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Sentimentos - Fernando Coimbra dos Santos

passageirodachuvagmail.com

"Se eu puder combater só um mal, que seja o da Indiferença".

 


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Igaibira Canoa Entre Dois Mundos Cap. X ao Cap. XI

Quarta, 04 de julho de 2018


 

(continuação) 

X

Foi uma consequência natural começar a conhecer mais policiais no meio da repressão, principalmente ligados à OBAN – Operação Bandeirantes.

Em Setembro de 1968 fui convocado a uma reunião que aconteceria fora da delegacia. Num carro estacionado discretamente numa das ruas de São Paulo, um homem me aguardava num carro que depois vim saber ser uma viatura policial descaracterizada a serviço da OBAN.

Passei direto, confirmando as placas que havia anotado num papel que depois amassei e joguei num bueiro. Só então retornei, parando ao lado do motorista que me olhava com cautela.

- Boa noite – cumprimentei. – Por acaso sabe informar onde fica a Alameda Santos?

- Longe – respondeu. – Paralela à Paulista.

- Sabe se a linha de ônibus 066 passa lá?

- Não, desconheço esta linha – respondeu.

- Então vou procurar a linha 1030 – finalizei, confirmando as senhas e contrassenhas (“66” era o número predial endereço do DOPS, “1030” o da OBAN).

Um estalido se fez ouvir quando o motorista abriu a porta de passageiros, convidando-me para entrar. Com o coração batendo forte, sem saber exatamente o que aconteceria, obedeci.

No console do câmbio, uma arma e um rádio comunicador  (HT). Olhou-me fixamente, avaliativo, mesmo à luz fraca dos postes. Em suas mãos havia uma ficha com minha fotografia.

- Você parece um moleque – disse-me sem preâmbulos. – Se não tivesse sido indicado por quem confio muito, nem estaria aqui falando comigo.

- Bem, Doutor, no que posso ser útil?

Ele sorriu, mas o sorriso não lhe chegou aos olhos.

- Sabe quem sou? – perguntou.

Fui franco e verdadeiro, como me instruíram para ser o tempo todo.

- Sim senhor. Disseram-me que um Delegado de Polícia iria falar comigo.

- E?...

- Mas não me disseram do que se tratava. Disseram apenas que o senhor procurava alguém que não tivesse cara de polícia para uma investigação reservada e que, assim sendo, eu estava qualificado.

Continuou a me olhar avaliativo e friamente.

- Disseram também que este encontro é sigiloso e confidencial, tipo “nunca nos vimos, nunca aconteceu”?

- Sim, senhor.

Começou então a ser objetivo.

- Conhece a UNE?

- União Nacional dos Estudantes – respondi de pronto.

- Sabe que ela está na clandestinidade?

- Sei.

- E você é um estudante...

- Sou. Um estudante que acha que estudante tem é que estudar. Mas, acima disso, sou Polícia. Pelo menos, quero ser.

- Trairia seus colegas?

- Que colegas, Doutor? Não tenho amigos no meio estudantil, tenho amigos e colegas na Polícia. Fica fácil escolher, não é mesmo? O que quer que eu faça? O que precisa ser feito?

Ligou o motor do carro e saiu lentamente, acompanhado por mais dois carros de apoio que lhe faziam a segurança tão discretamente que me haviam passado despercebidos. Dirigindo vagarosamente, continuou:

- A UNE está pretendendo realizar seu 30º Congresso, mas não sabemos onde será. E precisamos desta informação.

Por mais vontade que tivesse de saber resisti à tentação de perguntar “nós quem?”. Mas presumia tratar-se do DOPS. Ou, talvez, da própria OBAN.

- E acha que posso ajudar nisso, Doutor? Como?

- Você foi bem recomendado, não estaríamos conversando se eu achasse que você não daria conta do recado.

- E o que eu tenho que fazer?

- Temos algumas informações, a maioria delas muito vagas. Você não tem cara de polícia, não fala como um polícia, é estudante, moço, perfeito para o que precisamos.

- Moleque, o senhor me chamou – aparteei, com um sorriso.

