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Bandeira alemã rara com mais de 100 anos é encontrada em Santa Catarina

Quadro com a relíquia estava pendurado como decoração na sala de uma casa em Blumenau

Segunda, 20 de novembro de 2017

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Jules Soto / Divulgação
 

Poucos poderiam imaginar que um quadro antigo pendurado como decoração na sala de uma casa nos rincões do bairro Velha Central, em Blumenau, em Santa Catarina, guardasse algum valor histórico. Estava lá, herdada de um primo que foi morar em São Paulo e quase jogou a peça no lixo com outros pertences que não lhe serviam mais. Na realidade, trata-se de uma bandeira alemã da época da Revolta dos Boxers, guerra que ocorreu na China no ano de 1900. Uma relíquia, segundo especialistas.

Faz aproximadamente um ano que o professor Jules Soto, do Instituto Cultural Soto, de Itajaí, foi a Blumenau para comprar antiguidades de uma família. Máquinas de costura estavam à venda, mas o quadro na parede o deixou intrigado. Reconheceu na peça bandeiras de marinhas de vários países, entre eles Alemanha e Japão, e se perguntou "que aliança era essa?". Mesmo sem saber exatamente do que se tratava, comprou o quadro cujo tecido estava em base de madeira devorada pelos cupins e começou a pesquisar. 

A peça estava em péssimo estado de conservação e passou por um restauro. Só então foi possível identificar melhor o que nela estava escrito em alemão. "Em memória ao meu tempo de serviço", "1898 - 1901", "Da rocha ao mar", "Alemanha-China" e "Soldado J. Van" seguido de algo que não se pode mais ler. Em destaque, ao centro, o antigo brasão da Marinha alemã com quatro bandeiras em cada lado.

Fotos da peça foram enviadas a dois curadores de museus na Alemanha e veio deles a confirmação de que se tratava de uma rara bandeira da época da Revolta dos Boxers. Pouco material há desse conflito, segundo eles. Para nossa sorte, a partir do próximo mês a bandeira estará em exposição no Centro Cultural da Marinha em Florianópolis, para acesso público e gratuito.

 Jules explica que em 14 de agosto de 1900 as tropas da chamada Aliança das Oito Nações (Império Austro-Húngaro, França, Império Germânico, Reino da Itália, Império do Japão, Império Russo, Reino Unido e Estados Unidos da América) invadem a China, ocupam a capital e matam milhares de cidadãos que haviam se revoltado contra o domínio estrangeiro, a chamada Revolta dos Boxers.

História ignorada

O professor Jules diz que pouco conseguiu resgatar da história dessa bandeira. Tudo o que o vendedor contou foi que ela estava com um primo que se mudou para São Paulo nos anos 1980. A bandeira teria pertencido a um tio-avô alemão que serviu na Marinha do país natal. Ele morou em Blumenau até a década de 1950, quando morreu.

Curador do Instituto Soto, Jules diz que o episódio serve para mostrar que nossos antepassados para cá vieram carregados de história e que muitas vezes esse patrimônio é esquecido como se pouco fosse. Dá para imaginar quantas preciosidades temos guardadas em baús fechados em sótãos e porões. Uma pesquisa aprofundada seria bem-vinda.

Guerra dos Boxers

A Guerra dos Boxers foi um conflito ocorrido na China entre os anos de 1899 e 1900, onde um violento grupo nacionalista lutava contra a presença dos estrangeiros em seu território. Inconformados com a inapetência do poder imperial em conter a intervenção imperialista no país, um grupo de lutadores da China desenvolveu uma sociedade secreta, conhecida como “A Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros”, para lutar contra os imperialistas.

Com o apoio velado das autoridades locais, os boxers empreenderam as suas primeiras ações realizando pequenos atos de vandalismo ao cortar linhas telegráficas, destruir ferrovias e perseguir os missionários cristãos. Em suma, apesar de uma organização incipiente, os participantes dessa revolta atacavam tudo aquilo que poderia representar a dominação dos ocidentais em seu país. Paulatinamente, o triunfo das primeiras ações impeliu o planejamento de ataques com maior gravidade.


O crescimento da situação hostil obrigou as nações imperialistas a organizarem um exército que desarticularia as ações violentas organizadas pelos boxers. Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, França, Japão, Itália e Rússia cederam soldados para tomar a cidade de Pequim, o principal foco dos conflitos. A invasão estrangeira – ocorrida no final de maio de 1900 – foi logo respondida com um novo ataque dos boxers à pista de corrida dos estrangeiros e o isolamento do bairro das Embaixadas.

Enquanto os civis estrangeiros e os cristãos tentavam se refugiar da onda de ataques, os vários representantes políticos da autoridade estrangeira resistiam à espera de uma forte reprimenda contra os chineses. Entre os meses de julho e agosto, as tropas estrangeiras lutaram contra os boxers e os membros do exército imperial que apoiavam o levante. Percebendo o recuo dos chineses, as nações imperialistas fizeram uma série de exigências em troca da preservação dos territórios.

No dia 7 de setembro de 1901, a Paz ou Protocolo de Pequim oficializou os acordos que puseram fim à Guerra dos Boxers. Derrotado, o governo chinês se viu obrigado a pagar uma pesada indenização em ouro e liberar novos portos às embarcações estrangeiras. Além disso, os imperialistas impuseram a sua autoridade na capital do país e proibiram os chineses de importarem armamentos. Nas décadas seguintes, apesar do fracasso, outros levantes determinaram o fim da dominação estrangeira na China.

 

Por Rainer Sousa 
Mestre em História

Fonte ClicRBS, Mundo Educação

 



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