Pizza é sempre uma boa ideia. Com a iniciativa da professora Andreia Kiatkoski da EMEB Professora Irene Olinda Teifke Ribeiro, do bairro Campo Lençol, a atração não se tratou apenas de comida. Desde o mês de fevereiro, os alunos do 4º ano 1 e 2 aprenderam uma valiosa lição com o Projeto “Moeda Vira Pizza”: a importância do poupar. Toda quarta-feira, as crianças ficavam responsáveis de levar qualquer quantia em moedas que conseguissem para serem guardadas em pequenos cofres na sala de aula. E o aprendizado não poderia ter sido outro: engajados os alunos aprenderam conteúdos matemáticos, o trabalho em equipe e a solidariedade com o outro e foram recompensados com a ida a uma pizzaria.
Logo no início, a professora compartilhou o objetivo do projeto com as crianças, explicando que tinham que juntar moedas para atingir um determinado valor para fazerem o passeio. A ideia ainda surgiu como uma oportunidade para alguns alunos que não haviam ido. Antecipadamente, Andreia verificou todos os custos por pessoa, para que tivessem uma meta. Toda a arrecadação era anotada minuciosamente em um caderno com cálculos que mostravam a quantia que ainda faltava ou que já havia sido alcançada pelo aluno. “Podia ser qualquer moedinha, conforme o projeto ia progredindo as crianças ficavam mais motivadas a trazer. Até eu comecei a poupar para o meu cofrinho”, conta.
Envolvimento familiar
Antes do projeto entrar em prática foi realizado uma reunião com os responsáveis, a qual foi explicado a importância de eles auxiliarem as crianças a enviarem as moedas paulatinamente. “Em algumas semanas isso foi um problema, pois as moedas são muito usadas como troco nos comércios. Às vezes era comum alguma criança trazer uma nota, então eu ia e trocava com as professoras e funcionários por moedas para atingir o objetivo do projeto”, ressalta Andreia.
Além da importância do poupar, os alunos ainda puderam aprender a representar por meio da escrita os valores do sistema monetário, comparar os preços, desenvolver cálculo mental, a diferenciação de dezenas e centenas e, ainda, o estímulo às atitudes de interação, de colaboração e de troca de experiências entre os colegas. “Uma simples moeda pode ajudar muito nas aulas de matemática, alguns deles não sabiam a função da vírgula para separar os valores”, lembra a professora. “Esse trabalho ainda vai auxiliá-los no dia a dia, quando a mãe ou pai precisarem de ajuda para fazerem um cálculo”.
Para organizar todo o dinheiro, os alunos tinham um cofre que ficava guardado na escola. “Quando as quantias iam crescendo, vi a necessidade de criar uma conta no banco. Por exemplo, teve um aluno que conseguiu arrecadar R$ 95. Tudo isso serviu para dar mais segurança e controle do que as crianças haviam poupado”, frisa. Andreia conta ainda que a empolgação ia aumentado na sala de aula quando algum aluno alcançava a meta da arrecadação.
Abrindo o coração
“É claro que tivemos algumas crianças que não conseguiram trazer muitas moedas. Por isso, busquei entender a situação”, fala Andreia. Nesses casos, os professores e funcionários foram orientados a auxiliar com a quantia que faltava. Mas a surpresa e o gesto de solidariedade partiu de um dos alunos, ao perceber que um dos colegas não estava conseguindo trazer muitas moedas. “Ele ergueu a mãozinha e perguntou se poderia doar o valor que havia juntado a mais para o colega. Nesse momento tive que me segurar para não chorar, perguntei se ele tinha certeza e ele nem pensou duas vezes em concordar”, conta emocionada. Com a iniciativa, outras crianças da sala também queriam ajudar o colega para ir ao passeio.
A alegria também tomou conta das crianças ao chegarem na pizzaria. “A felicidade deles contagiava qualquer pessoa. Por ser a primeira experiência de alguns, eles até perguntavam envergonhados se podiam comer mais um pedaço de pizza”, lembra. Ao serem questionados se o projeto havia sido positivo, os alunos erguiam as mãos para contar o que conseguiram aprender e agradecer a professora. “É gratificante quando vemos os alunos tão envolvidos com os projetos e com a vontade de aprender”, concluiu Andreia.