Sônia Pillon nasceu em Porto Alegre e desde 1996 reside em Jaraguá do Sul.
Formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto pela Univille, atuou como repórter, editora, redatora e assessora de imprensa, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Por mais de 10 anos trabalhou no jornal A Notícia.
É autora de “Crônicas de Maria e outras tantas – Um olhar sobre Jaraguá do Sul” e “Encontro com a paz e outros contos budistas”, com participação em antologias de contos, crônicas e poesias.
Publica também no blog soniapillon.blogspot.com e na fanpage "Sônia Pillon Escritora". É Presidente de Honra da Seccional Jaraguá do Sul da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina (ALBSC).
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A vida nunca é previsível. A gente é que faz tudo para a colocar em um quadrado, confortável, sob o nosso domínio. Mas nem sempre temos o controle. E nossas escolhas também definem nossos rumos. Cada vez que retorno a Porto Alegre, minha cidade natal, uma série de sentimentos afloram à minha mente.
Tem a saudade dos bons momentos, das grandes e pequenas alegrias. Tem também as memórias de tristezas, dos projetos que não se concretizaram, e da difícil decisão de deixar a terra-mãe, impulsionada pelas oscilações do mercado de trabalho. A grata surpresa foi a calorosa acolhida em solo catarinense.
A maturidade tem suas vantagens, e uma delas é o aumento da percepção.
Caminhando pelas ruas do centro da capital gaúcha, fico olhando as pessoas à volta, observando o comportamento das tribos urbanas. O ritmo aumento muito, nas últimas duas décadas.
No Calçadão da Rua da Praia, onde antes haviam uns poucos hippies, artistas de rua e vendedores ambulantes, hoje a situação se inverteu. Há pouco espaço para os caminhantes apressados, bem mais desconfiados e precavidos com as bolsas e carteiras… Apenas os grandes edifícios estão ali, resistentes à paisagem da selva de pedra.
Hoje marquei de encontrar a Zaira, uma grande amiga de infância. Estou atrasada. Corro pela Rua Uruguai. Alcanço a Rua da Praia até encontrar minha amiga. Buscamos uma cafeteria no lugar onde, no século passado, sediou a afamada Livraria do Globo. O prédio imponente tem as paredes carregadas de História. Por ali passou Érico Veríssimo, nos tempos da Editora Globo.
Na cafeteria retrô, painéis reproduzem imagens legendadas dos fundadores. Fragmentos do passado.
E foi assim, entre fotos de Bertasos e Barcellos que contamos as novidades, falamos dos filhos, da família, do trabalho… Reminiscências e atualidades. De batalhas e de novas lutas em andamento.
Cai a tarde. É a hora da despedida. Nos abraçamos e combinamos de nos vermos mais vezes. Minha mente é uma casa de memórias. Saio dali agradecida.