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Perturbação, vazamento de esgoto e furtos assustam moradores de residencial em Canoinhas

Da situação a que se chegou o Nossa Sra Aparecida, os problemas sobraram para todo mundo, menos para a Implantec, empresa de São Bento do Sul que projetou e construiu as casas.

Segunda, 27 de agosto de 2018

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Loteamento pouco antes da inauguração/Priscila Noenrberg
 

O incêndio criminoso em uma casa no Conjunto Habitacional Nossa Senhora Aparecida – jocosamente batizado de Residencial por autoridades políticas – neste fim de semana, é só o último episódio que exemplifica a bomba-relógio que o lugar se tornou. Com 392 casas construídas a um metro uma da outra, sem muros e com uma média de quatro pessoas concentradas em apenas uma casa de 43,8 metros quadrados, o residencial se tornou um sério problema.

 

 

 

Casa incendiada no fim de semana/Divulgação

Furtos, perturbação do sossego alheio, brigas de vizinhos, cachorros latindo a noite toda são apenas alguns dos problemas relatados por moradores ouvidos pelo JMais, a maioria sob anonimato.

 

 

Até as crianças geraram um problema. Sem nenhuma opção de lazer externa, resta a rua e uma plantação ao lado do residencial para brincar. O proprietário da plantação alerta que os agrotóxicos usados na lavoura podem afetar a saúde das crianças, sem contar a quebra no plantio com as mudas espezinhadas pela garotada.

 

 

Água de esgoto contamina córrego, segundo agricultor/Divulgação

Há ainda a questão ambiental. “E os nossos órgãos ambientais? Cadê a Secretaria do Meio Ambiente? Só tem multa pra nós agricultores quando cortamos uma árvore, por que aos demais, não? O rio que passa atrás do presídio está contaminado com esgoto, um cheiro insuportável, estão despejando esgoto sem tratamento”, denunciou o agricultor Dilmar Maieski em fotos enviadas ao JMais pelo Facebook.

 

 

 

Logo nas primeiras semanas em que os moradores entraram nas casas logo sentiram um cheiro de esgoto a céu aberto. Houve vazamento em plena rua e a Implantec, empresa responsável pela obra, diz ter contornado o problema.

 

 

 

Os problemas, por sinal, se multiplicam e um gera o outro. O incêndio do fim de semana, por exemplo, gerou pânico nos vizinhos da casa. A ação rápida dos bombeiros de Canoinhas evitou que o fogo se alastrasse e atingisse outras casas. “Nesta briga de bandido contra bandido, nós que não temos nada a ver ficamos no meio de tudo isso. A bandidagem faz o que quer, na hora que quer, e saem impunes. A gente denúncia, dá nomes, endereço, e não adianta, só irão tomar uma atitude quando morrer alguém? Gostaria de saber onde estão as autoridades? A população está pedindo socorro, nossos filhos terão de crescer com estes exemplos? Porque a polícia não prende ninguém?”, questiona uma indignada moradora.

 

 

 

A mesma moradora conta que as festas na rua são constantes. Grupos de rapazes bebem ao ritmo do som alto dos carros até altas horas da madrugada. “A gente chama a Polícia e eles vêm, conversam com eles. Quando a Polícia vira as costas eles aumentam o som, debocham dos policiais e ameaçam quem eles acham que denunciou”, relata.

 

 

 

Há ainda os problemas de furto. “O vizinho saiu de casa para trabalhar e quando voltou a antena parabólica tinha sumido”, exemplifica outra moradora.

 

 

A tempestade perfeita se completa com uma profusão de cães. Sem muros e cercas, eles andam livremente pelo residencial Quando se juntam, inicia uma briga por domínio de território e os latidos estridentes avançam a madrugada. “Não tem como dormir, é um verdadeiro inferno”, relata morador.

 

 

 

SEGURANÇA

O comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Canoinhas, tenente coronel João Marcos Dabrowski de Araújo, relata que houve aumento no número de ocorrências no conjunto habitacional entre 2016 e 2017. “Os números não são alarmantes, mas claro que o aumento, em que pese também ter aumentado a quantidade de moradores, nos preocupou e estamos em permanente análise. Prova disso é que montamos estratégias para diminuição das incidências. Um dos poucos tipos penais que continuou aumentando foi o furto”, explica.

 

 

 

Além do furto, de acordo com Araújo, são comuns ocorrências envolvendo lesão corporal, violência doméstica e posse de drogas. Apesar das várias reclamações de perturbação do sossego alheio feitas à imprensa, Araújo diz que esse tipo de ocorrência diminuiu entre 2016 e 2017. “Isso pode ser um sintoma de real diminuição de casos, ou o não acionamento da presença policial ou ainda a falta de registro no Órgão Policial”, admite.

 

 

Uma das estratégias que a Polícia Militar segue é a de conciliação no local do fato. O registro formal a ser feito para a perturbação é o Termo Circunstanciado, que implica em concordância do autor, que assina o termo. “Nesse casos, o autor poderá ficar no local, então poderá voltar logo em seguida a repetir o delito; ou poderá ameaçar quem denunciou, caso descubra quem foi (nosso registro busca preservar quem denunciou)”, frisa Araújo.

