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Sentimentos - Fernando Coimbra dos Santos

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"Se eu puder combater só um mal, que seja o da Indiferença".

 


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Tardes de chuva - Cap. VIII ao Final

Quarta, 07 de fevereiro de 2018


VIII

 

“Se eu tivesse apenas dois pães, venderia um deles para comprar flores, porque elas alimentariam a minha alma.” (Kalil Gibran).

 

O que leva um jovem a tirar a própria vida? Suicídios acontecem, como se este gesto tresloucado e extremado tivesse o poder de mudar alguma coisa para melhor.

Num deles um jovem, por acreditar perdido para sempre o amor de sua vida. Acabou também com qualquer chance possível de reconciliação. Noutro, uma mocinha de 17 anos se foi num obscuro quarto. Deixando mensagens e presentes que ninguém queria a este preço.

Esquecida – ou não sabendo – que o maior presente seria ela própria, viva, na vida de cada um de nós e principalmente nas do que a amavam.

Isto mudou um pouco o mundo.

Mas não para melhor.

Só o deixou um pouco ainda mais triste.

 

Seus (?) passos o haviam conduzido para uma casinha perdida no campo, bem antes de chegar ao próximo povoado, já uma cidade pequena.

Um silêncio estranho e irreal parecia imergir tudo numa atmosfera de desalento e tristeza irreparáveis.

Talvez um instinto, um sentimento inexplicável de que havia alguma errada, muito errada, fez Zé Luiz parar.

Aproximou-se da pequena varanda, um simples telheiro. A porta estava fechada, mas não as janelas, as cortinas balouçavam como se acenassem um adeus irremediável sob a brisa suave.

Bateu palmas, não querendo ser importuno. Seu olhar involuntariamente invadiu uma das janelas, e o que o viu o horrorizou. Numa das madeiras do telhado sem forro, um infeliz pendia de uma corda.

Movido por uma urgência inexplicável, mesmo com a consciência de que não havia mais tempo nem razões, abriu a porta e adentrou na sala.

Sobre a mesa a fotografia de dois filhos sorridentes que o morto nunca deixara de amar, intuiu inexplicavelmente. Sonhos, nenhum.

Nada traria de volta um ser humano que simplesmente cansou de viver, que simplesmente achou que não tinha mais motivos para ir em frente, que simplesmente se rendeu à mais perversa evidência de que perdera a capacidade e os motivos para sonhar.

Era Natal, mesmo que Zé Luiz não se desse conta disso, mesmo que não o soubesse.

Viu dolorosamente que o morto chegara a enfeitar toda a casa. Dezenas de pequeninas luzes, talvez representando cada uma delas as suas pequeninas esperanças de que talvez as coisas pudessem ser diferentes. Não só neste Natal, mas – se não fosse querer demais – por muitos e muitos outros Natais.

Muitos poderiam testemunhar que o pinheirinho enfeitado era o mais lindo e triste de todos, já que em cada galhinho ele havia pendurado não só suas esperanças, mas também o invencível medo de que seus sonhos não pudessem mais se realizar.

Com todo o seu amor, carinho, expectativa, esperança, arrependimento, esperava que as coisas pudessem se tornar como deveriam ser. Não só em sua vida, mas talvez também na de cada um de nós.

Afinal, é próprio do ser humano viver de esperança.

Ou morrer, por falta dela.

Aquele irmão que se fora não ia bem, não estava bem. Diante da negativa de ter os filhos consigo naquele Natal, entrou em desespero. Não aquele desespero gritante, escandaloso, incontrolável, mas aquele desespero silencioso, contido e mortal, como foram os seus inúmeros gritos de socorro silenciosos que ninguém ouviu, que ninguém soube ou teve tempo para ouvir. Ou quis ouvir.

E talvez fosse o caso de nem se revoltar por Deus não existir mais em seu coração, mas talvez por achar que não existisse mais em sua vida.

Na cozinha, uma simples garrafa com água era o testemunho eloquente de que sua vida estava tão, ou mais, vazia que ela. Nem a fome física tinha importância, sua fome espiritual era maior, indescritivelmente maior, superada talvez por sua solidão. Tornou-se então tão somente mais uma fria estatística no rol dos desesperados.

Zé Luiz não chegou a tempo de salvá-lo. Mas se ajoelhou e rezou, ao menos fez o que estava ao seu pobre alcance: empenhou-se para salvar sua alma.

Depois, passos trôpegos, abraçado ferreamente à sua bonequinha como se nela buscasse forças, seguiu seu caminho. Naquela noite, novamente sob as estrelas que piscavam teimosas, Zé Luiz adormeceu e sonhou.

Sonhou com tantos que se já se foram para nosso Deus.

Uma mocinha, olhos e cabeça baixa, aproximou-se d’Ele.

