquito”, alerta.
Outro ponto que a bióloga destaca é que engana-se quem pensa que o inverno é um período prejudicial ao mosquito e, portanto, sem necessidade dos cuidados. Pois os ovos suportam grande período de seca ou mesmo frio e, portanto, quando o verão chegar, eles estarão prontos para o nascimento dos insetos. “Os ovos podem resistir na natureza por aproximadamente 450 dias”, revela.
Janaína ainda alerta para os cuidados em casa, pois os mosquitos são urbanos, ou seja, gostam de locais artificiais e próximos dos seres humanos, pois as fêmeas se alimentam basicamente de sangue, tendo preferência pelo humano. Ainda sobre os bairros Serra Alta e Boehmerwald, a preocupação aumenta por estarem localizados próximos às rodovias, aonde a circulação de veículos é muito grande, podendo com isso trazer de outras regiões os insetos em compartimentos de carga, por exemplo. “É dever de cada um cuidar de sua residência, comércio e terreno baldio para combater o mosquito. A principal medida é eliminar os criadouros”, destaca.
Vistorias - Após a reunião na Secretaria de Saúde, Janaína e a enfermeira da Vigilância Sanitária do Estado, Marilene Novello da Silva, foram até alguns dos locais aonde atuava uma equipe do programa de combate à dengue municipal, no Boehmerwald. No local os agentes vistoriavam casas, terrenos e imóveis abandonados, e orientavam os moradores quanto aos cuidados para evitar a proliferação do mosquito.
Sempre que um foco do mosquito é identificado, inicia-se o processo de varredura, com a delimitação de um raio de 300 metros ao redor para tentar identificar e eliminar possíveis criadouros próximos aonde o mosquito possa colocar seus ovos. Após a delimitação da área e vistoria, dois meses depois a equipe retorna para uma nova vistoria a fim de identificar novos focos.
Armadilhas - Dos 32 focos deste ano, nove deles foram encontrados apenas neste mês. Praticamente todos eles foram identificados em armadilhas feitas com pedaços de pneus e água, colocadas em diversos pontos da cidade. Todas as armadilhas são visitadas pela equipe de combate à dengue uma vez por semana e todas as larvas encontradas são analisadas. Já as armadilhas onde o foco é encontrado são queimadas e novas são instaladas.
A Vigilância Sanitária ainda tranquiliza a população, pois se uma larva do Aedes aegypti for encontrada, não significa que aquele local é o criadouro. Bem ao contrário, pois o mosquito já está presente no local e graças à armadilha é que está sendo possível identificar que o inseto transmissor da dengue está na cidade e aonde ele pode ser encontrado. Por isso é feita a vistoria no raio de 300 metros das armadilhas. “Temos muito que agradecer aos comerciantes que nos permitem instalar armadilhas em seus estabelecimentos. Eles estão fazendo um grande bem para a comunidade”, disse a coordenadora do programa de combate à dengue de São Bento do Sul, Angelita Nogueira.
Semanalmente os agentes do Programa de Combate à Dengue verificam as 432 armadilhas espalhadas pelo município e, a cada 15 dias, observam os 86 Pontos Estratégicos (PEs) instalados em locais mais vulneráveis como borracharias, empresas de reciclagem entre outros.
Os bairros em São Bento do Sul que foram identificados com focos do mosquito da dengue são: 2 focos na Dona Francisca, 5 no Colonial, 7 em Serra Alta, 2 no Alpino, 3 no Cruzeiro, 4 em Oxford, 3 no Centro, 1 no 25 de Julho, 3 no Boehmerwald, 1 no Progresso, 1 no Mato Preto e 1 foco no Bela Aliança.
Pneus velhos - Ao longo desta semana, uma das ações da Vigilância Sanitária para o combate ao mosquito é o recolhimento de pneus velhos. Até esta sexta-feira (24), o Local de Entrega Voluntária (LEV), no bairro Brasília, recebe pneus inservíveis. Quem tiver algum pneu para descarte pode levar gratuitamente ao local, e mais tarde tudo será levado por uma empresa que faz reaproveitamento do material, utilizando como fonte de energia e matéria-prima para a indústria. “O pneu é um dos depósitos mais procurados pelo mosquito. Por isso as armadilhas são feitas utilizando pedaços de pneus”, destaca a bióloga Janaína Hartinger.
O que fazer? - Evite usar pratos nos vasos de plantas; Guarde garrafas com o gargalo virado para baixo; Mantenha lixeiras tampadas; Deixe os tanques utilizados para armazenar água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d'água; Plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água; Trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana; Mantenha ralos fechados e desentupidos; Lave com escova os potes de comida e de água dos animais, no mínimo uma vez por semana; Retire a água acumulada em lajes; Limpe calhas, evitando que galhos ou outros objetos não permitam o escoamento adequado da água; Dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em vasos sanitários pouco usados e mantenha a tampa sempre fechada; Evite acumular entulho, pois podem se tornar criadouros do mosquito.
Dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado. Além da dengue, este mesmo mosquito pode transmitir chikungunya, zika vírus e febre amarela. Destas, a única que pode ser prevenida através de vacinação é a febre amarela. Por isso a importância da vacina.
Viviane de Vargas Miranda