- Um moleque em quem estou confiando – respondeu. – Aceita?

Mas não se ofenda, este “moleque” é em relação á sua pouca idade, só isso. Não estou questionando sua capacidade e competência para o que preciso.

Pensei por um rápido momento.

- Qual a periculosidade disso? Poderei estar armado? Terei alguma garantia quanto a não ser confundido com um deles se a repressão me descobrir?

- Somos muitos, não posso lhe garantir cem por cento disso. Mas você tem cabeça. Pelo menos foi o que me disseram quando o recomendaram. Acredito que não terá problemas.

- Certo, um risco calculado. O que tenho que fazer?

Pela primeira vez seu sorriso deixou de ser frio como a madrugada paulistana.

- Procure-me amanhã neste horário e neste endereço – disse-me, estendendo um papel onde anotara estes detalhes.

- E quem procuro, Doutor? Só para confirmar.

- Não se preocupe quanto a isso, diga apenas que está sendo esperado que eles o trarão a mim. Meu nome é Sérgio. Somos xarás, de certa forma.

- Mas eu não me chamo Sérgio, Doutor. A não ser que agora seja um codinome.

- Não, ainda não é um codinome. Meu nome é Sergio Fernando Paranhos Fleury, sou o Delegado Fleury.

Foi minha vez de sorrir levemente.

- Eu já o havia reconhecido, Doutor.

Ele me olhou, incisivo.

- Se não tivesse, não seria a pessoa certa para o que preciso. Mais uma coisa. Por que quer fazer isso?

Olhei-o, surpreso.

- Como assim, exatamente?

- Quer fazer isso exatamente por que? Só por ser Polícia?

- Principalmente, Doutor. Mas não sei se o senhor irá gostar do segundo motivo.

Fitou-me avaliativo.

- E qual seria?

- Doutor, o senhor conhece a expressão do Comunismo “inocentes úteis”. Não me incomodo absolutamente que o José Dirceu, o Luís Travassos e outros dirigentes levem o que merecem. Acredito que a imensa maioria dos que lá estarão nem sabem direito no que estão metidos. Creio que estão muito mais no “oba-oba” que realmente sabendo o que fazem. Estes, eu gostaria que não levassem um tiro, se for possível.

Ele riu.

- Melhor ter cuidado com o que fala. Subversivo, terrorista, gente daquela laia, tudo é a mesma coisa. É melhor não fazer distinções. Posso entender isso. Não digo que aceito, mas posso entender. Mas tem muita gente nossa que não aceita e não entende, você pode passar a ser considerado um simpatizante da subversão. Entendeu?

- Entendi, Doutor – respondi, estremecendo com aquela revelação que eu nunca havia cogitado.

No dia seguinte, pontual, eu estava no endereço.

Um simples apartamento discreto e dissimulado numa ruazinha qualquer no centro de São Paulo.

Bastou bater os olhos no homem da portaria para saber que era um policial, olhos tão frios quanto os do Delegado.

Agiu dissimuladamente, mas não foi rápido o suficiente. Ou talvez eu já esperasse por aquilo. Olhou rapidamente para alguma coisa dentro da gaveta e depois diretamente para meu rosto. Presumi que estava me comparando com a foto da minha ficha.

Disse-lhe meu primeiro nome e que estava sendo esperado, apenas isso.

- Elevador – murmurou, apenas, apontando para a direita.

O ascensorista indiscutivelmente era outro policial disfarçado, mas também sem qualquer sucesso na tentativa. O volume da arma sob o casaco era visível e perceptível a quilômetros de distância para os olhos que sabiam ver. Ver e o que procurar, até inconscientemente, naquele procedimento que se tornava automatizado e involuntário com o passar do tempo. Experiência, em suma.

Apenas me olhou com atenção, também procurando vestígios da arma que, com certeza, eu traria na cintura. Localizou-a, mas nada disse. Afinal, eu era um deles. Ou, pelo menos, assim estava me tornando. Ou, pelo menos, assim queria ser.