Deus a pegou no colo e lhe disse “ – Seja bem vinda, é bom ter você de volta, todos sentiram sua falta. Você fez uma coisa muito feia, mas eu a perdoo. Se você não fosse fraca e falha, não seria humana. Se Eu não fosse misericordioso, não seria seu Pai Eterno.

Agora, vou lhe dar uma lista de coisas que quero que você faça, e a mais importantes é tomar conta de outros para que não façam o que você fez.

E, quando estiverem deitados em suas camas, com as tarefas e as agruras do dia terminadas, no meio da noite Eu e você estaremos perto de cada um deles.

Quando os que participaram de sua vida na Terra se lembrarem de você, e de todo o tempo que passaram junto, você irá sentir isso.

E, por ser humana provavelmente você irá chorar, minha filha.  Mas não tenha vergonha de chorar, é bom e alivia a dor. Eu gostaria de lhe dizer tudo o que planejei mas, se eu dissesse, você não entenderia. De uma coisa eu tenho certeza. Embora sua vida na terra tenha terminado, você está mais perto dos que lá ficaram do que já esteve um dia.

Agora, compreenda verdadeiramente cada um de seus irmãos e irmãs.

Existem pedras no caminho deles, e muitas montanhas para escalar, mas juntos nós poderemos fazer isso, um pouquinho a cada dia.

Isso foi sempre Minha filosofia, e eu gostaria que fosse a sua também: o que você dá ao mundo, o mundo lhe dá de volta.

E agora, sinta-se feliz, pois a sua vida, apesar do que você fez, valeu a pena. Saiba que quando esteve na Terra você fez muita gente sorrir.

Quando seus irmãos e irmãs estiverem andando, pensando em Mim, nós os estaremos acompanhando apenas um passo atrás. E quando chegar a hora deles irem, deixar o corpo para se sentirem livres de verdade, nós os ensinaremos que eles não estarão indo, mas estarão vindo a Meu encontro.

Uma menininha se aproximou a segurou a mão da mocinha, que em seus olhos se reconheceu nela, o bebezinho em formação que também matara quando deixara sua vida e desdita para trás.

- Tome conta dela, minha filha. E a ame como você também foi amada um dia.

 

“- Vamos, filhote! Vá para a beira! Não é esta sua meta?” – disse a borboleta ao filhote no ninho.

“- Sim, borboleta! Esta é a minha meta! Mas ali é muito perigoso, eu tenho medo, muito medo de cair e não voltar” – respondeu ele.

“- Dê um passo por dia rumo ao abismo, se esta é realmente sua meta!” – disse a borboleta.

O filhotinho seguiu sua meta, chegou bem na beira do abismo. Fechou os olhos, ali caiu precipício abaixo, sem defesa.

Em meio à vertiginosa queda, maravilhado descobriu que podia voar.

 

– Que, de alguma maneira maravilhosa, cada um de nós nos atiremos no abismo e descubramos que também podemos voar, Senhor – orou Zé Luiz.

 

IX

Era um andarilho. Não, era mais precisamente um indigente, já que nunca saia dos limites da cidade. Era o palhaço, o bobo, o idiota da cidade grande que se divertia maldosamente, às vezes beirando as raias do mais puro sadismo.

Ninguém sabia de onde viera. Ou, se sabia, havia esquecido. Ou não tinha interesse em lembrar. Importante era fazer pouco caso e se divertir com aquele farrapo humano de idade indefinida.

Chico Boboca: o nome pelo qual era conhecido, chamado e ridicularizado.

Chico devia ter uns quarenta anos. Vestido de andrajos, sujo, barbudo, cabelo desgrenhado e corpo imundo, perambulava incansavelmente pelas ruas que não o queriam, sempre abraçado a uma boneca tão feia e esfarrapada quanto ele.

Seu olhar de atordoada insanidade se suavizava quando olhava embevecido e ninava amorosamente a boneca, dizendo-lhe baixinho coisas que ninguém sabia o que eram. Nem se importavam em saber.

Chico era bom. Devia ter um grande coração. Pelo menos nunca reagiu às provocações maldosas. Nem se dava conta de sua integridade física.

Vezes sem conta era apedrejado, e sua preocupação era proteger a bonequinha da sanha perversa da molecada, alguns deles já adultos insensíveis. Gritava incoerentemente, voltando as costas às pedras, ferindo-se aparentemente sem se importar com aquilo, mas a boneca ficava a salvo, do outro lado da maldade humana.

Numa tarde exageraram mais do que o costume.

Três ou quatro dignos representantes da escória humana, depois de apedrejá-lo mais uma vez, o surraram sem piedade e lhe arrebataram a boneca. Pela primeira vez, viram Chico entrar em desespero, e se divertiram imensamente com aquilo.