 

 


Em geral, a medida tomada paralela à lavratura do termo, é a apreensão do aparelho que gerou o barulho. ” Toda esta soma, também é fator que pode levar a pessoa ou pessoas que cometeram a perturbação a querer descobrir quem denunciou e passar a agir contra tal denunciante”, alerta. Questionado se esse sistema operacional é eficaz, Araújo diz que “algumas dinâmicas e mudanças legais precisam ser feitas, somadas a um trabalho preventivo e educativo e de conscientização coletiva contundente e que efetivamente convença a população a mudar alguns hábitos.”

 

 

Preocupada com a segurança do local, a Secretaria de Habitação pediu a instalação de um posto policial no local. Araújo afirma que a PM tem presença constante no conjunto habitacional. Há uma Base Policial que fica ao lado do Colégio Gertrudes Muller, bem próximo do residencial. “Nossa ação tem sido de realizar operações rotineiras no Residencial Nossa Senhora Aparecida e proximidades. Também um trabalho contínuo do PM que lá faz a prevenção, através dos Programas Preventivos da PM, com destaque para a Polícia Comunitária, Rede de Vizinhos e Rede de Segurança Escolar. Também estaremos ampliando a atuação no programa Rede Catarina de Proteção à Mulher”, lista.

 

 

 

ALERTA

Meses antes da inauguração do Residencial Nossa Senhora Aparecida, o então comandante do 3º BPM, coronel Mário Renato Erzinger, hoje presidente da Câmara de Vereadores, causou polêmica ao chamar de “depósito de gente” o que poderia vir a se tornar o residencial, sem área de lazer, escolas e quadra de esportes. “Quando usei na época a Tribuna da Câmara de Vereadores, contextualizei referente a minha preocupação da forma como o residencial foi projetado. Casas construídas uma ao lado do outro. Da forma como foi edificado, reunindo aproximadamente 2 mil pessoas num mesmo local sem infraestrutura adequada, o resultado era previsível. Não era necessário ser especialista na área para prever a situação”, explica.

 

 

Para o vereador, o problema é complexo e não existe soluções fáceis para resolver. “As pessoas que causam estes problemas são a minoria. O município tem de fazer a sua parte com as Políticas Públicas adequadas. As Polícias devem atuar repressivamente prendendo e desenvolvendo tolerância zero para todos os delitos. Também ações preventivas com mais presença ostensiva da Polícia Militar. São paliativos pois não visualizo a curto prazo uma solução efetiva para o problema”, afirma.

 

 

 

SHOW IMOBILIÁRIO

Quando em 21 de outubro de 2016 o Residencial Nossa Senhora Aparecida foi inaugurado, era visível no rosto das pessoas a emoção de ter sua casa própria. Localizado no bairro Piedade, o empreendimento é composto por 392 casas com área privada de 43,86 metros quadrados, divididas em dois quartos, sala, banheiro, cozinha e área de serviço externa, com piso cerâmico em todos os ambientes. As unidades são avaliadas em R$ 60 mil e cada família está pagando, no máximo, R$ 80 mensais de prestação.

 

 

 

Quase dois anos depois, o cenário é outro. A emoção da casa própria, para muitas pessoas, virou pesadelo e alguns daqueles moradores emocionados já nem estão mais morando lá. Segundo a Secretaria de Habitação de Canoinhas, 13 casas estão abandonadas, totalmente depredadas. O número de casas alugadas chega a pelo menos cinco, segundo a Secretaria. Já de vendidas, dois casos foram identificados até o momento.

 

 

 

De acordo com o prefeito Beto Passos (PSD), o Município só pode redirecionar as casas abandonadas quando se tiver o sinal verde da Caixa Econômica Federal, gestora do programa Minha Casa Minha Vida responsável por cobrar os proprietários. No caso de casas alugadas os vendidas a quem assume as prestações, conforme o contrato assinado pelos moradores, a que o JMais teve acesso, fica claro que, a dívida será considerada vencida no caso de proprietários que as aluguem ou vendam. Trocando em miúdos, ou a pessoa paga o total da dívida de imediato ou perde o imóvel.

 

 

CEI

Desde a inauguração do residencial falta um Centro de Educação Infantil (CEI) para atender a criançada que hoje estuda em uma estrutura improvisada dentro do Parque de Exposições Ouro Verde. Prefeito Passos chegou a anunciar emenda do deputado federal Décio Lima (PT) para iniciar a obra que até agora não começou.

 

 

Segundo o secretário de Educação de Canoinhas, Osmar Oleskovicz, a Casa de Passagem, que fica praticamente dentro do residencial será reformada para se tornar um CEI. A licitação para a execução da obra será aberta nos próximos dias.

 

 

A Casa de Passagem por abrigar pessoas que têm necessidades de transporte e hospital vai funcionar em uma casa locada que fica mais perto do hospital e da rodoviária. “Está tudo para começar logo, logo”, afirma Osmar.

 

LUCRO

Da situação a que se chegou o Nossa Sra Aparecida, os problemas sobraram para todo mundo, menos para a Implantec, empresa de São Bento do Sul que projetou e construiu as casas de olho no dinheiro do Minha Casa Minha Vida. A empresa ganhou o valor por casa à vista da Caixa Econômica Federal, que agora cobra mensalmente a modesta parcela dos moradores.

 

Algum problemas, como a do esgoto vazando no asfalto, foram corrigidos pela empresa. Nada que resolva, no entanto, os maiores problemas do residencial.



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