Dr. Fleury me aguardava sentado num sofá, visivelmente cansado. Sabe-se lá a que horas sua noite de investigações havia terminado. Uma garrafa térmica de café, aberta, mostrava que nada mais restava em seu interior.

Resmungou um cumprimento e me fez sentar numa poltrona a seu lado. Pegou uma grossa pasta que folheou por alguns momentos, começou a entrega-la para mim, mas mudou de ideia e voltou a coloca-la onde estivera.

- Não adianta lhe revelar mais do que você precisa saber – disse-me, olhando-me fixamente, avaliativo.

- Só o que for imprescindível, Doutor – respondi. – O que precisa?

Acomodou-se melhor no sofá, pensou um pouco e então começou:

- As reuniões da UNE estão proibidas, ela está na clandestinidade. Estão tencionando realizar seu 30º congresso. Sabemos que alguns de seus líderes gostariam que ele fosse realizado no conjunto residencial da USP, o CRUSP. Sabemos que fizeram uma votação e a maioria votou para que o realizassem num local afastado. É o que não sabemos e precisamos saber. Onde?

Fiz a pergunta óbvia:

- Alguém infiltrado lá não teria condições de informar isso, Doutor?

- Se tivesse você não estaria aqui agora – retrucou.

Calei-me por alguns momentos. Nem sempre o óbvio é o mais conveniente, o mais correto. Melhor escutar que falar, pensei.

Dr. Fleury não era um dos chefes da repressão por favorecimento das injunções políticas, era extremamente competente no que fazia, senão não estaria ali.

- Bom, e o que quer que eu faça? Digo, alguma sugestão de como proceder?

- Estamos prevendo a presença de muitos estudantes. A Inteligência presume cerca de quatrocentas pessoas. Pessoalmente acho muito pouco. Acredito que será pelo menos o dobro, talvez mil.

- Mil estudantes na USP passam despercebidos fácil – ponderei. – Mas, fora dali, não vejo como poderiam conseguir isso. Quanto tempo duraria este congresso, Doutor?

- Alguns dias.

- Dias... não horas... isso complica ainda mais a logística deles.

- Exato. Suponhamos que irão realizar isso num sítio ou numa fazendo. Mesmo que fosse algum município da Grande São Paulo, implicaria em transporte, acomodações e alimentação de muita gente. Acreditamos que eles não têm recursos para isso, será gente demais. Mesmo que sejam quatrocentos – o que duvido – ainda continua sendo gente demais.

- Certo...

- Então, quero que você esteja pronto para correr quando receber meu chamado. Temos nossos informantes, estamos controlando a rodoviária, trens, todo sistema de transporte coletivo que mostre alguma alteração significativa nos registros diários de utilização. Sabemos que eles pretendem realizar a reunião mês que vem, mas também não sabemos o dia. Tudo entendido, até aqui?

- Sim, Doutor.

- Assim que tivermos alguma indicação da possibilidade de onde será, você terá que ser rápido. Não podemos permitir que eles nos passem a perna e façam este congresso, seria humilhante e desonroso para nós. Precisamos de resultados, não de fracassos. E eles, como estudantes, têm que aprender de uma vez por todas esta lição.

Tive que sorrir da colocação.

- Sim, senhor. No que depender de mim, eles irão.

- Não faça depender de você, rapaz, faça-o, simplesmente. Pode ir agora, aguarde meu chamado.

Já estava saindo quando me voltei, lá da porta:

- A propósito, vou trabalhar com alguém ou posso fazer uma linha de investigação paralela?

- Acho melhor você trabalhar sozinho. Tenha cuidado.

 

XI

Aconteceu na semana seguinte.

Já que me fora autorizado trabalhar sozinho, comecei aminha linha de investigação indo diretamente ao foco. Ou seja, passei alguns dias no campus da USP, mas nada obtive de interessante, a não ser inicialmente alguns olhares desconfiados.

Mas eu me assemelhava demais a um estudante, afinal também era um. E um estudante a mais ou a menos num campus do tamanho da USP simplesmente era indetectável.