Começaram a jogar a boneca uns para outros e Chico desesperado, aos gritos, tentava reaver aquela bonequinha que inexplicavelmente lhe significava tanto.

Jogaram a boneca de um alto barranco. Gritando um "não" horripilante, aterrorizante, Chico não vacilou um só segundo em se precipitar também naquele quase precipício. Bateu a cabeça numa pedra. Ensanguentado, antes de adentrar na inconsciência benfazeja, suas mãos trêmulas se estenderam para a boneca. E só então desmaiou.

Um telefonema anônimo comunicou o desfecho da brincadeira à Polícia. Foram buscá-lo no fundo daquele barranco, um lixo humano perdido no meio do lixo doméstico que muitos atiravam ali. Um ser humano ainda desacordado, e ferreamente abraçado a uma boneca que sorria eternamente sem nada saber do que acontecia ao dono.

Levado ao Pronto Socorro, Chico, sempre agarrado à boneca que não largava por nada, foi medicado e liberado. Aparentemente os ferimentos não eram graves, e acima de tudo, Chico não tinha dinheiro nem convênio médico.

A equipe, condoída e preocupada, decidiu por bem fazer Chico passar a noite no xadrez, na falta absoluta de uma alternativa melhor. O carcereiro, perversamente, quis se divertir às custas do Chico, quis lhe tirar a boneca. Um dos policiais deu-lhe um violento e inesperado murro, os colegas o seguraram, ganhara mais um inimigo ali dentro, não importava.

Respeitosa e delicadamente, Chico foi trancado sozinho, sempre agarrado à sua preciosa boneca. Os dois presos da cela vizinha foram advertidos para que respeitassem e dessem sossego àquele homem, cujo olhar ferido revelava seu maior medo e preocupação: cuidar de sua bonequinha.

De manhã cedo, um silêncio incomum pairava na pequena cadeia.

Os dois presos, recuperados da bebedeira, ajoelhados rezavam baixinho do outro lado das grades. Em sua cela, ainda agarrado à bonequinha, Chico morrera de madrugada.

A necropsia nada revelou de anormal. Desconsoladamente o legista reclamava que não havia como consignar aquela causa mortis. Aparentemente, Chico cansara de viver. A óbvia parada cardíaca explicava, mas não justificava dignamente aquela morte.

Procedimento de rotina, interrogaram separadamente os outros dois presos, a história era a mesma. Chico não dera trabalho, ficara quietinho em seu catre, ninando suavemente a bonequinha.

Os presos, mesmo com a bebedeira que se dissipava, silenciosa e incredulamente participaram das últimas horas da vida amarga de Chico. Estavam quase adormecendo quando perceberam Chico se sentar no catre, balançando amorosamente a bonequinha em seu colo e, com dedos desajeitados, arrumar cuidadosamente os poucos fiapos de cabelos que ainda restavam na cabeça suja da boneca.

Viram e ouviram Chico conversar baixinho com sua boneca: ele faz de conta que ela é uma princesa, a sua princesinha. Uma tampa de garrafa serve de coroa, a boneca tem uma cara comprida e deformada, dois olhos miúdos, uma boca que é um risco preto eternamente sorrindo de alguma coisa que só ela sabe, e duas rosas desmaiadas nas faces encardidas. A boneca não fala, mas Chico conversa ternamente com ela, a bruxa de pano parece lhe responder, conta histórias encantadas.

Pela voz baixinha de Chico, a história se desenvolve. A boneca parece envolver um dos dedos de Chico com seus dedinhos miúdos, como se de alguma maneira maravilhosa e inexplicável isto pudesse acontecer.

Os dois presos escutam Chico dizer que está pronto para ir com ela para uma terra encantada e feliz, onde a maldade humana não existe, onde até os dragões malvados não são tão perversos assim.

Chico deita-se no catre estreito, coloca a bonequinha sobre o coração, abraçada, e depois de um último suspiro pleno de alívio e ansiedade, tudo se torna definitivamente silencioso em sua vida.

Chico Boboca nunca mais vai ser ridicularizado e humilhado pela cidade.

A história dos presos é inverossímil, é atribuída ao delírio alcoólico de dois alcoólatras contumazes. Mas aquilo mexe com o policial que o defendera. De alguma forma, acaba envolvido pelos fatos, pelo absurdo da situação.

Vai ao necrotério ver Chico uma última vez.

O morto está desconsoladamente estirado em um caixão de indigente, na solidão que sempre vivera. A boneca está tristemente jogada a um canto. O policial vai até ela e a pega, suas mãos se sujam do sangue e outros detritos da autópsia, mas ele não se importa. Limpa (ou procura limpar) com tristeza sua cara suja, a coloca no caixão de indigente, junto com o seu dono. O brilho maligno em seus olhos desencoraja os presentes, ninguém diz nada nem se atreve a tirar a bonequinha do caixão. O sangue em suas mãos contamina muito menos que a maldita maldade humana.

