Quando iam brincar ou fazer atividades no pátio da EMEB Professora Irene Olinda Teifke Ribeiro, os estudantes do 5º ano 1 e 2 contavam com a companhia de pombos. Ao lado das janelas das salas, as aves também aproveitavam para se alimentar e descansar. A presença deles na escola preocupou a professora Patrícia Oliveira que transformou o problema em um motivo para despertar o interesse dos estudantes para uma pesquisa com rigor científico, tipo de estudo que eles tinham pouco contato. Intitulado como Projeto Pombo, a iniciativa estimulou as crianças a alertarem a comunidade escolar sobre as doenças, sintomas e cuidados com esses animais.
O primeiro passo para iniciar uma investigação científica é, segundo a professora, ouvir os próprios alunos e buscar temas que possam aguçar a curiosidade deles. Assim, o incômodo que a comunidade escolar sentia com a presença dos pombos foi o mote do projeto. “Iniciamos essas pesquisas no laboratório de informática da escola, a partir delas os alunos tinham que montar cartazes e um texto como forma de orientar aqueles que alimentam essas aves e que desconhecem seus perigos”, ressaltou Patrícia.
“Uma das grandes dificuldades do professor de educação básica enfrenta hoje é conseguir despertar o interesse do aluno sobre o conteúdo e sobre a disciplina. Com essa atividade, eles puderam investigar e se sentirem pessoas importantes ao alertar alguém sobre os pombos”, conta. Segundo a professora, temas que cercam o cotidiano dos estudantes costumam despertar mais o interesse deles para a aula. “Eles apresentam com facilidade assuntos complexos e técnicos que envolvem o tema”, complementa.
Letícia Yasmin Andrade Norato é uma das alunas que se voluntariam para falar. Segundo ela, os pombos são causadores de doenças, como: Criptococose, transmitida pela inalação da poeira contendo fezes secas de pombos; Salmonelose, causada pela ingestão de ovos ou carne contaminados pela bactéria presente nas fezes desses animais e ainda a Dermatite, causada pelo piolho do pombo. “Esses dias a minha irmã viu um pombo machucado na frente de casa e queria pegar. Lembrei logo da aula e não deixei ela fazer isso. Tive que explicar para a minha mãe que era importante deixar ela longe dele, pois poderia causar muitas doenças”, conta.
Durante a investigação, os estudantes ainda descobriram que os pombos estão na cadeia alimentar de aves consideradas em extinção como o falcão peregrino. A alimentação dos pombos adultos que vivem nos campos é constituída basicamente de grãos integrais e pequenos insetos. Já os pombos que vivem nas cidades acabam ingerindo restos de alimentos e resíduos encontrados no chão. “Apesar de bonitos, os pombos são bem perigosos. Por isso, agora estou aconselhando quando vejo uma pessoa alimentando um a não fazer isso”, alerta o aluno William Bonetti.