Eu ficava tempo demais nas cantinas tentando ouvir alguma coisa reveladora, mas por ser um estranho, todos se calavam ante minha presença, ou incontinente mudavam de assunto.

Realmente tinham que ser cautelosos, porque a Repressão era muito temida. Tentei puxar conversa, mas quando eu começava a entrar no assunto que me interessava, ninguém sabia de nada.

Como eu não conseguia obter coisa alguma, optei por seguir outro caminho.

Afinal, como definiram certa vez a função policial: 1% de inspiração e 99% de transpiração. E infinita paciência e determinação.

Parei de contar com a sorte e comecei a analisar o que eu faria se fosse um dirigente da UNE, e tivesse que resolver os problemas de logística.

A rodoviária (Terminal Júlio Prestes) ficava praticamente ao lado do DOPS, ou seja, na toca do lobo. E os estudantes, por certo, não queriam contribuir para a refeição principal, não passariam nem pela calçada do outro lado.

Poderiam alugar ônibus particulares de turismo, mas naquele empo quase não havia isto. E ninguém sabia com quem estaria tratando, a Repressão estava muito bem estruturada.

Outro ponto: cidades pequenas que poderiam ser utilizadas para o congresso da UNE só teriam três ou quatro horários diários, demandaria cinco dias para levar os estudantes, tempo demais.

Considerei então um aspecto que não podia ser esquecido: a USP, por tradição, tem um corpo discente rico. Se não rico, pelo menos com mais recursos, praticamente um terço deles teria carro. Cinco pessoas por veículo, seriam necessários oitenta carros. Qualquer cidade pequena absorveria facilmente e sem chamar atenção oitenta carros estacionados, desde que eles fossem distribuídos pela cidade toda e não fossem agrupados numa praça central, por exemplo.

Mas, onde alojar e reunir quatrocentos pessoas para um evento de alguns dias? E este local teria estacionamento para tantos? Improvável, para não dizer impossível.

Um automóvel, para estacionar e manobrar, necessita de um  espaço de cerca de quarenta e cinco metros quadrados. Oitenta carros demandarão um espaço do tamanho de um campo de futebol dos pequenos. Num sitio, como pretendiam, segundo a Repressão fora informada, sem problemas para estacionar se tivessem um campinho. Mas nem precisariam dele num sítio de tamanho médio, onde árvores não faltariam para tal.

Estas considerações iniciais já davam uma provável primeira pista: o congresso teria mesmo que ser realizado num sitio, onde inclusive chamaria menos atenção.

Mas uma cidade pequena não teria hotelaria para acomodar tanta gente de uma só vez, também seria impraticável até por falta do próprio alugar um centro esportivo, uma quadra coberta com sanitários e cozinha industrial ou alguma coisa equivalente.

O raciocínio básico caia novamente na opção do sítio de tamanho médio. E deste raciocínio básico derivava um pormenor interessante: quantos sítios teriam casa ou casas suficientes para abrigar quatrocentas pessoas extras?

Se fossem só as quatrocentas, o que não tinha nexo. Afinal seria o encontro da UNE-União Nacional dos Estudantes, da UEE-União Estadual dos Estudantes, da UPES-União Paulista de Estudantes Secundários e simpatizantes e ativistas.

Isto, por si só, já implicava que seriam muito mais que quatrocentos estudantes, talvez três vezes isso. Acreditei firmemente que a repressão estava equivocada neste ponto, enfim...

Mas voltando aos quatrocentos e às considerações iniciais, poderia se deduzir que, por falta de alojamento predial, muitos – ou a imensa maioria – teria que se acomodar acampando em barracas.

Disso decorreu minha primeira linha de investigação: fazer uma campana (vigilância) nas lojas esportivas e de camping no centro.

Também sem grandes resultados.

Foi quando um dos agentes da seção de Inteligência deparou-se com uma movimentação atípica no vizinho município de Ibiúna.

Ônibus intermunicipais que nunca registraram grande ocupação começaram a chegar lotados. Muita gente moça, a característica faixa estudantil que nos interessava.

É, eu já estava falando no plural, sentia-me realmente um agente da Repressão, mesmo que ainda não houvesse entrado efetivamente em ação.