Do necrotério ao túmulo o trajeto é muito curto. De repente se faz um profundo silêncio, porque os poucos presentes descobrem que não tem nada a dizer, as palavras não podem remediar aquela miséria.

O caixão desaparece sob as pazadas de terra que caem soando lugubremente como se fossem o som surdo e cavo de um tambor que marcasse o ritmo de uma melodia fúnebre de despedida.

Só que aquilo mexeu com o policial, continua a se sentir envolvido pelas circunstâncias. Mesmo sem dever, aquilo acaba se tornando um caso com conotações pessoais. Mas há muito pouco a se descobrir, quase nada, e os porquês se dirigem pouco a pouco para o esquecimento.

Tão ou mais importante que descobrir e responsabilizar de alguma forma os culpados, para ele é imprescindível saber e entender o porquê daquelas circunstâncias, a razão e o motivo terrivelmente importante do carinho e zelo com que Chico tratava a boneca. Dizer que se tratava apenas de um aspecto particular de sua loucura era muito pouco.

Mas os dias vão passando, e naquela cidade de interior as possibilidades vão se restringindo cada vez mais, até findar de todo, para sua frustração.

E apenas por uma coincidência inexplicável da vida, um dia, passando pelo cemitério, vê um homem diante da abandonada sepultura de Chico. Com uma premonição absurda, desce da viatura e vai até ele.

É um irmão de Chico, que de alguma maneira inconcebível, acabou sabendo da morte do irmão, e ali estava, movido pela amargura, remorso e arrependimento, como se isso de alguma maneira fosse mudar alguma coisa, agora.

E vem à tona a triste história de Chico.

José Luiz.

Zé Luiz.

Morava numa cidade centenas de quilômetros distante. Um dia passeava de carro com sua família, esposa e uma filhinha de poucos meses. Uma estrada perigosa, uma manobra infeliz, e o carro se precipita no abismo. A pequenina morre. O pai, desesperado, a pequenina morta nos braços, enlouquece. Escapa do controle dos familiares, dias depois desaparece irremediavelmente no mundo. Ninguém o procura.

O policial começa a apreender e entender os fatos. Quase é capaz de ver Zé Luiz, em sua loucura, caminhar desvairadamente de um lado para outro, gritando um nome que só ele sabe que era o da pequenina. Quase é capaz de ver, um dia, Zé Luiz, agora um Chico qualquer da vida, o Chico Boboca como o chamavam, vasculhar o lixo à procura de comida, e encontrar algo muito, muito mais precioso: uma horrenda bruxa de pano que nada mais era que sua maravilhosa pequenina desaparecida, e agora finalmente reencontrada para todo o sempre.

Quase é capaz de ver Zé Luiz afagando carinhosa e amorosamente aquela boneca, que nada mais era que sua pequenina. Quase é capaz de ver e ouvir Zé Luiz embalando ternamente a bonequinha, tranquilizando-a de que dali em diante ela não estaria mais sozinha, que dali em diante papai a protegeria do mundo, custasse o que custasse.

Quase é capaz de ver pai e filha caminhando juntos pela vida, mesmo que aos olhos dos outros nada mais fossem que um maluco carregando cuidadosa, amorosa e inexplicavelmente, uma simples bonequinha de pano.

 

FIM

Dedicatória

 

Dedico este pequeno livro a todos que têm um coração de criança, e que nele trazem Deus e procuram, mesmo que não se dêem conta disso, de lembrar Seus ensinamentos a todos.

 

Dedico, também e principalmente, ao escritor José Luiz da Luz que, por seu livro Pena Dourada, me motivou a escrever este, desdobramento de um pequeno conto meu redigido em 2010.

A imensa maioria das palavras do personagem Zé Luiz reproduzem algumas poucas linhas de seu maravilhoso livro.

O personagem Zé Luiz é um personagem vivo, dele escorre sangue.

Quem gostou d’O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, com certeza irá se apaixonar por Pena Dourada, escrito com o coração de criança por nosso “Zé Peri” (como diria meu irmão Renato).

Seu livro, com certeza, engrandeceu minha vida.

Obrigado, meu irmão de letras e de sentimentos.

 

Agradeço esta vida madrasta que apesar de tudo (ou talvez por isso mesmo) me permitiu crescer como ser humano, a despeito do preço que tive que pagar por isso. Que me permitiu, mas não me ensinou como.

 

 [Se este livro tocou seu coração, e quiser recebe-lo gratuitamente (e-book), envie-me seu e-mail].

***

 



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