Jaraguá do Sul - Novo padrão agiliza atendimento nos postos de saúde

 

 A costureira aposentada Zenilde Joanita Buzarello Vicenzi, 58 anos, saiu satisfeita do consultório do enfermeiro Eduardo Schroeder, responsável pela Unidade Básica de Saúde Wolfgang Weege, na Barra do Rio Cerro. Ela precisava marcar um retorno com o médico para ver os exames de sangue que havia realizado. Para isso ligou para o posto. Foi orientada a comparecer na unidade. Na mesma hora em que chegou na unidade, foi atendida e seus exames foram avaliados pelo enfermeiro. Schroeder também observou que estava na hora de Zenilde fazer uma mamografia de controle. Ela saiu com o exame agendado e também com uma consulta especializada com o angiologista, com prioridade, devido ao seu histórico de saúde.
Dona Zenilde é uma das centenas de pacientes que estão notando a diferença no atendimento nos postos de saúde de Jaraguá. Desde 5 de novembro um novo fluxo de atendimento e a implantação dos protocolos de enfermagem começaram a acontecer em todas as unidades básicas de saúde. Essas duas mudanças significam basicamente o seguinte: o paciente não agenda mais uma primeira consulta com o médico do posto. Seu primeiro atendimento é feito no mesmo dia em que procura a unidade de saúde. Com pequenas variações de um posto para o outro, o paciente se dirige à recepcionista, explicando o seu problema. Ela o encaminha para um profissional de saúde que vai avaliar os sinais vitais do paciente (pressão, temperatura, peso) e encaminhá-lo ao enfermeiro. No mesmo dia o paciente ou é atendido pelo enfermeiro e/ou pelo médico e sai com o seu problema de saúde resolvido ou encaminhado. 
Atendimentos regulamentados
Quanto aos protocolos de enfermagem, trata-se de uma regulamentação do exercício da profissão, prevista pela Lei nº 7.498/86, que dá respaldo a alguns procedimentos que antes eram submetidos somente aos profissionais médicos, como receitas de alguns tipos de medicamento, solicitação de alguns exames, entre vários outros protocolos de atendimento. O enfermeiro da unidade de saúde do Caic/São Luís, Luís Antônio da Silva Oreano Ferreira Lima, explica que na unidade em que trabalha 70% do atendimento já está sendo feito no novo fluxo de atendimento, ou seja, o paciente chega e já passa por consulta na hora. Os 30% restantes ainda são para atender demandas que ainda não foram atendidas. “Até o fim de fevereiro de 2019 estaremos com 100% de demanda espontânea e isso é muito bom tanto para os profissionais de saúde, que podem humanizar cada vez mais o atendimento, quanto para o paciente, que é atendido no mesmo dia em que procura a unidade”, avalia Lima.A médica Janina Gwadera, que atua na Unidade do Morro da Boa Vista (Saúde da Família), considera “tranquila a estratégia de atendimento, pois já trabalhávamos assim e continuaremos com a mesma atuação. Inclusive a enfermeira é extremamente dedicada e cuidadosa fazendo o que lhe cabe, sem afetar o meu trabalho como médica”.
Mais agilidade na primeira consulta
Conforme a Diretora de Saúde, Niura Sandra Demarchi dos Santos, de modo geral, nas unidades em que o sistema está implantado, 50% dos pacientes estão saindo deste atendimento com a solução do seus problemas. Ela destaca ainda que até o dia 4 de novembro – um dia antes da implantação do sistema – havia uma fila de espera para primeira consulta das Unidades Básicas de Saúde de 15.510 pacientes. “Neste dia 21, estávamos com uma fila de 14.205 pacientes”, informa. “Ainda, é importante destacar que, além do atendimento dos pacientes de fila de espera que representa 40% dia, foram atendidos mais 2.860 pacientes pela demanda espontânea os quais buscaram as Unidades para as avaliações, consultas com os enfermeiros e médicos. Muitos destes pacientes nunca haviam passado pelas Unidades de Saúde”, finaliza.
De acordo com dados levantados pelo setor de estatística da Secretaria de Saúde, entre os dias 5 e 21 de novembro, as consultas realizadas pelos enfermeiros nas unidades de saúde do Caic/São Luís, Amizade, Ilha da Figueira, Vila Lalau, Barra do Rio Cerro, Santa Luzia e Santo Antônio (unidades com o novo fluxo de atendimento) aumentaram 68% com relação ao mesmo período do ano passado.  A solicitação de exames pelo enfermeiro teve um aumento de 22%.
Aprovação
Atualmente desempregada, Taine Fernandes, 33 anos, procurou a unidade de saúde do Caic/São Luís na manhã desta quinta-feira (22) porque estava com uma “bola” embaixo do braço que latejava e doía. Teve seus sinais vitais aferidos e logo foi chamada pelo enfermeiro. “O que houve com você, Taine?” “Eu estou com uma bola embaixo do braço que dói muito. Não sei o que aconteceu.” “Faz muito tempo que você está com essa bola?” “Faz três dias.” Lima pediu para a paciente sentar na maca. Ao examinar o local e observar a dor da paciente, o enfermeiro fez mais algumas perguntas e identificou um abscesso. Passou a medicação a ser usada para aliviar a dor e diminuir a bolsa de pus causada pelo abscesso. Taine avalia que o atendimento no posto de saúde está mais ágil e melhor. “É muito mais rápido agora. Venho até o posto e tenho meu problema resolvido no mesmo dia. É muito bom”, afirma a paciente.“Um dos principais objetivos é qualificar o atendimento na Atenção Básica. Os usuários do Sistema Único de Saúde têm as suas demandas atendidas em tempo oportuno. Também irá reduzir abruptamente o absenteísmo na Atenção Básica”, afirma o secretário municipal de Saúde, Dalton Fischer.