Fui para a rodoviária onde havia poucos estudantes, alguns me encararam de forma suspeitosa, naqueles dias todo mundo tinha medo de todo mundo, eles nunca sabiam ao certo quando a pessoa ao lado não era um deles. Mas minha aparência jovem, franzina e “sem cara de polícia” os iludiu.

Em Ibiúna continuei a representar o meu papel, aparentei estar literalmente perdido, logo meu desamparo chamou a atenção e fui convidado a fazer parte de um grupo, levaram-me para a Fazenda Mucuru, onde se realizaria o congresso. Tornara-me um deles.

Discretamente, aparentando o interesse rigorosamente dosado para não levantar suspeitas, comecei a me inteirar dos detalhes.

Tive que rir muitas vezes, quando me perguntavam o porquê eu me limitava a responder que era o nervosismo.

- Não se preocupe – diziam – o pessoal do DOPS e da OBAN são uns bananas, estão por fora...

Mas não eram e não estavam, e a maior prova disso era exatamente a minha presença infiltrada ali sem levantar a menor suspeita.

Eu tinha que rir, diante do que faziam. Eles, que se diziam tão preparados, tão eficientes, cometiam erros primários seguidos, até inconcebíveis diante do que se propunham e das consequências diante da Repressão.

Como bem retratou e definiu posteriormente um jornalista da região, após as prisões: “A presença dos estudantes em Ibiúna, que na época tinha cerca de seis mil habitantes, logo foi percebida. Eles chamaram demais a atenção. Esgotaram tudo que havia na cidade: não havia mais pão, chocolate, nada. Eles compraram tudo. Um pessoal ia ao centro de Ibiúna e pedia mil pães na panificadora, o movimento naquelas rodovias era anormal. De repente, começou a faltar até escova de dente. Era um plano tão português.”

Na primeira oportunidade saí em busca de um orelhão, naquele tempo não existia celular e portar um rádio comunicador estava totalmente fora de cogitação.

Como a praça central estava apinhada de estudantes, muitos em torno do orelhão, eu só podia falar em linguagem disfarçada e rezar para não ser descoberto. Fichas na mão, entrei na fila e aguardei minha vez.

Coração batendo forte, liguei o número que havia memorizado, que centralizava comunicações para o Delegado Fleury. Uma agente atendeu.

- Titia – informei – é Fernando, já estou em Ibiúna para a festa de aniversário. Será que o primo Sérgio poderia vir também? Vai haver um grande churrasco numa fazenda aqui perto, vai ser demais.

- Vou falar com ele – respondeu. – Será que o Paulo poderia ir também?

“Paulo” era uma palavra chave que significava que eu poderia ir à Delegacia de Polícia e usar um radio de frequência segura para fornecer mais dados à OBAN.

- Com certeza – respondi. – Fico então esperando ele chegar amanhã logo cedo na agência de ônibus de Ibiúna.

Desliguei com um sorriso, assim que pude fui à Delegacia, me identifiquei, usei o sistema de rádio para fornecer o nome da fazenda. Meu trabalho estava realizado.

No dia seguinte, 12 de Outubro de 1968, mais de mil estudantes foram cercados e presos pelo Batalhão de Polícia Militar de Sorocaba, DOPS e OBAN. A Repressão chegou dando rajadas de metralhadora para o alto, foi o suficiente para que todos erguessem as mãos e se entregassem sem qualquer reação, não houve um único ferido ou morto.

Dez ônibus haviam sido destacados para o transporte dos presos, foram necessários mais oitenta. A previsão de apenas quatrocentos participantes mostrou-se totalmente equivocada.

(continua)

 

Leia:

 

Igaibira Canoa Entre Dois Mundos Cap. I ao Cap. II

 

Igaibira Canoa Entre Dois Mundos Cap. III ao Cap. V

 

Igaibira Canoa Entre Dois Mundos Cap. VI ao Cap. VII 

 

Igaibira Canoa Entre Dois Mundos Cap. VIII ao Cap. IV 

 

 

 



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